Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Se Noel Rosa perguntasse “com que roupa” se deve ir para os blocos de rua no Carnaval deste ano, as respostas poderiam ser entendidas pelo compositor de Vila Isabel como um convite para galerias de arte. Em 2016, os milhares de cariocas e turistas poderão cair na folia vestindo obras de artistas plásticos conhecidos mundialmente, disputando espaço com melindrosas, malandros e outras fantasias que a criatividade carioca irá inventar para colorir as ruas.
O Simpatia É Quase Amor, por exemplo, convocou a artista plástica Beatriz Milhazes para criar a camisa para este Carnaval. A peça traz a marca da pintora, conhecida mundo afora pelo uso de formas geométricas coloridas. “A venda de camisas dava dinheiro ao bloco, hoje não dá mais tanto, mas a gente mantém a chama acesa assim”, conta Dodô Brandão, diretor do Simpatia.
Arte mostra as camisas dos blocos para o carnaval. Clique sobre a imagem para a completa visualizaçãoArte O Dia

Bebel Franco, também artista plástica, assina a camisa do Suvaco do Cristo. João Avelleira, dirigente do bloco, afirma que a ideia da peça é permitir a identificação à distância de quem estiver atrás do trio. “Não adianta fazer uma camisa branca com estampa na frente. Tem que ser bacana, colorida, uma recordação do desfile”, opinou ele, lembrando que grafiteiros e até o dramaturgo Gerald Thomas já assinaram camisas do Suvaco.

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Bloco dos jornalistas, o Imprensa Que Eu Gamo traz ilustração da cantora Tulipa Ruiz em sua camisa deste ano. Designer e ex-jornalista, ela usou recortes aleatórios de jornais para a criação. “Sou madrinha de um bloco em São Paulo, já cantei em outro, agora desenhei uma camisa. Falta só tocar na bateria”, brincou a artista, que estará no desfile dia 23 em Laranjeiras. A camiseta será lançada dia 15, em festa para escolha do samba do bloco no Casarão Ameno Resedá, no Catete.
Estava tudo certo para o Barbas homenagear Noca da Portela este ano, em Botafogo. Mas o estado grave de saúde de Nelsinho Rodrigues, vítima de um acidente vascular cerebral em dezembro, fez do fundador o homenageado. É o cartunista Ziraldo quem assina a peça. “O enredo será 'Somos Todos Nelsinho'. Os blocos sempre usam a camisa para manter sua identidade, e nós homenagearemos nosso amigo também na camisa”, afirma Nei Barbosa, fundador do bloco, ao lado do filho do escritor Nelson Rodrigues. 
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Camisa do Timoneiros ‘corrige’ nome de Zé Ketti

O Timoneiros da Viola, bloco criado em homenagem a Paulinho da Viola em 2012, homenageará neste ano o compositor Zé Ketti. E a camisa, criada pelo designer Ricardo Galhardo, irá corrigir um erro histórico, afirma o presidente do bloco Vagner Fernandes. “Quando postei a foto da arte no meu Facebook, a filha dele, Geisa Ketti, me informou que seu pai não assinava seu nome como colocamos na camisa e está em todos os LP’s, em toda a história do samba”, contou ele, informando que o bamba assinava Zé Ketti, sem acento e com duas letras T, e não Zé Kéti, como muita gente acha. “A camisa e as artes do bloco começam a reparar um equívoco de décadas.”

A ideia de homenagear Zé Ketti partiu de Paulinho da Viola, e segue a trilha do Timoneiros de reverenciar baluartes do samba. Candeia e Cartola já foram estampados nas camisas nos últimos anos. “Zé e Paulinho foram próximos, e ambos têm um histórico parecido na Portela”, afirma Vagner Fernandes.


FINAL DE MARCHINHAS SERÁ NA RUA

O próximo domingo é o prazo final para as inscrições de quem quiser concorrer entre as melhores marchinhas do Carnaval carioca, na 11ª edição do Concurso de Marchinhas Carnavalescas da Fundição Progresso. O concurso reúne composições bem humoradas sobre acontecimentos políticos, modismos sociais ou qualquer assunto que dê samba. Ou melhor, marcha. Mais de 640 composições já foram inscritas.

O evento vai homenagear Noel Rosa e os cinco vencedores serão revelados na abertura oficial do Carnaval da Lapa, em um baile aberto ao público, ao contrário dos anos anteriores, quando a final ocorria dentro da Fundição, com transmissão pela ‘TV Globo’. Outra mudança é que neste ano não haverá o patrocínio da Petrobras.
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Os jurados vão escolher 50 músicas entre todas as inscritas. Destas, cinco serão selecionadas como finalistas e colocadas para votação do público na internet. O primeiro lugar recebe R$ 10 mil e o segundo, R$ 3 mil. Junto com a cerimônia final do concurso, haverá uma programação com diversos shows.
O jornalista do DIA, Daniel Pereira, que também é compositor e foi finalista do concurso por quatro vezes, ressalta a importância da iniciativa para manter viva a tradição das marchinhas. “O concurso ajuda na renovação do repertório do Carnaval. E há espaço para todos os tipos de marchas, das mais gaiatas e engraçadas até as românticas.”
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Colaborou a estagiária Carolina Moura