Por karilayn.areias
Rio - Ouça Naldo Benny (em CDs como o novo ‘#Sarniô’), assista Naldo (nos DVDs e ao vivo) e agora jogue Naldo. Junto ao novo disco — que chamou atenção devido à capa feita pelo controverso artista plástico Romero Britto — o funkeiro solta um game para smartphone, o ‘NuFlowww’. O jogo oferece prêmios para os competidores e, para alegrar ainda mais as crianças que curtem seu som, vai na mesma onda da atração online Candy Crush, com quebra-cabeças.
Naldo%3A ‘Sarniô’ é uma expressão que usamos lá na Vila do Pinheiroe quer dizer ‘mandou bem’. Lá%2C se o moleque é bom%2C dizemos que ele é ‘sarna’”Divulgação

“O jogo tem minha cara, minhas músicas e é gratuito. Curto muito fazer várias coisas e ter vários desafios”, alegra-se o cantor. A expressão “no flow” (ou “nu flow”, escrita como se diz) já apareceu em sucessos de outros funkeiros, como ‘País do Futebol’, de MC Guimê. Naldo diz tê-la inventado, e a usou em hits como ‘Se Joga’. E no disco novo, vem com mais gírias, como a própria ‘#Sarniô’, da faixa-título, que ele divide justamente com Guimê e Mr. Catra.

“É uma expressão que a gente usa lá na Vila do Pinheiro (comunidade da qual Naldo veio, no Complexo da Maré) e que quer dizer ‘mandou bem’. Se o Emerson Sheik (jogador do Flamengo) mete um gol, falamos que ele ‘sarnîô’. Lá na Vila, se o moleque é bom, ele é ‘sarna’”, diz Naldo, rindo. A letra tem versos sacanas como “senta que senta, que me arrebenta/e desde que senta não quer mais parar”. Em ‘Te Pego De Jeito’, tem “sente a minha língua molhada/desce aí pra mim, bem gostosinho”.“Tem a hora de falar ‘quero entrar debaixo da sua blusa’ e a hora de falar com mais delicadeza, né?”.
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Tem sacanagem pura em várias faixas, sim. Mas Naldo volta todo romântico em algumas músicas do disco. Em ‘Minha Victória’, ele homenageia a filha Maria Victória, de nove meses, que teve com a mulher, Ellen Cardoso, a Mulher Moranguinho. E em ‘Primeira Vez’ — na qual traz a participação especial de Erasmo Carlos — o hoje evangélico Naldo fala sobre um rapaz que decide esperar a hora do casamento para transar com sua namorada, a pedido dela. “Cabe de tudo no funk. Ele sempre teve esse lado romântico. Mesmo canções minhas como ‘Meu Corpo Quer Você’, que gravei com a Preta Gil, falam mais de amor”, diz, feliz por ter gravado com Erasmo. “Pô, o Erasmo veio no meu estúdio, na minha casa... Tem uma cafeteira lá que eu não tinha tirado da embalagem porque não tomo café, mas usei para servir café para ele. O Erasmo até brincou: ‘Pô, só eu tomo café aqui? Então, essa cafeteira agora está batizada de Caferasmo”, brinca.
Brown e Britto
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Em ‘#Sarniô’, duas participações já deram muito pano pra manga antes de o disco chegar às lojas. Uma delas é a do carrancudo Mano Brown, dos Racionais MCs, soltando o vocal grave, acostumado a versos de protesto, na farrista ‘Benny e Brown’.
"O Brown está fazendo algo que ele não tinha feito em 30 anos. Falei para ele: ‘Escreve sobre o que você gosta, o que você veste, seu carro, sua rapaziada’. Ele viajou nisso. Juntamos Rio e São Paulo na música”, diz Naldo, que conheceu Brown ao pedir a ele que falasse com seu filho, fã dos Racionais, no telefone. “Brown até falou que vestiu a camisa mesmo, que só sabe fazer assim”.
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Romero fez a capa doCD, com uma pintura colorida de Naldo. Sempre muito criticado, o pintor pernambucano é amigo do funkeiro e motivo de alegria para ele, por estar em seu disco. “A gente é brother. Ele me falou: ‘A gente agora é amigo, vou te dar um retrato de presente’, e falei que queria a capa do CD. Cara, é como falava Tom Jobim, ‘sucesso no Brasil é ofensa pessoal’. Nos Estados Unidos, os moleques põem o tênis do Michael Jordan (jogador de basquete) e é como se botassem ouro no pé. E no Brasil, cadê a chuteira do Pelé? Com o Romero, tinha que ser assim também”, exclama.