Rio - A Portela foi palco de uma apresentação histórica neste sábado. Martinho da Vila foi o grande convidado da tradicional feijoada e cantou pela primeira vez na quadra da agremiação, em Madureira. Bastante à vontade, o veterano foi acompanhado pelos integrantes da Velha Guarda Show e surpreendeu ao priorizar sambas históricos da anfitriã e da Vila no repertório. Sucessos como "Ex-amor" também foram lembrados, mas em menor número.
Passava das 19h quando Martinho subiu ao palco e cantou "Quem é do mar não enjoa". Pouco depois, Monarco saudou o bamba e lembrou a relação afetiva entre Portela e Vila Isabel. "A primeira vez que meu nome foi falado no microfone de uma escola foi na Portela, ainda na Portelinha, a pedido do Valter Rosa (compositor já falecido). Essa escola é fantástica e é madrinha da Vila Isabel. Hoje estou matando a saudade", disse Martinho.
Líder da Velha Guarda, Monarco retribuiu o carinho, exaltou o pai de Mart'nália e ainda o entregou uma medalha. "É um orgulho receber ele em nossa quadra. Conheci esse menino ainda novo, quando era o Martinho da Boca do Mato e desde então somos amigos. Depois ele gravou meu primeiro samba de sucesso ("Tudo menos amor"), que até hoje só me dá alegria. Martinho é uma pessoa muito especial", elogiou.
Hits como "Mulheres" e "Renascer das Cinzas" ficaram de fora. Martinho estava mesmo é com vontade de voltar no tempo e recordar momentos gloriosos da escola de Natal. Primeiro mandou "Legados de Dom João VI", samba-enredo de 1957 composto por Candeia, Waldir 59 e Picolino e gravado em 1980 pelo próprio Martinho.
Aos 85 anos, Waldir 59, que estava radiante ouvindo sua obra, foi convidado para um dueto e emocionou o público. Em seguida, veio "Memórias de um Sargento de Milícias" (1966), único samba-enredo feito por Paulinho da Viola e que deu o campeonato à Portela.
Tia Surica, que interpretou o clássico no desfile, se juntou a Martinho no dueto. "Memórias" foi registrado em LP em 1971. Antes de encerrar, o cantor convidou o presidente Serginho Procópio e os dois fizeram coro com a multidão em "Ilu-Ayê" (1972), de Cabana e Norival Reis. A Vila foi lembrada com "Yayá do Cais Dourado (1969) e "Glórias Gaúchas (1970)". A bateria da Portela fechou a noite em grande estilo.