Por bianca.lobianco
Rio - Como expressão popular, o Carnaval nunca falha em espelhar as preocupações da população. Neste ano, a política é mais uma vez fonte de criatividade para os foliões que fazem suas compras no Saara. Com os noticiários cheios de presidiários notáveis e fatos que parecem saídos de um enredo de escola de samba, espere ver muitos Sérgios Moros, Cabrais, Eikes e até o deus nórdico Thor nas ruas cariocas.
Rafael%2C de mexicano%3A ironia com a ideia de Trump de construir muroDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

O funcionário público Rafael Sampaio, de 35 anos, pegou sua inspiração na política internacional. Estava no Saara ontem para comprar um grande sombreiro mexicano: a piada da vez é sobre o presidente americano Donald Trump, que quer construir um muro para deixar os ‘hermanos’ do lado de fora. “Sempre procuro ir no espírito da sátira e do bom humor. Não gosto de fantasia pronta. Gosto de ir entrando nas lojas e de repente ter aquele ‘estalo’”.

Dono das Casas Turuna, Marcelo Servos vai receber um carregamento de máscaras de figuras políticas, como Cabral e Moro — mas ele confessa que estas não costumam sair muito. O que faz sucesso entre os compradores é a fantasia de presidiário ‘171’, o código para estelionato. “Os homens querem as fantasias mais fresquinhas, para poder brincar mais. As máscaras não saem tanto porque incomodam ao usar”, explicou.
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De fato, o calor também deve ser pauta das fantasias este ano. Entre os baixinhos, os mais populares são os personagens Ladybug e Tartarugas Ninja, adaptados ao clima brasileiro, com mangas curtas. Nas Lojas Silmer, uma das fantasias femininas mais vendidas é a bem arejada Pedrita, a R$ 49,90.
Minissaias de cetim e tule, de R$ 19 a R$ 24,90, são destaque e podem ser combinadas com tops e acessórios. “É a combinação crise e calor. As fantasias mais completas saem bem menos. O simples ainda fala mais alto”, explica o gerente da Silmer, Gabriel Muniz.
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As amigas Tamara Lima, designer de moda de 26 anos, e Marília Sipriana, médica de 28, apostam na criatividade para produzir as próprias fantasias. A ideia é montar três trajes para cada uma por menos de R$ 100, usando paetês, fitilhos e outros acessórios. “Pegamos nossa inspiração no Pinter est [rede social de compartilhamento de imagens]. Uma das ideias é ir de Ovelha Negra”, contam.
O lema ‘mais por menos’ é tão enraizado que Muniz ficou até surpreso quando vendeu a fantasia mais cara da loja: um Batman hiperrealista de R$ 999. Na Turuna, os trajes de passistas incrustados de cristais, que custam R$ 3 mil, só saem daqui para a Europa. “Eu só vendo essas fantasias depois do Carnaval, para quem vai se apresentar na Europa e Japão”, diz Servos.