Por thiago.antunes
Rio - A abertura oficial do Carnaval no DIA começa esta semana com a chegada de cinco craques e suas histórias, seus causos e, é claro, notícias quentes de escolas de samba e dos blocos que já tomam conta da cidade. 
A Comissão de Frente tem Rita Fernandes, presidente da associação de blocos Sebastiana, que às quintas-feiras assinará a coluna ‘Pelas Ruas’. O mestre-sala é o professor de História Luiz Antônio Simas (domingos); as alegorias ficarão a cargo do cronista Luis Pimentel (quartas) e de João Pimentel, o Janjão, autêntico filho de Momo (às terças). Para comandar o barracão e a harmonia, nosso subeditor Raphael Azevedo com a coluna ‘Pelas Quadras’, às sextas.
Luiz Antônio Simas%2C Janjão Pimentel%2C Rita Fernandes%2C Raphael Azevedo e Luis Pimentel reforçam o time do DIA a partir desta semana na cobertura do Carnaval carioca Márcio Mercante / Agência O Dia

ODIA: O que é o Carnaval para cada um de vocês?

Rita: Carnaval para mim traduz o que é a vida. Você tem a possibilidade de experimentar coisas diferentes sem ter de ficar preso a regras e personagens que temos de executar ao longo do ano. É um estado de espírito que eu gostaria que fosse permanente. Carnaval é quando eu sou mais feliz.

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Janjão: É quando o Rio de Janeiro traduz o que ele tem de melhor. Eu tenho andado cético. Vejo o Rio tumultuado, caro, todo mundo brigando por qualquer coisa. E acho que no Carnaval sobra o que está faltando no dia a dia: o bom humor, a liberdade, o rir da cara do outro, o flerte. É quando há até respeito, de esbarrar e pedir desculpas, o que não acontece no dia a dia. É quando tudo acontece. É quando a gente é mais feliz.
Raphael: é a tradição do Rio de Janeiro, a nossa cultura, o que nós inventamos. Fico muito feliz com essa festa de blocos não só na Zona Sul, mas na Zona Oeste, com os bate-bolas. Isso havia ficado oculto com a violência e agora está voltando. O Carnaval, para mim, é o ano todo, pois frequento as quadras, os barracões. No Carnaval, em si, é muito trabalho. Prazeroso, mas muito trabalho (risos).
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Simas: Acho que o Rio tem uma peculiaridade raríssima no mundo, que é ter dois carnavais distintos. O Carnaval do desregramento, da rua, a festa de inversão, e o Carnaval completamente regrado, que é o das escolas de samba, que desde sempre foi uma coisa séria, de disciplina, de legitimação de segmentos da sociedade que eram esquecidos. Carnaval para mim é terrível. Me divido entre o desregramento, desde os tempos de criança, quando passava a mão na bunda das mulatas do Bafo da Onça, a mando do meu avô, e o desejo de ver as escolas na Sapucaí (risos).

Pimentel: O Carnaval está dividido em três vertentes para mim: o folião de rua; o Carnaval como jornalista, de mais trabalho e menos prazer, como disse o Raphael; e o como cronista, como fonte de inspiração,quando eu descobri que adorava curtir o Carnaval como literatura, nas crônicas que fiz no Jornal do Brasil, na Última Hora, na Revista Bundas e aqui mesmo no DIA, para onde estou voltando a escrever. É um grande prazer para mim.

“Carnaval é a nossa história. Nós%2C cariocas%2C inventamos isso. E está cada vez mais forte”%2C diz Raphael AzevedoMárcio Mercante / Agência O Dia

Qual a grande dica de vocês para este Carnaval ?

Rita: Depende. O turista que quer vir ao Rio para conhecer a Sapucaí e os grandes blocos já tem isso pronto. E é isso o que ele quer. Veio aqui para isso. E o melhor é o Simpatia é Quase Amor. Mas quem quiser fugir um pouco disso e brincar um grande Carnaval não pode deixar de ir a bloco Escravos da Mauá. Lá é sempre especial. E aproveitar para conhecer também o bloco Coração das Meninas, também na Zona Portuária, e o Carnaval do subúrbio. Vale a pena.

Janjão: Eu também acho o Escravos da Mauá excelente, mas sugiro ir a Paquetá, que tem uns cinco ou seis bloquinhos de 100 pessoas, todo mundo bêbado, os moradores abrindo as casas para o folião tomar banho de mangueira e usar o banheiro. É um Carnaval pré-histórico, como já foi um dia. Um programa imperdível. E o Barangal, no Leblon, um bloco pequeno e que sai no dia do Monobloco, domingo após o Carnaval, e que é absolutamente sensacional.
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Raphael: O Carnaval fora da Zona Sul merece ser visitado. O Bloco Timoneiros da Viola, em Madureira, é um ótimo exemplo. Vi ali Paulinho da Viola e Nelson Sargento em cima de um carro de som. É um programa imperdível, inclusive para estimular essa descentralização dos blocos.
Simas: Minha dica a todo carioca que gosta de Carnaval é ir à Intendente Magalhaes ver os desfiles do Grupo B, comer um churrasquinho na calçada e tomar uma cerveja com o folião da área. Ali é o Carnaval na essência. Não tem ninguém desfilando para aparecer na televisão, mas pelo prazer de brincar o Carnaval. Claro que isso é programa para carioca. Se levar um turista lá, com tudo o que vendem para ele sobre o nosso Carnaval, ele vai odiar (risos). Também acho fantástico o desfile do Cacique de Ramos na Avenida Rio Branco. E recomendo ir ao Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, em qualquer dia. Sempre tem um bloco legal.
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Pimentel: Endosso as dicas da Rita, especialmente o Coração das Meninas, o Perereca Imperial, de São Cristóvão, de que o Simas também gosta, e o Carnaval da Burrinha, dos artistas plásticos Mello Menezes e Paulo Villela, no Aterro, coladinho ao Santos Dumont.
Carnaval traduz o que o Rio tem de melhor: o bom humor, o rir da cara do outro”, afirma JanjãoMárcio Mercante / Agência O Dia

E na Sapucaí? Alguma aposta para o público ficar de olho?

Raphael: A Portela e a Mangueira, nossas grandes escolas, devem polarizar o Carnaval depois de muitos anos, com muitas novidades depois das mudanças na direção de cada uma delas.

Simas: A grande expectativa vai girar em torno do que a Portela vai apresentar. Vem com uma turma nova, que há muito tempo queria mudar os rumos da escola que não ganha sozinha um Carnaval desde 1970. Tudo está conspirando a favor da Portela há alguns anos. Faltava apenas a escola ajudar. E agora parece que a escola está ajudando.

A Imperatriz com enredo sobre Zico não pode surpreender?
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Janjão: Sei não. Esse negócio de futebol e Carnaval nunca deu certo.
Simas: E Zico não tem a menor cara de Imperatriz.
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Raphael: Mas o samba é bom. Acho que ela vem bem.
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