Por nicolas.satriano

Rio - Na expectativa do Carnaval, o cenário começou a mudar nas ruas do centro do Rio. Porém, quem esperou por enfeites coloridos e serpentinas se enganou. Nesta segunda-feira, em pouco tempo, já era possível notar a multiplicação de tapumes e grades nas fachadas dos prédios e estabelecimentos da área, principalmente nas avenidas Antônio Carlos e Presidente Vargas.

“É por conta dos mijões”, riu o pedreiro Carlos Augusto, 47. Ele estava na equipe que montou uma barreira em frente ao Tribunal regional do Trabalho, na Av. Antônio Carlos. Tapumes também foram colocados nas fachadas do Tribunal de Justiça do estado e no Jockey Clube Brasileiro.

A jornaleira Ottávia Chiappetta, 39, dona da Banca do Fórum, está apreensiva. Ela contou que sempre se preocupa. Mas com os blocos passando na Antônio Carlos, onde fica a banca de jornal, a angústia aumentou. “Estou perdendo o sono”, riu. Há dois anos, foliões subiram no teto do local e afundaram a estrutura. Por isso, ela teve que um segundo forro. Neste ano, Chiappeta vai contar com a colaboração da PM para proteger o local. “Até quis colocar tapumes, mas estava tudo muito caro”, declarou.

Monumento de Noel Rosa%2C entre o Boulevard 28 de Setembro e a São Francisco Xavier%2C em Vila Isabel%2C já está protegido por cercas de ferroEstefan Radovicz / Agência O Dia

Na Presidente Vargas, a apreensão é parecida. O Hotel Windsor, perto da Candelária, coloca tapumes e reforça a segurança durante os blocos. “Quando já dispersou, por volta das 20h, nós tiramos a proteção”, declarou Roberto Alves, gerente do hotel.

“Sábado vamos abrir, e também terá bloco. Espero que dê tudo certo”, disse Marcos Antônio, 52, gerente de uma lanchonete na avenida. Ele contou sobre as pessoas que urinam nas portas do estabelecimento, mesmo com banheiros montados a menos de cem metros da entrada do local. “É muita gente na fila e eles não esperam, fazem xixi aqui mesmo na porta”, lamentou. “O negócio é pegar a mangueira e lavar.”

Na Vila, Noel Rosa no cercadinho

Monumentos também foram protegidos de depredações. A estátua de Noel Rosa, na esquina do Boulevard 28 de Setembro e com São Francisco Xavier, foi cercada de grades. As cercas de ferro também puderam ser vistas em outros locais da cidades, como nos chafarizes da Praça São Salvador e da Candelária.

Os comerciantes da Presidente Vargas reclamaram da sujeira do pré-Carnaval no fim de semana. “Fechei a banca quando o bloco passou, fiquei aqui por perto observando, mas não aguentei e fui embora”, contou o jornaleiro Eduardo Rodrigues, 43. Ele é dono da banca de jornal na altura 446 da avenida. “Cheguei aqui de manhã e era lixo para todo lado. Tive que varrer tudo, mas não teve como tirar o mau cheiro”, disse.

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