Por thiago.antunes

Rio - Já pensou se o tradicional refrão ‘Explode Coração’, do desfile de 1993 do Salgueiro, não existisse? Pois isso quase aconteceu, revela Demar Chagas, compositor do antológico samba ‘Peguei um Ita no Norte’. O clássico, ao lado de outras 11 composições, aquece a votação promovida pelo DIA para a escolha do samba-enredo mais popular de todos os tempos. A enquete fica disponível até o fim do mês no endereço http://bit.ly/1lxP7iK

Para compositor%2C o samba ‘Peguei um Ita no Norte’%2C com o refrão ‘Explode coração’%2C garantiu título ao Salgueiro no desfile de 1993%2Capesar de errosIvone Perez / Agência O Dia

Quando decidiu competir com o samba do ‘Explode’, Demar quase perdeu a briga. Naquela época, o Salgueiro enfrentava uma crise política, e um grupo influente da agremiação optava por sambas de exaltação ao morro, diferentemente da canção de Demar.

“Quinze dias antes da escolha do samba tinha gente da escola falando para eu nem colocar o ‘Explode’ na disputa. Mas fui guerreiro, e a canção, de tão empolgante, acabou ganhando”, explica o compositor, que tem no currículo mais de 50 sambas emplacados na Avenida. Para Demar, foi o ‘Explode’ que deu o título de campeã ao Salgueiro. “A escola tinha muitos erros na Avenida, mas os componentes cantavam com tanta garra que a emoção comoveu a todos”.

Neste ano, o compositor disputou o samba-enredo no Salgueiro e perdeu na final para o cantor Xandy de Pilares, do Revelação. “Acho bom essa galera nova mostrar a cara. Os sambas precisam ser renovados”, diz o compositor salgueirense.

Com o Carnaval batendo à porta, é preciso correr para participar da enquete. Na lista de 12 sambas, o ‘É Hoje’, tema do desfile da União da Ilha em 1982, segue em disparado. Já o samba ‘Aquarela Brasileira’, do Império Serrano, de 1964, permanece em segundo lugar, seguido do Salgueiro, com ‘Peguei um Ita no Norte’. Até sexta-feira, ‘Os Sertões’, da Em Cima da Hora, de 1976, estava apenas um décimo atrás do samba do Salgueiro.

Samba: ‘É Hoje’ está no topo

A minha alegria atravessou o mar / E ancorou na passarela / Fez um desembarque fascinante / No maior show da Terra / Será que eu serei / dono desta festa um rei / No meio de uma gente tão modesta / Eu vim descendo a serra / Cheio de euforia para desfilar / O mundo inteiro espera / Hoje é dia do riso chorar
Levei o meu samba / Pra mãe-de-santo rezar / Contra o mau olhado / Carrego o meu patuá

Acredito ser o mais valente / Nesta luta do rochedo com o mar (E com o mar) /É hoje o dia da alegria e a tristeza / Nem pode pensar em chegar / Diga espelho meu / Se há na avenida / Alguém mais feliz que eu

Especialista aposta tudo no ‘É hoje’

Para o escritor e especialista em Carnaval, Fábio Fabato, ‘Os sertões’ é o melhor samba-enredo de todos os tempos. Mas, em se tratando de popularidade, não tem jeito: vai dar ‘É hoje’ na cabeça. “Quem não fica feliz e abre os braços ouvindo o ‘É hoje’?”, indaga. Ele cita o samba de 1976 do Em cima da hora como o melhor, por conta da melodia e poesia da letra.

“Ao mesmo tempo que conta uma história triste, sobre as mazelas do Sertão, consegue alegrar pela melodia gostosa de Carnaval.” O especialista também cita ‘Aquarela brasileira’, do Império Serrano, como forte concorrente. “É um samba mágico. Acho que é o mais tocado na história”, opina Fabato. Ele não deixa de fora ‘Kizomba’, da Vila Isabel, e ‘Cem anos de liberdade, realidade e ilusão’, da Mangueira, ambos do Carnaval de 1988.

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