Por tabata.uchoa
Rio - Surfar é um dos desejos quase secretos de Letícia Spiller, a Gilda de ‘Boogie Oogie’. Em uma animada conversa com a reportagem da Já É! Domingo, a atriz, de 41 anos, se revelou aberta a viver novas experiências. Na companhia do filho Pedro, de 18 anos, fruto do casamento com o ator Marcello Novaes, a loura, que é apaixonada por praia, adoraria saber pegar onda. “Uma coisa que eu quero aprender é a surfar. Já fiquei em pé em uma prancha, já desci umas duas ondas, mas, fala para mim, o que são duas ondas (risos)? Nunca é tarde para começar alguma coisa”, frisa.
E, se essa história de surfar só rolar no futuro, quando ela já não estiver tão sarada quanto hoje, tudo bem também. A atriz tem consciência de que ser alvo das lentes dos fotógrafos quando o corpo não for mais tão perfeito pode ser uma experiência desconfortável, mas ela quer estar preparada para tirar esse momento de letra. “Quando eu chegar nesse ponto, já vou ter ligado o dane-se. Olho para minha mãe, que tem 82 anos, na praia, e digo: ‘Que maravilha!’ Ela já ligou o botão do dane-se há muito tempo. Eu espero ser igual. Não dá para abrir mão de um prazer por conta de paparazzi”, observa.
'Olho para minha mãe%2C que tem 82 anos%2C na praia e digo%3A ‘Que maravilha!’ Ela já ligou o botão do dane-se há muito tempo. Eu espero ser igual'%2C diz LetíciaMaíra Coelho / Agência O Dia

Letícia tenta não cair na armadilha da cobrança pela juventude eterna. “Não dá para negar que, às vezes, me pergunto: ‘Caramba, como vai ser o futuro?’ Mas, interiormente, a gente tem que se trabalhar, se aprimorar, porque o que vai contar no final é o seu caráter, o seu trabalho. Esse mundo moderno que cobra uma juventude eterna gera um exagero que não é legal. A pessoa acaba ficando plastificada, robotizada. Não quero virar uma velhinha congelada”, afirma.

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Nem a possibilidade de ser uma avó jovem, como a Gilda de ‘Boogie Oogie’, é motivo de rugas de preocupação para a atriz. “Se o Pedro fosse pai cedo, eu ia achar uma pena por ele, não por virar avó. Ele é um menino que tem muita coisa pela frente, até em termos de saber o que quer seguir profissionalmente. Para que ter essa responsabilidade tão cedo? Mas ele está bem instruído nesse sentido”, acredita.
Na ficção, Letícia vai viver a experiência de ter um neto ao mesmo tempo que gera um filho de Mário (Guilherme Fontes), com quem se envolveu quando ele ainda era casado. “Esse bebê é o fruto de um amor verdadeiro. A Gilda, apesar de ter vivido uma situação clandestina, é muito fiel, leal, e tem o dom da maternidade. Ainda menina, ela teve coragem de ser mãe solteira para não abrir mão de gerar o Rodrigo (Brenno Leone). A Gilda é uma mulher emancipada para a época em que se passa a novela (1978), que é fértil, moderna e sabe que ainda tem muita coisa para fazer na vida”, explica a intérprete da personagem, que começou a novela como amante de Fernando (Marco Ricca).
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Mãe de Pedro e de Stella, 4 anos, do atual casamento, com o diretor de fotografia Lucas Loureiro, Letícia não descarta a possibilidade de aumentar a família. “Até gostaria de ter mais um filho. E, se eu for ter outro, não gostaria que demorasse muito, mas agora não dá, só se for daqui a um ano”, planeja.
Às vésperas de finalizar o trabalho em ‘Boogie Oogie’ e mergulhar de cabeça em ‘I Love Paraisópolis’, próxima novela das 19h, Letícia só pode pensar em engravidar depois que se despedir da vilã que ainda nem começou a construir. Nenhum problema para a atriz, que curte a boa fase profissional ao lado dos filhos e de Lucas, a quem define como “o homem da minha vida”. E, apesar da breve separação do casal no ano passado, não há espaço para tristeza nessa relação. Ter o coração partido como a Gilda de ‘Boogie Oogie’ é coisa da qual a loura não quer mais saber. “Faz parte da vida sofrer por amor, às vezes a pessoa tem que passar por aquilo para aprender que a felicidade dela está em outro lugar. Se me fizer chorar, amor, tchau. Eu quero sorrir. Estou em um ponto da minha vida em que quero alegria. O homem que está ao meu lado tem que estar somando, não pode me puxar para baixo, não pode competir, tem que estar junto de verdade”, conta.
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No topo da lista para uma relação feliz está um artigo raro nos relacionamentos: liberdade. “Eu sempre fui um espírito muito livre. Desde cedo, comecei a trabalhar, sabia o que eu queria, então colocar rédea em mim, amor, não dá. Tem que ser alguém muito tranquilo”, comenta.
Lucas, o eleito, cumpre esses requisitos com louvor. Tanto é que Letícia sonha que o casamento de cinco anos dure para sempre. Para chegar lá, o segredo é não se descuidar de algumas regrinhas básicas. "Acima de tudo, companheirismo. Gostar de estar junto também é fundamental. Você tem que se sentir em paz ao lado daquela pessoa que, sobretudo, é o seu melhor amigo”, ensina. Oficializar a união faz parte dos planos do casal. “Não tenho a intenção de fazer uma coisa grandiosa, só uma festinha para celebrar o amor. Nunca tive muito sonho de casar de véu e grinalda, mas é bonito. Sempre me emociono quando vejo alguém casando”, confidencia.
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De personalidade forte e, ao mesmo tempo, serena, Letícia é do tipo que não fica na cola do marido. “Ciúme é um atraso de vida, não contribui em nada, só se for aquela dose pequenininha que não vai fazer mal para a relação. Não fiscalizo nada do Lucas, não olho celular, não quero ver nada, não quero me aborrecer. É preciso ter confiança e deixar o outro livre.Eu também não gero ciúme, sou muito caseira e tranquila”, conta ela.
E é nos momentos de liberdade plena que a atriz se reconhece sedutora. “Sensualidade me lembra a força da natureza. Me sinto sensual descalça na beira do rio e mergulhando nua. Uma lingerie diferente, de vez em quando, é legal também. Mas não é uma coisa para toda hora. A sensualidade não precisa ser banalizada. Ultimamente, não estou nem me achando sensual”, jura.
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Na intimidade do seu lar, por exemplo, a estrela dá lugar a uma mulher comum, que adora um pijaminha velho. “Tenho que me policiar para não ficar muito largada”, revela.
Sétima arte
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Depois de produzir e estrelar o filme ‘O Casamento de Gorete’, Letícia está de volta aos cinemas. Dessa vez, a comédia dá lugar ao drama. Em ‘Tudo Que Deus Criou’, do diretor paraibano André da Costa Pinto, a atriz dá vida a uma deficiente visual virgem. “A minha personagem é uma mulher que nunca foi beijada, amada. No decorrer da história, ela se envolve com dois homens que têm um relacionamento homossexual. ‘Tudo Que Deus Criou’ foi o filme de mais humanidade que eu fiz e tem uma estética realista, sem glamour. Eu me olho na tela e falo: “Caramba, eu sou feia.” É um outro lado da Letícia que as pessoas que tiverem curiosidade de ver esse trabalho vão conhecer. Me sinto muito orgulhosa de ter feito esse filme. ‘Tudo Que Deus Criou’ é fantástico.”
Rainha da bateria
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O Carnaval desse ano não vai contar com o brilho de Letícia Spiller na Marquês de Sapucaí. A atriz só pensa em descansar nos três dias de folga que terá das gravações de ‘Boogie Oogie’. Mas que ninguém se surpreenda se, um dia, Letícia reinar absoluta à frente da bateria de uma escola de samba. “Já fui convidada para ser madrinha da bateria da Grande Rio, mas, na época, estava com o cabelo curto, fazendo ioga direto, não me imaginava naquela situação. Adorei o convite, mas recusei. Hoje em dia, considero essa possibilidade. Sou bailarina, então poder fazer uma performance à frente da bateria, para mim é trabalho, é teatro, é personagem. Já curto a ideia. Mas tem que ser logo porque depois vou ficar passada, né? (risos). Se rolar, legal. Mas também não sou aquela pessoa que vai buscar isso.”