Zezo, da acadêmicos de Santa Cruz, disse que não sabe nem para onde vai levar os carros alegóricos usados no Carnaval de 2018 e que ainda ocupam o terreno do ex-barracão - Alexandre Brum / Agência O Dia
Zezo, da acadêmicos de Santa Cruz, disse que não sabe nem para onde vai levar os carros alegóricos usados no Carnaval de 2018 e que ainda ocupam o terreno do ex-barracãoAlexandre Brum / Agência O Dia
Por O Dia

Rio - Pelo ritmo que as coisas estão caminhando, 2019 corre o risco de ficar marcado na história do Rio de Janeiro por um Carnaval fraco. Pelo menos para as escolas que desfilam na Série A, o grupo de acesso ao Especial. O anúncio de que cada uma das 13 escolas terá direito a R$ 250 mil de subvenção da prefeitura desanimou ainda mais os sambistas, já que muitas escolas não têm nem barracão para montar suas alegorias.

Em nota, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), protestou contra o corte do subsídio, que em 2018 foi de R$476 mil por agremiação. "A Lierj recebeu com extrema indignação a notícia dando conta de mais um corte na subvenção atribuída pela prefeitura para a realização do Carnaval da Série A. A situação provoca ainda mais repulsa pelo fato de a Liga não ter recebido qualquer informação direta e oficial por parte do órgão público, tendo tomado conhecimento apenas através da imprensa".

Para o presidente da Acadêmicos de Santa Cruz, Moysés Antônio Coutinho Filho, o Zezo, este é apenas mais um capítulo de descaso da com o samba. "A gente está praticamente em janeiro e nem barracão tem", reclamou Zezo, um dos despejados pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), da Zona Portuária, e que não tem onde confeccionar suas fantasias e alegorias. Zezo disse que não sabe nem para onde vai levar os carros alegóricos usados no Carnaval de 2018 e que ainda ocupam o terreno do ex-barracão. Pelas contas da escola, cujo enredo para 2019 é 'Ruth de Souza - Senhora liberdade, abre as asas sobre nós', para botar o Carnaval na rua serão necessários R$2 milhões.

Das 13 escolas de samba do Grupo A, cinco foram despejadas dos espaços que ocupavam na Zona Portuária e não têm nem onde montar seu Carnaval. Onde funcionava o barracão da Alegria da Zona Sul, na Rua Equador, hoje existe um terreno baldio. Banida da Zona Portuária, a escola além de não conseguir dar início aos trabalhos de construção de alegorias para o desfile de 2019, ainda assiste o material que tinha sobrado de desfiles passados se estragando no tempo. Chassis de carros alegóricos foram levados para um terreno a céu na Avenida Brasil, na altura de Benfica, na Zona Norte. As fantasias estão sendo confeccionadas em ateliês. "A cerca de dois meses para os desfiles, as escolas de samba estão sendo despejadas dos barracões, sem qualquer orientação ou apoio municipal para que um novo espaço seja destinado para uma produção digna das fantasias e alegorias", protestou a Lierj.

Na nota, a entidade reclama, ainda, que "não é de hoje que luta com todas as forças para superar as adversidades que vêm sendo provocadas por ações e decisões do poder público" e que "além dos sucessivos cortes de verba, que prejudicam diretamente milhares de artistas e trabalhadores humildes que dependem do ofício para colocar comida na mesa das famílias, outros problemas graves assolam aquele que deveria ser visto como um importante elemento de valorização cultural". Procurada, a Prefeitura do Rio afirmou que a Riotur iria se posicionar sobre a reclamação dos sambistas, mas até o fechamento da edição, nenhum representante do município se pronunciou.

Alegorias velhas no terreno da Santa Cruz: pouca verba para desfile - Alexandre Brum / Agência O Dia

Redução de mais de 70%

Segundo da Acadêmicos de Santa Cruz, há dois anos o Executivo Municipal reduziu em 72% a subvenção da prefeitura para as escolas da Série A. "No ano de 2016, recebemos R$ 900 mil de subvenção. Há dois anos o valor foi cortado pela metade. Agora, mais um corte", reclamou.

Como o DIA antecipou, no Informe do DIA da edição de domingo e em reportagem nesta quarta-feira, este ano a prefeitura vai liberar R$ 7 milhões para a Série A e para as escolas que desfilam na Avenida Intendente Magalhães, onde desfilam agremiações dos Séries B, C, D e E.

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