Rio - A japa que conquistou o Brasil com seu jeito de moleca e sotaque caipira resolveu dar uma guinada na carreira. Depois de ser Garota do Tempo do DIA, bailarina do ‘Domingão do Faustão’, participar do ‘BBB 3’ e passar dez anos na turma do ‘Pânico’, Sabrina Sato se lança em um desafio ainda maior: estrear seu programa solo, no próximo sábado, dia 26, às 20h30, na Record. Sempre sorridente, ela admite em entrevista exclusiva à ‘Já É! Domingo’ que sente um medinho por causa de uma mudança que mexe com sua vida inteira, inclusive com seus encontros com o namorado, João Vicente de Castro, um dos sócios do portal de humor Porta dos Fundos — hoje, com o ritmo de trabalho dela, sem folga até a estreia, eles só se veem três vezes por semana. Mas, para a apresentadora, chegou a hora de mostrar que cresceu e amadureceu.
“Quando fui convidada pela Record para ter um programa, foi a primeira vez que tive uma oportunidade como essa, algo que muita gente busca na TV. Para mim, é a chance de mostrar o outro lado, que estou mais madura. Afinal, não sou mais aquela menininha. Tudo isso dá medo. Só vou saber se vai dar certo se eu fizer. Mas tenho muita coragem. Não estou sozinha, me sinto muito amparada”, diz ela, acrescentando que o sonho de brilhar diante das câmeras vem da infância. “Desde criança, sempre imaginei trabalhar na TV. Da hora que acordava até a noite, ficava me olhando na frente do espelho com uma câmera filmando. Só fazia isso na vida”, acha graça.
A trajetória é motivo de orgulho, mas ela admite que sempre foi vista com certa desconfiança, desde que saiu, ainda com 16 anos, de Penápolis, no interior de São Paulo, onde nasceu, para estudar balé na capital paulista e depois tentar a sorte no showbizz no Rio. “Tudo que fiz na vida sempre criou uma dúvida, um ponto de interrogação. Mas é isso que me move. Eu tinha 20 anos quando dançava no Faustão, admirava muito o jeito dele como apresentador. Depois, não fui para o ‘BBB’ pensando em ganhar o prêmio, queria ter uma oportunidade. Sou muito grata ao programa, porque fiquei conhecida do público nacionalmente. No ‘Pânico’, comecei primeiro na rádio e, em seguida, fui para TV, onde aprendi muito e amadureci.”
Com carisma indiscutível, Sabrina enfeitiçou uma legião de fãs. Mas muita gente ainda duvida da sua naturalidade, principalmente da imagem de moça bobinha e do jeito de falar ‘É verdade’, quase um bordão, com sotaque caipira puxado. Ela jura que não faz tipo: “O problema é que eu não sou uma personagem. Sou eu mesma, sou natural. Nada que eu fiz foi construído de caso pensado. Foi tudo espontâneo.”
No ‘Programa da Sabrina’, ela pretende mostrar o lado ‘mais mulher’, sem perder a personalidade. “Vou fazer do meu jeito, da forma que acredito, mas estou me preparando muito”, diz. Como parte da preparação, a Japa tem feito aulas com uma fonoaudióloga. A intenção, garante, é educar a voz, e não perder o seu conhecido jeito de falar. “A fono não é para tirar o meu sotaque, mas melhorar a minha dicção, que não é boa. Tenho várias manias desde adolescente. Falo rápido demais e, às vezes, as pessoas não entendem. Também fico rindo muito. Com a fono, aprendi a respirar pelo diafragma. Posso melhorar isso tudo sem mudar a minha essência”, frisa.
Bem-humorada, ela diz que já está preparada para as críticas. “Acho que parte da imprensa vai comentar de qualquer jeito. Se eu melhorar muito, vão falar que eu não sou mais a mesma. E, se eu não melhorar nada, vão dizer: ‘Olha como ela é boboca’”, diverte-se.
A saída do ‘Pânico na Band’ foi tensa. Sabrina era um dos principais nomes do humorístico e um dos mais rentáveis, responsável por cerca de 45% das ações de merchandising da atração. Por isso mesmo, o apresentador Emílio Surita e os executivos da emissora tentaram reverter a situação até o último momento, quando ela assinou com a Record em 16 de dezembro passado. A relação com os ex-colegas ficou abalada.
“Saí bem com todos eles. Mas nunca fica igual, né? Eles não queriam que eu saísse. É como quando a gente sai de casa para morar sozinha, tem sempre alguém contra. Se me deixassem, eu ficaria lá a vida inteira, mas era um passo que eu precisava dar. Acho que eu merecia ter essa oportunidade, não podia me negar isso”, explica ela, levando na esportiva a provocação dos humoristas, que colocaram no lugar dela no programa uma cadela chamada Fiel. “Eu sabia que eles iam aprontar alguma coisa. Achei engraçado.”
No ‘Programa da Sabrina’, com duas horas e meia de duração, a apresentadora vai fazer entrevistas, receber convidados e atrações musicais, com direito a assistentes de palco e até bailarinas. Os detalhes da atração ainda são mantidos em segredo pelos diretores Rita Fonseca, que fazia ‘O Melhor do Brasil’, de Rodrigo Faro, e Cezinha, que também dirige o ‘Legendários’, de Marcos Mion. “Quando recebo pessoas em minha casa, tento deixá-las o máximo à vontade. É isso que quero com os convidados do programa. Mas não prometo muita coisa, não. Quanto menos expectativa criar, melhor”, brinca ela, que na semana passada gravou duas reportagens nos Estados Unidos. “Foi uma viagem bate e volta. Vamos ter a oportunidade de fazer outras matérias internacionais.”
Um dos quadros confirmados é ‘Meu Marido É o Cara’, um game disputado por quatro casais e que foi gravado em Paulínia, interior de São Paulo. O vencedor ganha R$ 10 mil. “As mulheres testam as habilidades dos maridos. Elas mandam e eles têm que fazer. São provas como dançar de salto alto, atividades engraçadas”, conta.
Sabrina garante que tem liberdade total para escolher seu figurino, mas pretende tomar cuidado para não exagerar com seu estilo sensual. A princípio, ela deve evitar muitos decotes e saias curtíssimas. A produção está cargo de Yan Acioli, stylist da japa há nove anos. “Não posso pagar peitinho”, brinca ela, que a cada semana vai usar um modelo assinado por um renomado estilista. “Gosto desde roupas que deixam o bumbum de fora até vestidinhos mais comportados. Quero continuar com meu estilo, gosto muito de moda. Posso usar o comprimento que quiser. Adoro calça comprida e agora devo usar bastante”, adianta.
Conciliar a vida pessoal com o trabalho não tem sido fácil para Sabrina. Dedicada integralmente ao programa, ela aproveita o pouco tempo que lhe resta para encontrar o namorado, João Vicente, com quem está há 11 meses. Mas não se queixa. “Ele sempre vem do Rio para me ver. Quando pode, acompanha as gravações. A gente consegue se encontrar umas três vezes na semana. João entende que eu estou fazendo o que gosto e me incentiva muito”, diz.
Aos 33 anos, Sabrina sonha se casar e ter muitos filhos. Mas, por enquanto, seu planos vão ser adiados por conta do foco na carreira. O nascimento do sobrinho Felipe, de 3 meses, filho de sua irmã e empresária Karina, fez aflorar ainda mais seu desejo de ser mãe. “Eu o levo para a gravação, fico com ele no camarim”, conta a tia coruja. “Se puder, vou ser mãe aos 50 anos. Acho que nessa idade a mulher está mais bem preparada para criar e educar um filho. Falei até com meu ginecologista sobre isso. Sou tipo mãezona, de tanto que gosto de cuidar. Desde criança, treinava com meu priminho. Agora, mato a vontade com meu sobrinho. Quero ter os meus filhos, claro, mas também penso em adotar. Quero um monte de japonesinho. Mas ainda não me sinto pronta para isso.”
