Rio - Mocidade, Viradouro e Império Serrano. São nessas escolas que Dudu Nobre está se dividindo nesse momento. O retorno para a Padre Miguel, no entanto, não foi ao acaso e já marca uma fase especial para o músico. Novos amigos, reencontro com o "quintal de casa" e um horizonte ainda mais amplo. Com as três composições para 2014 e ainda DVD de sambas-enredo a ser lançado, Dudu Nobre conheceu novas pessoas, criou amizades e conquistou grandes parcerias.
"O Carnaval me apresenta novas pessoas e grandes talentos. Isso é uma das coisas que mais me dá gosto de estar aqui novamente. Cada vez mais vejo que tem muita gente boa que milita apenas no Carnaval, tanto como músicos, ou como compositores. Estou curtindo muito esse momento, é um ambiente familiar, um lugar onde me sinto totalmente tranquilo. Hoje estou finalizando a mixagem do meu álbum de sambas-enredo e também lançando um CD com inéditas. É uma fase totalmente positiva, me divido entre as disputas, me sinto bem. É uma correria muito grande, mas sempre me divido, dou um jeito. Tenho até que travar a agenda às vezes. É complicado, querido (risos)", disse o cantor.
Entre os novos companheiros de trabalho, não somente os parceiros de composição na Mocidade, Viradouro e Império Serrano se destacam. Dois músicos que participaram da gravação do novo DVD, que será lançado em novembro, passaram a integrar sua banda e um grande compositor também recebeu os elogios do cantor.
Elogios a compositores das escolas
"Olha, são grandes talentos. Tem o Cláudio Russo, que é um cara com uma capacidade absurda de fazer samba-enredo. Diria que é como se fosse um Zeca Pagodinho quando faz partido alto. Conheci também o Macaco Branco e o Alyson, que acabei convidando para fazer parte da minha banda. Vi um menino também muito talentoso. Rafael Prates, toca todo tipo de corda. São alguns dos grandes nomes que temos aí pelo Carnaval. Além de ter tido a oportunidade de dirigir musicalmente o Wander Pires e o Wantuir. É uma sensação muito boa mesmo", acrescentou.
Na rotina de correria e trabalhos, Dudu Nobre também arruma espaço para ajudar os amigos. No Salgueiro, o músico está defendendo, junto a Ciganerey, a obra do amigo Fred Camacho. "O Fred é um cara fantástico, um grande irmão. Estou junto com ele no Salgueiro, cantando e apoiando o samba. Acho que ele foi muito feliz quando escreveu a obra. Adequou tudo perfeitamente ao enredo e está tendo um grande resultado com a comunidade. É só alegria", comentou.
Emoção no retorno para a Mocidade
O dia-a-dia na Mocidade provoca uma emoção ainda maior em Dudu. Cria da escola e afastado das composições há cerca de 20 anos, o Carnaval de 2014 pode ser duplamente especial para o músico. Com o retorno da irmã Lucinha Nobre para o posto de porta-bandeira da Verde e Branca e compositor de um dos sambas favoritos na disputa em Padre Miguel, o reencontro vem tomando proporções muito mais que especiais.
"Está sendo tudo muito legal, muito emocionante. Muitas pessoas me chamaram para compor para a Mocidade, mas consegui unir uma galera muito especial. Juntamos os dois últimos campeões com samba na escola, fizemos uma parceria muito forte e onde todos ajudaram a fazer o samba, ali é só caneta. Tive a intenção mais ou menos de unir diversas relações com a agremiação e estamos conseguindo ter uma resposta muito boa, deixando de lado essa história de 'samba do Dudu Nobre'. Quando passava por Padre Miguel, eu encontrava muita gente que me pedia para fazer um samba bom para a escola, e criou uma expectativa grande. Hoje, acho que conseguimos um samba que agradou muitos 'Independentes' e que pode crescer ainda mais", comentou Dudu, que também explicou o motivo do convite à Lenine para a gravação oficial da obra concorrente para 2014.
"Logo que vi o enredo sobre Pernambuco pensei que tinha que ter alguém de lá participando. Logo me veio à cabeça o meu parceiro Lenine. Assim que falei com ele, tive uma resposta positiva, ele gostou muito da ideia e esteve junto conosco na gravação. Foi incrível. Foi um momento que me emocionei muito, principalmente por tudo que passou na minha cabeça. Todo esse reencontro, essa trajetória. O momento delicado da escola e a possibilidade de estar tentando ajudar de alguma maneira", disse.
Feliz com o resultado final das horas de composição no canto da sala junto aos parceiros, Dudu ressaltou todo o estudo para adequar as ideias ao tema escolhido pela escola de Padre Miguel. O objetivo de fugir do senso comum e o foco de conseguir reerguer o sentimento de cada torcedor da Mocidade conseguiu ser alcançado e provoca a sensação de dever cumprido para o músico.
"Acho que o samba tem grande importância para o desfile de uma agremiação então ficamos muito focados em conseguir fazer um bom samba. Na verdade, é uma grande pressão. Tentamos ao máximo fugir do lugar comum, achar soluções diferentes e dentro do enredo e com isso criamos também esse slogan do 'Independente na Identidade', é algo que pega, que marca. A grande intenção é resgatar o lance de ter o orgulho de ser Mocidade e contamos também com uma grande sinopse, isso ajuda muito. Neste samba, o pensamento é como se fosse o Fernando Pinto cantando, falando conosco, refletindo sobre a escola e sobre a rica cultura de Pernambuco. Acho que a única coisa que não estava no enredo e acabamos colocando foi o 'Padim Padre Miguel', mas queríamos algo assim, para reforçar o espírito apaixonado pela escola, então ficou isso mesmo. Fico muito emocionado e muito feliz de ver essa repercussão tão grande que o samba está tomando, acho que estamos num caminho totalmente certo", concluiu.
Durante a conversa com o DIA na Folia, Dudu não hesitou em soltar a voz e mostrar sua obra para a Mocidade. O músico não segurou a emoção e se empolgou com o samba composto junto aos parceiros Jefinho Rodrigues, Marquinho Índio, Jorginho Medeiros, Gabriel Teixeira e Diego Nicolau.