O hoje diretor do barracão já passou por vários setores da São Clemente. Quando estava desempregado, Cacá foi acolhido pela comunidade e começou a trabalhar na limpeza da quadra. “Eu já frequentava muito a agremiação. Soube de uma vaga na faxina, agarrei a oportunidade e estou aqui até hoje”, conta ele, que agora é o responsável por supervisionar o galpão da escola na Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio. “Sou muito grato a todos por isso”, reforça.
No início de sua carreira na São Clemente, Cacá também já foi diretor de bateria. Momentos antes de a Amarela e Preta entrar na Sapucaí, ele ajuda a afinar os instrumentos dos ritmistas e os distribui para os integrantes. O profissional comenta ainda que ele tem a função de levar o caminhão de peças para a Avenida Presidente Vargas no dia do desfile e de prestar serviço às alegorias caso falte algo. “O nervosismo toma conta no dia. O coração fica acelerado dos bastidores ao momento que a gente pisa na Sapucaí”, afirma Cacá, que brinca, bem-humorado: “O sentimento só alivia quando chega no fim do Sambódromo”.
Apesar de estar na São Clemente há duas décadas, o profissional não cita nenhum desfile que tenha marcado mais a sua vida. “Eu me surpreendo a cada Carnaval, não consigo escolher um, todos foram importantes para mim”, ressalta.
Neste ano, quando a agremiação levará o enredo “Onisuáquimalipanse” para a Avenida, Cacá torce para que a escola do coração fique entre as campeãs do Carnaval. “No desfile, nós vamos procurar acertar onde nós erramos em 2016, para poder alcançar o nosso objetivo que é ser campeão”, destaca Cacá. “As expectativas são as melhores possíveis”, acrescenta.
A mulher do diretor de barracão também participa dos desfiles da escola de samba. Segundo o profissional, a esposa foi contagiada pela energia da comunidade depois de ser levada por ele à quadra. Desde então, ela nunca mais saiu e desfila até hoje. Ao ser questionado sobre o que a agremiação representa na sua vida, Cacá não tem dúvidas da resposta: “A São Clemente é minha inspiração”.
Essa reportagem faz parte da série ‘Personagens do Samba’ do DIA Online, publicada todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Na próxima sexta, conheça a história de Romário, o chefe dos ferreiros da Vila Isabel.