Por daniela.lima
Carlinhos Brown virá à frente da bateria da PortelaDivulgação

Rio - Eles não têm curvas estonteantes nem seios siliconados, mas prometem atrair os holofotes na Avenida no próximo Carnaval. Embora não seja um feito inédito, a presença dos reis de bateria tem causado burburinho no mundo do samba. Depois de David Brazil ser anunciado como destaque à frente dos ritmistas da Grande Rio, junto com Susana Vieira, é a vez de Carlinhos Brown dividir o posto com Patrícia Nery na Portela, conforme publicado ontem na coluna de Leo Dias. O coreógrafo Zé Reinaldo, pioneiro no posto (ele imperou sozinho como rei de bateria da Grande Rio em 1993 e 1994), lembra que, na época, a decisão dos dirigentes da escola causou indignação entre as passistas.

“Foi uma coisa inimaginável, muito forte, as passistas me xingavam: ‘Tira esse veado da frente da bateria. Esse lugar é da gente.’ Mas o público me recebeu bem, eu fui um escândalo, saí na capa da revista ‘Manchete’. O Carlinhos Brown tem tudo para arrasar, mas ele vai ser um rei diferente de mim. Eu acho que o Brown vai ficar coberto e eu usei muito pouca roupa. Fico feliz de ter aberto essa porta”, diz Zé Reinaldo.
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Pegando carona na nova tendência do Carnaval carioca, David Brazil gosta da ideia, mas ressalta que essa iniciativa não deve se tornar corriqueira. “É muito bom para o Carnaval, porque cria mais expectativa e novidades. Só espero que essa moda não pegue, porque esse posto é das mulheres e tem que ser delas mesmo, que são lindas, maravilhosas e gostosas. Eu já tinha recebido convite, mas só aceitei este ano porque a minha presença ali tem a ver com o enredo. Eu e Susana somos o rei e a dama do baralho”, conta. Apesar disso, David acredita que Brown vai se sair bem na função.
“Acho que isso vem para somar, o Carlinhos é um talento. Como novidade, tenho certeza que o Carlinhos vai arrasar e fazer uma performance maravilhosa. Se as escolas resolverem adotar isso, vai ser babado. Já rola briga entre as peruas que fazem de tudo para ser rainhas, se agora vier essa coisa de rei também não vai prestar. Eles que não se metam comigo! Porque eu sou quase a primeira-dama da escola”, diverte-se.
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Nem toda rainha tem medo de perder a majestade. Bruna Bruno, rainha de bateria da União da Ilha há 11 anos, já dividiu o posto em 2005 e 2006 com o gari Renato Sorriso e aprovou a experiência. “Toda rainha tem um rei ao lado, por que não no Carnaval? A presença de um rei não diminui em nada o brilho da rainha. Se virar moda, não tem problema nenhum. O Carlinhos já era rei do Carnaval da Bahia e agora é da Portela. E o David eu amo, sou fã”, elogia.
Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, também é a favor da parceria. “Acho divertido. A interação fica mais legal. Mas tudo vai depender da proposta da escola. Eu dividiria o cargo numa boa, porque o homem e a mulher remetem à coisa do casal, são dois tipos de alegria diferentes reverenciando o povo”, analisa. Para Evelyn, a presença masculina não dá margem para a concorrência. “Entre mulheres existe a guerra de vaidade, e isso pode atrapalhar a evolução da escola.”
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Veterana da folia, Monique Evans está curiosa para ver o resultado desse casamento. “Acho que eles podem se entender bem, desde que um não queira aparecer mais do que o outro, porque senão vai dar confusão. O resultado pode ficar muito bonito, mas tem que ser um espetáculo, e não duas apresentações individuais. Uma vez, vim com 15 homens ao meu lado na São Clemente. Eles me carregavam e sambavam junto comigo. Foi lindo.”
Procurada pelo DIA, a assessoria de Carlinhos Brown informou que o cantor não pôde dar entrevista porque estava em estúdio gravando o seu novo CD.
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