Por tabata.uchoa

Rio - Com textos do jornalista Aydano André Motta e imagens dos fotógrafos André Arruda e Ana Carolina Fernandes, o segundo volume da série de livros ‘Blocos de Rua do Carnaval do Rio de Janeiro’ (ed. Réptil, 260 págs., R$ 90) larga o tradicionalismo. Lançada hoje às 20h na Livraria Argumento, no Leblon, a obra além de sair da já costumeiramente supervalorizada Zona Sul carioca e mostrar exemplos em lugares como Campo Grande e Recreio dos Bandeirantes, abrange turmas mais variadas e ligadas ao universo pop. Como o Toca Raul, que homenageia o roqueiro Raul Seixas, e o Sargento Pimenta, dedicado a mesclar samba e Beatles.

Livro mostra a diversidade dos blocos de rua do RioDivulgação

“Pedimos licença aos mais tradicionalistas e trouxemos essa diversidade. Muita gente acha que isso descaracteriza o Carnaval. Mas tem lugar para todo mundo, ainda mais numa cidade do tamanho da nossa, com a quantidade de turistas que a gente traz”, acredita Aydano. “Você pode escolher o bloco de sua preferência. Acho muito legal que haja exemplos como o Toca Raul ou o Exalta Rei (que põe a obra de Roberto Carlos para sambar). Ou um bloco que só toque frevo, como o Galinha do Meio-Dia.”

Há também outros blocos curiosos nesse universo — como o Fogo e Paixão, criado para homenagear o cantor Wando e que, revela o livro, ganhou de presente um vídeo feito pelo próprio astro, no qual pede doações para o desfile e oferece calcinhas em troca. As brincadeiras nas ruas são captadas em imagens (tomando páginas inteiras só de fotos) e trazem à tona, nos três dias de festa, segmentos que permanecem pouco visíveis.

Freirinhas do bloco Exalta ReiDivulgação


“O bloco mostra o engajamento das pessoas na cidade. É o que o Rio tem de melhor. É interessante que haja um bloco como o Loucura Suburbana, de pacientes psiquiátricos, ou o Inova Que eu Gosto, formado pelos funcionários da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos)”, conta, citando mais exemplos. “Tem um grupo de pessoas na Tijuca que se reunia para assar jiló na brasa e resolveu montar um bloco, Banda Cultural do Jiló. Ao contrário do mundo das escolas de samba, que é cheio de tradições, os blocos não têm parâmetros. Você pode criar sua tradição hoje.”

Com o volume dois de ‘Blocos de Rua do Carnaval do Rio de Janeiro’, Aydano espera que, com o tempo, o debate sobre os blocos evolua a ponto de trazer outros assuntos ao foco. “Fala-se muito da questão do xixi nas ruas, mas muitos esquecem da importância da segurança dos blocos”, aponta. “Muitos reclamam dos problemas que o Carnaval causa no trânsito. Mas é uma festa que dura três dias e acaba. As pessoas têm que entender essa vocação do Rio para o Carnaval. É como a vocação de Nova York para o mundo do teatro. Ou como Paris, montada em torno das mesinhas dos cafés, que ficam na calçada. Imagina se acabam com isso?”

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