Por daniela.lima

Rio - Nem só por festa foi marcado o Desfile das Campeãs no sábado. Protestos e reclamações contra jurados também tomaram o Sambódromo na noite em que as escolas consagradas fizeram seu último desfile de Carnaval. Para acalmar os ânimos, o presidente da Liga das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, admitiu a possibilidade de mudança no corpo de jurados que avaliam as performances das agremiações.

A reivindicação parte principalmente da Beija-Flor e da Grande Rio, que se sentiram lesadas pelos resultados da apuração. Segundo Castanheira, o assunto será debatido em uma reunião, que deve ser marcada para depois da divulgação das justificativas das notas. “Vamos conversar e ver o que podemos fazer. Até elas saírem, fica tudo como está”, garantiu. Segundo Castanheira, as escolas ainda não se manifestaram oficialmente.

Presidente de honra da Grande Rio, Jayder Soares prometeu fazer coro à pressão contra a Liesa exercida pelo diretor da Beija-Flor, Luiz Fernando do Carmo, o Laíla, para que haja mudança no corpo de jurados. “Foi injusto (o resultado dos desfiles). Concordo com o Laíla e assino embaixo: tem que mudar todo mundo”, exigiu o presidente de honra da escola, que ficou em sexto lugar e foi a primeira a entrar na Avenida sábado.

O presidente da escola, Milton Perácio, concordou, afirmando que tratará da questão em reunião na Liesa. Mestre Ciça, da bateria da agremiação, acusou dois jurados de nunca julgarem corretamente seu trabalho. “Se dermos 110% (na Marquês de Sapucaí), pode ter certeza de que não ganharemos 10 de pelo menos dois deles”, afirmou.

Ausente do Desfiles das Campeãs pela primeira vez em 22 anos, a Beija-Flor protestou. Em seu camarote, a escola estendeu duas faixas. Uma delas dizia: “Não desfilamos hoje! Viemos entender o porquê, mas estamos, sim, entre as campeãs de 2014”. A outra trazia a frase: “Uma vez injustiçada, olhai por nós.”

Neguinho da Beija-Flor optou pela diplomacia. “É o tal negócio, os jurados assim entenderam. Eles fazem curso. Não têm o que falar”, esquivou-se. Já Luizinho Drummond, presidente da Imperatriz — quinto lugar do Carnaval e segunda a desfilar sábado — disse que “faz parte do jogo” e estranhou que queiram mudar os jurados só agora. “Não é estranho?”, perguntou.

Campeão, Fernando Horta, da Unidos da Tijuca — última escola a atravessar a Sapucaí, já na manhã de ontem —, afirmou que a mudança não tem que ocorrer por conveniência de alguns. “Tenho motivos para reclamar, apesar de a escolar ser campeã, e reclamo! Mas daí a querer mudar todos os jurados porque alguém não recebeu a nota que gostaria...”, provocou.

QUEM FICA E QUEM SAI 

Paulo Barros é dúvida na Tijuca e Wander Pires está fora da Imperatriz

Campeão, o carnavalesco Paulo Barros não está garantido na Unidos da Tijuca em 2015. Ele responde apenas que “a princípio” fica, mas que não conversou a respeito com o presidente Fernando Horta. “Nem tem previsão ainda de quando vamos conversar. Vou tirar férias primeiro”, desconversou Barros, que afirmou ter recebido propostas de outras agremiações.

O assunto veio à tona após especulações de que Barros teria recebido convite para mudar para a Mocidade. Para Horta, porém, a decisão está nas mãos do carnavalesco. “Por nós, ele fica na Unidos da Tijuca. Nós não só damos liberdade, como condições financeiras para ele. Não adianta ser criativo e a escola não garantir que seu trabalho fique bom. Só depende dele”, afirmou o presidente.

Também não é certo que Alex de Souza fique na União da Ilha, apesar de ele ter garantido que a escola alcançasse seu melhor resultado em 20 anos. “Ainda vamos conversar. Tem eleição, vamos ver como fica”, disse o carnavalesco. O presidente Ney Filardis garantiu, entretanto, que, por ele, Alex fica. “Mas preciso saber se serei reeleito primeiro”, ponderou.

Na Grande Rio, Fábio Ricardo permanece na escola. “Não tem por que não ficar”, afirma o presidente Milton Perácio. “Ele fez um Carnaval maravilhoso. Toda a comunidade aprovou”, disse. Imperatriz, Portela e Salgueiro também mantiveram seus carnavalescos Cahê Rodrigues, Alexandre Louzada e o casal Renato Lage e Márcia Lage, respectivamente.

Já Wander Pires está fora da Imperatriz Leopoldinense, afirmou o presidente Luizinho Drummond. Segundo ele, a briga entre o intérprete e o compositor Elymar Santos, além do fato de Pires ter cantado rouco na segunda-feira de Carnaval, fizeram-no tomar esta decisão. A ele são atribuídos os décimos perdidos na categoria samba-enredo, que só levou um 10.

Ao saber da decisão, Elymar Santos disse que, por onde passa, o intérprete “arruma problema”, e que Luizinho Drummond tinha dado a ele “uma chance, que ele desperdiçou.” Pires não falou com a reportagem. 

Monobloco leva 450 mil à Rio Branco

Milhares de foliões seguiram os 13 blocos que desfilaram até a noite de ontem no Rio. Principal atração, o Monobloco abriu os trabalhos, às 9h, arrastando 450 mil pessoas (segundo a RioTur) pela Avenida Rio Branco, num desfile que durou três horas e meia e teve participação de Gaby Amarantos. “Já estamos no 14º desfile e o sexto na Rio Branco, um espaço tradicional do Carnaval carioca”, disse o cantor Pedro Luís.

Segundo guardas municipais, um homem que seria policial atirou para o alto depois de tentarem assaltá-lo. Não houve feridos. Em seguida, cerca de 50 pessoas invadiram o espaço reservado aos ritmistas e o show foi interrompido por alguns instantes.

O Monobloco distribuiu sacos de lixo e contratou 20 pessoas para recolher objetos deixados no chão. Mesmo com a ação, o cenário era de muita sujeira ao fim do desfile. As ruas do entorno e a própria Avenida Rio Branco ficaram cobertas por lixo.

A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) divulgou que, desde 15 de fevereiro, início do pré-Carnaval, até ontem, 720 pessoas foram levadas à delegacia por urinar nas ruas.

Reportagem: Luisa Bustamante, Nonato Viegas e Paloma Savedra

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