Por thiago.antunes

Rio - Transformar a Mocidade Independente de Padre Miguel em uma empresa, com administração certa e segurança, é o projeto de Rogério de Andrade, de 50 anos, para o Carnaval de 2015. O plano ambicioso do bicheiro começou a ser demonstrado este ano. Foi por ordem dele que o ex-presidente Paulo Vianna, também afastado pela Justiça por impedir que associados entrassem na escola, renunciou ao cargo.

Com a ajuda do cacife de Rogério, a agremiação montou o desfile em apenas 21 dias. A injeção de recursos contagiou os componentes no desfile de domingo, mas a Verde e Branco ficou em nono lugar. “A garra e a empolgação foram o retorno da comunidade à sua origem. Quero a marca de uma escola campeã”, afirmou. Inovação e criatividade são outras palavras de ordem usadas pelo presidente de honra. “É assim que deve ser”.

Cercado de mulheres bonitas e seguranças%2C o contraventor (de camisa verde%2C ao centro) desembolsou R%24 500 mil para bancar os camarotesCarlo Wrede / Agência O Dia

Sobrinho do lendário presidente de honra da escola Castor de Andrade, falecido em 1997, Rogério quer voltar às raízes. Desde que retornou à agremiação, colocou o desenho de um castor, como destaque, inserido no escudo. “A Mocidade sempre foi marcada pela união da família Andrade. E por que não continuar assim? Época de de grandes vitória”, avaliou Rogério.

Para garantir a decolagem da Verde e Branco, ele já pensa em grandes nomes do Carnaval. Especula-se até no carnavalesco Paulo Barros, campeão pela Unidos da Tijuca, e o puxador Wander Pires. Mas Rogério não dá pistas sobre o caminho que vai trilhar. “Por enquanto, nada está acertado. Até porque o Bruno Ribas (puxador deste ano) foi um homem íntegro e deu o coração pela escola. Vamos esperar”, afirmou.

Durante o desfile das escolas dos grupos de Acesso e Especial, Rogério largou a discrição de lado. Na apresentação da agremiação, vestido de terno branco, em um dos seus camarotes, bebeu, fumou, sambou, cantou e até chorou, acompanhado de seu filho Gustavo, de 23 anos. “Minha presença representa um apoio moral junto à comunidade e um Carnaval cheio de novidades”, previu.

Abre-alas da Mocidade fez sucesso na SapucaíCarlos Moraes/ Agência O Dia

Um dos autores do samba-enredo da Mocidade, o cantor e compositor Dudu Nobre enalteceu a volta do contraventor. “O apoio que Rogério deu me deixa sem palavras. Nosso patrono veio para somar. A Mocidade está deixando de ser o patinho feio da história. Quem nos viu, sabe que temos quesitos, que pegamos na emoção. Isso foi um fator fortíssimo e que trouxe a comunidade. Mas o que contam são as notas”, resumiu o sambista.

Sem poupar nos camarotes

A volta de Rogério ao comando da escola casa com a sua liberdade. Nos últimos 15 anos, ele esteve foragido ou preso, acusado de envolvimento em homicídios e na máfia dos caça-níqueis. Nos quatro dias de desfile (dois da Série A e os dois do Grupo Especial), como O DIA publicou com exclusividade, o contraventor não economizou. Gastou pelo menos R$ 500 mil para bancar os quatro camarotes (R$ 65 mil, cada um, o equivalente a R$ 260 mil), além de bufê e ornamentação, avaliados em R$ 240 mil.

Seu camarote foi regado a champanhe francesa Moët & Chandon (a garrafa custa em média R$ 220); vodca (bebida consumida por ele) e muitos quitutes e frutas. Havia mulheres bonitas e seguranças, que não usavam credenciais para não chamar a atenção. Ele recebeu a visita de parlamentares, como o deputado estadual Coronel Jairo (PMDB), cujo reduto é a Zona Oeste, área dominada por Rogério.

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