Rio - Considero a possibilidade de eu ter sido a última a saber, na madrugada de segunda-feira, que as latinhas de Coca-Cola Zero que o prefeito Eduardo Paes e o vice-governador Luiz Fernando Pezão carregaram durante boa parte dos desfiles de domingo e segunda-feira têm tudo, menos refrigerante. Na verdade, as latinhas são os ‘copos’ que os dois usaram para tomar cerveja.
Justiça seja feita. Nenhum dos dois tinha sinais de que exagerou na bebida e, que eu saiba, nenhum deles dirigiu depois. Portanto, quase comportados, os dois eram só mais uma dupla de foliões no Sambódromo. Certa hora, Pezão amassou a latinha vazia que tinha nas mãos e teve que se livrar dela no susto porque, acho, precisava cumprimentar alguém. Não pensou duas vezes e a deu para a primeira pessoa que viu por perto. Esta jornalista, no caso. A lata acabou no fundo da minha mochila e só saiu de lá quando parei para comer um sanduíche num intervalo qualquer entre as escolas. Foi quando me bateu um cheiro bastante familiar, e juntei lé com cré: esses dois estão me enrolando há horas! Francamente.
Na madrugada de ontem, de novo, o recuo da bateria no setor 11 virou cenário para Paes e Pezão lembrarem aos petistas que tem parte do partido ainda vinculada ao PMDB. O vice-prefeito Adilson Pires (PT), por exemplo, desceu várias vezes e foi fotografado ao lado do prefeito e do vice-governador. A presença de Adilson ali é claro que é natural, ele é o segundo na hierarquia do comando da cidade. Mas achei que a quantidade de vezes em que Paes, Pezão e ele posaram para fotos passou um pouco da conta. Na madrugada anterior, o presidente nacional do PT, a convite de Adilson, esteve na Avenida pela primeira vez na vida, e foi, claro, fotografado por um batalhão de fotógrafos ao lado dos companheiros peemedebistas.
Dudu Nobre candidato
Foi no recuo da bateria que eu soube que o cantor Dudu Nobre, um dos autores do samba da Mocidade, será candidato a deputado estadual pelo PMDB em outubro. Foi lá também que achei o delegado Fernando Moraes – ex-titular da Divisão Antissequestro (DAS) – meio presente demais nas fotos. Descobri que ele pode ser outro candidato a deputado pelo PMDB.
O governador Sérgio Cabral apareceu no camarote quando a União da Ilha passava. Em menos de meia hora, Cabral estava na pista, com o filho Marco Antônio, e revezou seu tempo entre sambar, posar para fotos e tricotar com políticos e possíveis apoiadores de Pezão. Mantinha no olhar o ar de quem se despede, com saudade, da Avenida como governador.
Insistência da Mulher Melão tira primeira-dama do sério
E enquanto os ‘meninos’ falavam de política, a primeira-dama da cidade, Cristine Paes, passou boa parte do seu tempo na pista ao lado da futura primeira-dama do estado, Maria Lúcia Horta, mulher de Luiz Fernando Pezão. Pré-candidato ao governo, Pezão assumirá quando Sérgio Cabral sair, em abril.
Cristine só não contava com a, digamos, ensaiada espontaneidade de Renata Frisson, a Mulher Melão, no desfile da Portela, escola de coração do prefeito. Não que a mulher de Paes tenha implicado com as outras belas das escolas que pararam para tirar foto com o marido, que, afinal de contas, é o anfitrião. A questão é que, de fato, a Mulher Melão exagerou na dose e não parava de rebolar na frente de Paes, doida para ser fotografada.
Cristine aguentou o quanto pôde, no salto, com charme. Mas, diante da insistência da moça-fruta em questão e dos jornalistas para fazer mil fotos, ela recolheu o sorriso, deixou claro que não estava feliz e voltou para o camarote antes do fim da Portela. O prefeito, entregue ao feitiço da águia, se enfiou no meio da escola e sambou horrores. E foi até a dispersão com disposição de matar de inveja quem não aguentava ficar em pé.