Por thiago.antunes

Rio - O Carnaval 2015 ainda nem começou, mas já acabou para 24 julgadores do Grupo Especial, que no ano que vem não farão mais parte do corpo jurados da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Nos últimos dias eles têm ficado como Arlequim, chorando pelo amor da Colombina, após fatídicas ligações do presidente da Liesa, Jorge Castanheira. A dispensa está sendo feita por telefone pelo própria presidente, sem qualquer tipo de justificativa plausível. É uma espécie de “obrigado, até logo e passar bem” e mais nada.

O músico Sergio Naidin, julgador do quesito bateria, foi um deles. Há cinco anos no grupo de julgadores da Liesa, ele não quis chutar o balde, mas admitiu quer ficado surpreso e chateado com a exclusão. “Claro que eu queria continuar. Acho que querem uma renovação, não sei. Não foi me dado motivo nenhum. Eu apenas recebi uma ligação do Jorginho (Castanheira) dizendo que saí por decisão das escolas, pois mais da metade havia me vetado. Mas não explicou o motivo. Eu queria saber até para poder aprimorar e, quem sabe, voltar numa próxima oportunidade”, disse Naidin.

Notas altas em Alegorias e Adereços para a Vila Isabel%2C que teve uma ala com problemas neste quesito%2C foram questionadas este anoAndré Luiz Mello / Agência O Dia

No início do mês, Jorge Castanheira anunciou a saída de 20 julgadores, mas ao todo serão 24, contando os quatro do quesito Conjunto, que foi extinto pela Liesa. Destes, 13 serão dispensados por decisão das escolas e os outros 11 pela vontade do próprio Castanheira. Caso de Ricardo Rizzo, também do quesito conjunto, e que nas justificativas deste ano reclamou que não vinham sendo servidos cachorro-quentes da marca Geneal nos camarotes.

Nos quesitos Alegorias e Adereços e Fantasia, as mudanças devem ser grandes. Um dos nomes certos é o de Bruno Chateaubriand, que deu nota 9.8 para a Vila Isabel, superior às da Mangueira (9.7) e do Império da Tijuca (9.6), sendo que a Vila entrou na avenida com alas inteiras sem fantasia e também sem adereços.

O mesmo deve acontecer com Helenise Guimarães, que deu uma incrível nota 10 para a Vila em alegorias e adereços. Como a nota máxima desobriga qualquer tipo de justificativa, ninguém entendeu o critério adotado pela julgadora, professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Quem também deve dar adeus ao corpo de jurados é Salete Lisboa, que seria colaboradora da São Clemente, a quem deu nota máxima no conjunto Evolução. A Liesa pretende divulgar a lista dos novos julgadores do Carnaval ainda este ano.

Grandes escolas ficam bem na fita

O assunto ‘novos julgadores do Carnaval’ é tratado sob sigilo absoluto não apenas na Liesa como também entre os presidentes das escolas de samba. Nos bastidores, o que se comenta é que as principais agremiações seriam beneficiadas, casos de Mangueira, Portela, Salgueiro e Beija-Flor.

Por esta lógica, perderia poder a Unidos da Tijuca, atual campeã do Carnaval, mas que não teria a força política das grandes bandeiras. O presidente da escola, Fernando Horta, diz estar mais preocupado em fazer o próximo Carnaval, agora sem Paulo Barros, que foi para a Mocidade, do que reclamar de julgadores.

“Não acho que o problema do julgamento esteja na parte de cima da tabela, onde não houve muitos questionamentos, mas na parte de baixo, entre quem está sendo rebaixado e quem não está sendo”, disse Horta. O presidente referiu-se diretamente à queda do Império da Tijuca, quando foi consenso que a Vila Isabel deveria ter sido a escola rebaixada.

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