Por roberta.campos

Rio - Sem querer, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood acertou no alvo. O comediante negro Chris Rock, conhecido pelo tom agressivo de suas piadas, será o mestre de cerimônias da 88ª cerimônia do Oscar.

Rock foi anunciado em outubro, bem antes de toda a polêmica dos #OscarsSoWhite (Oscar tão branco) inflamada pela ausência de artistas negros nas principais categorias da premiação. A escalação do humorista faz parte do esforço da academia para promover a diversidade em seus quadros.

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O anfitrião da cerimônia de 2016%2C Chris Rock%2C em foto promocional do OscarDivulgação


Desde que Cheryl Boone Isaacs assumiu a presidência da instituição foram escalados para a função Ellen DeGeneres e Neil Patrick Harris, ambos homossexuais assumidos. “Deixar que façam piadas às suas custas irá mostrar que a academia está ciente de que há um problema”, opina Daniel Montgomery, editor-sênior do site especializado em premiações Goldderby.com.

A academia parece estar correndo atrás do prejuízo e a presença de Rock, mesmo nas entrelinhas, demonstra isso. A primeira vez que o comediante esteve à frente da cerimônia, em 2005, havia quatro atores negros indicados e dois, Jamie Foxx por “Ray” e Morgan Freeman por “Menina de Ouro”, foram premiados com o Oscar.

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“Esta é uma excelente noite”, disse na ocasião. “Nós temos quatro atores negros nomeados hoje”. Concorriam naquela noite, ainda, Don Cheadle por “Hotel Ruanda” e Sophie Okonedo pelo mesmo filme. Jamie Foxx ainda estava indicado por outro filme, “Colateral”.

Em meio a toda a polêmica sobre a falta de diversidade entre os indicados em 2016, Chris Rock foi um dos poucos negros de destaque em Hollywood que manteve-se em silêncio na questão. Foi uma escolha. Não faltaram sondagens e provocações na mídia americana. Veiculou-se que ele teria reescrito muitas piadas em virtude de toda a polêmica. O que não é oficial, mas totalmente coerente com o histórico do comediante que sempre teve nas tensões raciais uma das principais válvulas de seu humor.

É inegável que a questão será abordada por ele em seu monólogo de abertura neste domingo. O que Hollywood reverbera é o tamanho que a polêmica ocupará na fala de Rock. É comum que haja brincadeiras e piadas com os filmes e artistas concorrentes no ano e não se sabe se Rock prepara algum tipo de protesto, por mais bem humorado que seja, ao vivo para todo o mundo. 

Pode não parecer, mas Rock se encontra em uma situação de muita pressão. Para além das tradicionais expectativas a respeito dos índices de audiência do Oscar enquanto programa de TV, existe toda uma expectativa por parte da indústria, da academia, de negros e brancos de como ele irá abordar um dos debates mais polarizantes a se apropriar da agenda do Oscar em muitos anos.

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