Por karilayn.areias

Rio - Rio - Sem vencer desde 2002, a Mangueira quer voltar a sorrir neste Carnaval. E, para encerrar o jejum de títulos, a escola de Cartola, Carlos Cachaça, Delegado, Neuma, Zica e tantos baluartes aposta na força do enredo que exalta as mulheres do Brasil. “A Mangueira é uma escola pautada pela emoção. Temos um grande enredo e um excelente samba, que, certamente, vão fazer a diferença”, analisa Jr Schall, diretor de Carnaval da Estação Primeira.

Com barracão praticamente pronto e desfile orçado em R$ 9 milhões, a escola adotou como prioridade corrigir os erros do ano passado, quando ficou em oitavo. Segundo Jr Schall, o público pode esperar uma Mangueira organizada e em condições de disputar o título. “Todo o projeto pensado pelo carnavalesco Cid Carvalho foi executado. As fantasias foram reproduzidas exatamente como nos protótipos, assim como os carros. Temos requinte muito grande na decoração das alegorias. Vamos surpreender!”, diz.

No segundo ano no comando da agremiação, o deputado estadual Francisco de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira, também crê num bom desempenho na Sapucaí. “As dificuldades existem, mas estamos fazendo um grande esforço para fazer um Carnaval de alto nível. Em 2013, nossa ideia foi mostrar que a Mangueira ainda estava viva. O objetivo agora é entrar na Avenida para disputar título”, diz.

Para Chiquinho, outro aspecto que deverá ajudar a escola a voltar paras as cabeças é o choque de gestão, que já conseguiu reduzir a dívida de 12 para cerca de R$ 9 milhões. “Essa dívida vem dos últimos sete anos. Já renegociamos as pendências com o INSS. Além disso, destinamos 30% das receitas para pagar dívidas. Hoje, a Mangueira tem todas as suas certidões em dia”, garante o presidente.

‘Sinto-me em casa aqui’, diz carnavalesco

Cid%3A terceira vez na MangueiraFernando Souza / Agência O Dia

De volta à Mangueira — onde estivera em 2012 e 2013 —, após passar pela Vila Isabel no último desfile, o carnavalesco Cid Carvalho (foto) é o autor do enredo ‘Agora chegou a vez vou cantar: mulher de Mangueira, mulher brasileira em primeiro lugar’. A uma semana do desfile, Cid considera o tema e a garra do componente os diferenciais da Verde e Rosa. “A Mangueira é sempre um problema para as outras. Aí sempre surgem torcedores de outras escolas querendo desestabilizar a Mangueira. Teve até gente falando que estávamos atrasados e que os carros não iriam ficar prontos. Todos esses vão se ferrar”, provoca o carnavalesco.

Respeitado na escola e figura marcante nos ensaios, Cid não cansa de exaltar o carinho dos segmentos. “Eu me sinto em casa na Mangueira. Sei que sou querido. É um casamento bacana”.

‘Decadência passou’, diz presidente

Além da falta de vitórias, a Mangueira viu seu nome nas manchetes policiais. A pior foi em 6 de dezembro de 2007, quando o presidente Percival Pires teve que renunciar, dois meses após homenagear Fernandinho Beira-Mar em festa organizada pela mulher do traficante, Jacqueline Moraes, enviando ritmistas para o evento.

Com a renúncia, Eli Gonçalves, a Chininha, assumiu. O primeiro desafio veio em janeiro de 2008, quando a polícia achou suposto túnel de fuga do tráfico ligando a quadra ao morro. O clima abateu a escola, que ficou em 10º naquele ano. Um dos autores do samba era Francisco Monteiro, o Tuchinha, ex-chefe do tráfico local.

Em 2009, Ivo Meirelles assumiu, ficando até 2013. A melhor colocação foi um o terceiro lugar de 2011. “Tivemos uma grande fase entre 1998 e 2006. Depois, um período de decadência causado por problemas de gestão, mas já passou”, analisa Chiquinho. “Paramos no tempo, enquanto as outras se fortaleceram. Mas agora é outra história”, avalia o vice, Aramis dos Santos.

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