Por daniela.lima

Rio - Bem que Susana Vieira gostaria de passar o Carnaval em uma estação de esqui ou em Nova York, coberta de neve, mas o destino da atriz, nessa época do ano, sempre acaba sendo a Marquês de Sapucaí. Há 19 anos na Grande Rio, Susana faz jus ao título de madrinha da escola. Este ano, ela vem à frente do carro abre-alas, garante que desfila por amor e ganha pontos no quesito empolgação.

Durante a sessão de fotos para O DIA, Susana dividiu o tempo dos cliques com fãs, que queriam um registro dela. Sem perder o bom humor, brincou com um menino que quis abraçá-la. “Só não gostei dessa sua roupa verde e rosa”, disse ela, aos risos. 

Rainha da alegria%3A Susana Vieira fala de sua paixão pela Grande Rio%2C escola na qual desfila há 19 anosAndré Mourão/Agência O Dia


O DIA: Depois de tantos anos, como é desfilar na frente do carro abre-alas da Grande Rio, sempre contagiando a arquibancada?
SUSANA: Já fui tudo na escola. Já desfilei na comissão de frente, depois fui madrinha da ala dos artistas, já desfilei no carro abre-alas e já fui rainha de bateria duas vezes, que foi uma das maiores emoções da minha vida. O Jayder Soares (presidente da escola) é grato por eu estar há tantos anos servindo à escola que me colocou para desfilar na frente, como quem diz: “Veja que maravilha! Venham atrás de mim.”

Mas você prefere desfilar no chão ou em algum carro?
Já me ofereceram o carro ano passado, mas não é a mesma coisa. Agora, eu voltei para o chão e no salto. Depois que saí no carro, eu vi que aquele queijo é muito pouco para mim. Eu prefiro aquela avenida toda. 

Por que acha que a sua alegria contagia tanto o público?
Não sei o quanto minha alegria ajuda a escola. O público recebe a gente de uma maneira e os jurados recebem de outra. Se fosse pelo público, toda vez que eu e David Brazil entrássemos em cena na avenida, a gente já ganhava o Carnaval. Porque, em matéria de popularidade, estou pra ver igual. A gente está ali de verdade, pra ajudar, e a comunidade vê que estamos no desfile de coração.

Já pensou em parar de desfilar?
Eu sempre acho que não vou aguentar, digo que não vou desfilar, mas sempre aguento. De uns anos pra cá, estou sempre querendo viajar, ir para uma estação de inverno pra esquiar, pra competir nas Olimpíadas de Inverno (risos), acho tão bonito isso. Meus colegas vão para Aspen, aí eu me imagino em Nova York, coberta de neve. Mas, quando vejo, estou aqui metida no barracão de novo.

Teve algum desfile inesquecível?
Em um ano, a nossa escola pegou fogo e a minha fantasia deve ter sido a que primeiro se acabou, foi uma das primeiras a sumir do barracão. Deve ter sido a mais desejada, a mais queimada (risos). O Jayder tentou fazer outra, mas eu falei que queria desfilar ao lado dele, de mãos dadas. Aí, entrei na Avenida com ele, num terninho maravilhoso, Armani, que ele mandou fazer pra mim. Ele mandou bordar com as melhores bordadeiras de Minas Gerais. Nesse ano, eu fui muito feliz, embaixo de chuva, a gente chorando, tomando chuva, e eu naquele terninho que eu tanto sonho.

Então foi gostoso desfilar na diretoria, né?
Foi maravilhoso! Mas nunca vi tanto diretor na minha vida. Durante o ano, sou eu, David, Jayder e umas outras pessoas que acompanham e prestigiam a escola. Quando começa aquela comissão com gente de tudo que é lado vestida de terninho, eu digo: “Mas é muita cara de pau.” Acho engraçado que todo mundo quer vir de terninho na frente, distribuindo beijos. Parece que são todos famosíssimos. Aí eu fico ali na frente, suando a camisa e vendo a falsidade.

Você costuma dar pitacos nas suas fantasias?
Eu não dou pitaco, porque quem dá pitaco é quem entra na Avenida para ser melhor do que os outros. Tem milhões de mulheres mais lindas do que eu e mais novas. Eu não estou nem aí pra fantasia, tem ano que é mais bonita, outro que é mais feia. Às vezes, quando é uma bicha muito má que faz a fantasia, ela me engorda. Quando é uma pessoa muito boa, como a Michelly Xis, a fantasia me emagrece, tudo depende dos humores. Não faço a menor questão de cristais Swarovski. Eu sou do tempo da lantejoula e da zircônia. Não adianta uma fantasia de R$ 100 mil se quem estiver dentro não tiver 100 mil vidas, 100 mil alegrias ou 100 mil batimentos por minuto.

Pode adiantar como será a sua este ano?
Não dá pra adiantar, porque, quando a pessoa fala da fantasia, é sempre a mesma coisa, do tipo: a fantasia chama-se Pássaro Silvestre que Nasceu nos Campos da Austrália na Época em que o Rei Salomão... (gargalhadas). Mas sério, as fantasias não são sempre assim? Quando a gente começa a descrever, é sempre Swarovski, penas do ganso, do avestruz etc. Eu gosto muito de faisão, mas confio na estilista Michelly Xis. Ninguém tira 12 centímetros de uma cintura que nem ela. Não abro mais mão dela para nada, acho até que vou fazer uma roupa de freira com ela (risos).

O enredo desse ano é Maricá. Qual a sua relação com a cidade?
Nenhuma (risos)! Nunca passei férias lá, eu passo em Búzios. Por acaso, quando comecei na TV, em 1960, na TV Tupi, os cantores se apresentavam em primeiro plano e atrás tinha um balé coreografado. E eu fazia fundo para a Maysa (que passou parte de sua vida em Maricá) cantar. Várias cantoras se apresentavam e a gente fazia coreografia atrás, essa é a minha ligação. Me vestia toda de preto e ficava lá, admirando a Maysa. Achava ela maravilhosa, inacessível.

O que acha das mulheres que representam um posto importante e não se preocupam em divulgar a escola?
De uns anos para cá, o Carnaval tem uma grande movimentação na imprensa, os ensaios aumentaram, o assédio em cima das rainhas de bateria também. Isso tudo faz parte do Carnaval. Hoje em dia, é um comércio, uma grande vitrine. Então é óbvio que, se estou nessa escola como convidada, nunca deixarei de vir aqui divulgar. Isso pra mim não é diversão, é trabalho. Quem fica pulando de escola em escola são pessoas que querem se exibir. Eu já me exibo o ano inteiro na TV Globo, não preciso do Carnaval. Essa é a hora da escola se exibir para mim e, por acaso, eu estou lá no meio, inteira.

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