Por daniela.lima

Rio - Foi na década de 30 que Paulo da Portela fez o samba e as fantasias evoluírem juntos e de acordo com o enredo, contando na Avenida uma história e inaugurando a própria história do Carnaval no Rio. Uma trama dinâmica e mutante que rende infinitos panos para mangas, alegorias e personagens fascinantes. 

Luiz Antonio Simas lança seu livro com roda de sambaMárcio Mercante / Agência O Dia


Na hora certa, enquanto os barracões trabalham e as baterias explodem nos ensaios técnicos do Sambódromo, já desfila nas prateleiras ‘Pra Tudo Começar na Quinta-Feira — O Enredo dos Enredos’ (Ed. Mórula, 180 págs., R$ 35). Escrito pelo historiador Luiz Antonio Simas, colunista do DIA, e o jornalista Fábio Fabato, o livro é obrigatório para amantes do Carnaval, repleto de boas histórias para se compreender como se forjou, ao longo do último século, a festa magnífica que ocorre — para o povo — durante quatro dias na Marquês de Sapucaí.

“O enredo, de certa forma, influencia tudo. É de onde vem o samba, o espetáculo visual. A chancela do que é o Carnaval, e o que são seus grandes criadores, para o bem e para o mal”, diz Simas.

Ao lado de Fabato, ele conseguiu imprimir na obra linguagem coloquial e aberta a gírias e ao humor. Nas páginas, os autores analisam o constante diálogo entre os enredos e as diversas conjunturas políticas e culturais, com informações precisas e casos dos bastidores da festa.

Em seguida, fecham a lente nos carnavalescos que, vindos de fora das comunidades, foram os responsáveis pela apoteose das escolas. “O pai de todos é o Fernando Pamplona. É o cara que cristaliza a ponte entre ambientes, o intelectual das Belas Artes, do Theatro Municipal. Foi o primeiro a perceber o enorme potencial das escolas de samba”, afirma o autor. Joãosinho Trinta, Arlindo Rodrigues, Rosa Magalhães, Maria Augusta e Fernando Pinto são outros que têm suas trajetórias analisadas.

Os novos tempos da festa globalizada, com ritmo apressado, escolas ‘padronizadas’ e letras de samba anunciando produtos geram boas reflexões. “Ao longo do tempo, as escolas mostraram que são organismos vivos. Acho que o mundo do samba precisa refletir. Mudar pode ser olhar para trás e ver que talvez lá existam elementos para projetar o futuro”, opina Simas.

O livro será lançado no sábado, dia 7, às 14h, com roda de samba na Casa do Porto, no Largo do São Francisco da Prainha, na Gamboa.

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