Por tabata.uchoa

Rio - A barra vai pesar para Reynaldo Gianecchini. Pelo menos na TV e no teatro. Na vida real, ele está acostumado à superação de obstáculos, como quando se curou de um câncer linfático em 2011 e ainda viu seu pai, que adquirira um tumor na mesma época, morrer em seus braços em outubro de 2012. Agora, na novela ‘Em Família’, seu personagem Cadu vai ter uma cardiopatia e terá que fazer um transplante. E na peça ‘A Toca do Coelho’, em cartaz no Teatro Leblon, na pele de Paulo Corbett, ele vai perder um filho e passar por uma crise conjugal.

Personagem do ator na novela 'Em Família' terá que fazer um transplante após descobrir que sofre de uma cardiopatiaDivulgação

Os problemas de saúde de Cadu já vão ao ar amanhã na novela. Após jogar bola na praia com o filho, Ivan (Vitor Figueiredo), o cozinheiro desmaia. Anteriormente, quando a trama começou, havia a possibilidade de Cadu desenvolver um tumor, o que não preocupou Gianecchini. “Seja lá qual fosse o problema, sei que o Maneco (autor da história) falaria do assunto de uma forma bonita. E não tenho problema de reviver essas situações, de falar disso. Encarei tudo com leveza. E a doença pode ser um trampolim, algo que leve você a dar uma volta boa na vida”, conta, sempre positivo.

O Paulo Corbett de ‘A Toca do Coelho’, diz Gianecchini, lida com a perda de forma completamente diferente da que ele lidou. O ator, mesmo assim, enxerga paralelos entre o que ele viveu e o que seu personagem está enfrentando todas as semanas no palco. “A perda sempre te leva a um vazio, a um questionamento sobre como se vive a vida. Fatalmente dá para esbarrar com um monte de coisas e levar para o personagem”, diz. Mesmo não tendo filhos, ele conta que não teve dificuldades para se colocar no lugar de um pai ao fazer a peça. “Consigo imaginar todas as mudanças que uma pessoa faz na vida para ter um filho e a sensação de que desapareceu tudo.”

Cadu (Gianecchini) de ‘Em Família’ joga bola com o filho%2C Ivan (Vitor Figueiredo)%2C e desmaiaDivulgação

Ao final da novela e da temporada da peça — que prossegue até 8 de junho no Rio —, o ator estará Ph.D. em questões familiares e dilemas de casal. Nas duas pontas (novela e teatro), Gianecchini lida com problemas conjugais. ‘Em Família’ traz um casamento que vai se tornando cada vez mais sem graça para Cadu e para Clara (Giovanna Antonelli), e ela é assediada constantemente pela fotógrafa Marina (Tainá Muller). Já em ‘A Toca’, o casal Paulo e Beca (Maria Fernanda Cândido) tem sua dinâmica familiar modificada por causa da morte do filho. Se Cadu pode perder a mulher, a opção do casal de ‘A Toca do Coelho’ é passar por cima dos problemas e optar pelo amor.

“Não faço ideia de como o Cadu encara isso. Mas possivelmente ele não é um cara muito aberto, digamos.” Ele prefere não adivinhar como seria passar pela mesma situação. “É o tipo da coisa que você tem que viver para saber.”

Gianecchini se diz “um cara família”, que está sempre do lado da mãe e das irmãs. “Na vida real, eu me envolvo bastante com essas questões. Gosto de acompanhar, de aconselhar, estar perto, pegar pela mão. Mas continuo sem vontade de ter filho! Bom, nada é tão exato assim. Pode ser que um dia eu acorde com vontade, né?”, brinca.

E não vão faltar candidatas, porque o tom grisalho do cabelo, assumido pelo ator, tem atraído as mulheres. “Impressionante como as mulheres gostaram do meu cabelo assim. Se eu soubesse que ia fazer tanto sucesso, tinha deixado antes. E o engraçado é que ninguém me deixa mais pintar o cabelo”, brinca o ator. “Solteiríssimo”, como afirma, ele só não se anima a fazer como o Cadu de ‘Em Família’ e aprender as artes da culinária. “Não sei cozinhar nem tenho muito tesão nisso. Acho que tenho mais prazer em comer”, brinca.

LEVE DRAMA

Com Reynaldo Gianecchini, Maria Fernanda Cândido, Selma Egrei, Simone Zucato e Felipe Hitze no elenco, e direção de Dan Stulbach, ‘A Toca do Coelho’ vem de uma temporada muito bem-sucedida em São Paulo. Escrita pelo americano David Lindsay-Abaire e grande sucesso na Broadway, não se trata de um mero drama — apesar de trazer no roteiro uma morte e problemas conjugais.

“No Rio, parece que só funcionam as comédias, né? Mas nossa peça tem tanto potencial que não ficamos pensando nisso. A peça tem momentos tristes, mas em 80% do tempo as pessoas riem pra caramba. Ou vão do riso para o choro em segundos”, diz Gianecchini.

‘A Toca’ marca a estreia do ator Dan Stulbach na direção. E é a primeira vez que Maria Fernanda Cândido e Gianecchini trabalham juntos desde a novela ‘Esperança’, de 2002. “A gente se gosta muito e sempre acompanhou o trabalho um do outro. E foi ótimo trabalhar com o Dan, que é exigente, mas afetuoso com todos”, diz Maria Fernanda. “E eu quero repetir a experiência com eles e com outros colegas. Agora, entendo porque diretor tem uma certa inveja do ator”, brinca Stulbach.

Giane e Maria Fernanda Candido estão na campanha ‘Saia Já do Foco’, contra o uso de celular no teatro. “Cara, me desconcentra muito”, reclama o ator. Stulbach endossa: “Uma vez, estava na plateia e tinha uma menina transmitindo tudo o que estava acontecendo no palco pelo celular. Pô, assiste à peça!”, diz, aos risos.

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