Rio - Celeiro de atores novatos, que já produziu nomes como Cauã Reymond, Caio Castro e Fernanda Vasconcellos, ‘Malhação’ é encarada como um laboratório para os iniciantes e um desprestígio para os veteranos, que deixaram o horário nobre, com audiências de até 40 pontos, pelo das 17h45, com minguados 15.
Mas em sua 21ª temporada, iniciada este mês, a novela espera reconquistar os números de audiência do passado, quando chegou a marcar 31,7 pontos. E, para isso, escalou nomes como Isabela Garcia, Tuca Andrada, Paulo Betti e Alexandra Richter. Eles juram que estar nesse horário não é um demérito para a carreira.
“Não ganho mais nem menos se fizer novelas das 18h ou das 21h. O que importa é se estou feliz. E posso estar infeliz em uma novela das 21h, entende? Isso tudo é uma burrice”, avalia Isabela Garcia.
Aos 46 anos, a atriz, que interpreta Vera na atual temporada, contabiliza quatro décadas de contrato com a Globo. Mais que o dobro da idade de Bianca Salgueiro, 19, que vive Anita, sua filha na trama. Ela acha o preconceito atribuído aos atores veteranos que fazem ‘Malhação’ uma bobagem. “Sou contratada da casa, acabei de fazer uma novela (‘Lado a Lado’, que terminou em março), nem tirei minhas férias. Não tem nada que me obrigue. Estou fazendo porque me interessei pelo projeto”, explica.
Alexandra Richter, a vilã Maura, concorda com a colega. “Às vezes, você está em uma novela das nove e não é aproveitada, seu papel não é bom”, observa a atriz, que garante não ligar para rótulos. Ela diz estar calejada. “Quando eu fazia ‘Zorra Total’, perguntavam se eu sofria preconceito ou tinha medo de ficar marcada.
Não tenho tempo para isso. Não ficava pensando se iam me rotular como uma atriz cômica. Sou artista, quero contar uma boa história e ponto. Se existe preconceito em relação à ‘Malhação’, não chega até a mim porque não me preocupo com isso”, desabafa Alexandra.
Fernanda Souza, que completa 25 anos de carreira (ela começou na TV aos 4), participa de ‘Malhação’ pela segunda vez. Na primeira, em 1999, tinha praticamente a mesma idade de seus colegas desta temporada, na qual interpreta a perua Bernadete. “Eu era uma menina de 15 anos. Agora, sou uma mulher. Naquela época era mais difícil porque eu tinha que conciliar com a escola. Mas aprendi muito”, lembra. O preconceito em torno da novelinha não a atinge. “Trabalho é trabalho. Não importa o horário, a emissora. Isso não existe”, avalia a atriz.
Aos 60 anos, Paulo Betti, que vive o desonesto Caetano, diz que aprende com seus jovens colegas. “Adoro ensinar. Fui professor durante sete anos, ajudei a montar o curso de Teatro da Universidade de Campinas (SP). Mas eles me ensinam muito mais. É muito estimulante trabalhar com gente nova. Quanto ao preconceito, posso dizer que estou muito satisfeito. ‘Malhação’ é um lugar de experimentação. Não tem aquele peso de fazer novela, sabe?”.
