Por leonardo.rocha

Rio - Um jornalista desempregado, recém-separado do amor da sua vida, louco por pornografia e sem dose nenhuma de maturidade. É mais ou menos esse Raul que é apresentado nas primeiras cenas de “A Segunda Vez”, nova série do Multishow, que estreia dia 11 de agosto, baseada no romance “A Segunda Vez Que Te Conheci”, de Marcelo Rubens Paiva. Quem vive o protagonista em crise é Marcos Palmeira, que verticalizou seu drama e se envolveu de forma convincente na pele desse cara.

Marcos PalmeiraAg. News


Nessa sexta-feira, o elenco se reuniu em um espaço no Jardim Botânico, no Rio, para coletiva de imprensa, e Marcos, que está gravando “O Rebu” sem parar, falou um pouco sobre a série, que foi filmada no início do ano a toque de caixa. “A gente começou a gravar, e o texto foi se aprofundando na obra do Marcelo cada vez mais. Isso foi muito motivador. Eu nunca tinha trabalhado com atrizes que passassem tanta verdade no set. A gente não quis fantasiar essas histórias, os personagens. Pelo contrário, a gente quis humanizar ao máximo. Foi um ritmo bem intenso, puxado, mas tivemos uma liberdade total no set”, afirmou.

Em 15 episódios, a trama mostra a tentativa da reviravolta de Raul. Quando Ariela (Priscila Sol) decide terminar o casamento, o jornalista, que leva uma passada de perna no trabalho, acaba por intermédio de Carla (Letícia Persiles) entrando no mundo da prostituição de luxo. Ele vai se tornar o cafetão das meninas e vai fazer com que elas ganhem cada vez mais dinheiro. Para isso, o universo das prostitutas é mais do explorado. É sexo, drogas e rock and roll no sentido literal da expressão.

“Muito se fala das cenas de sexo. Eu enxergo como cenas das vidas das personagens. Naquele momento, aquela menina tinha que estar ganhando o dinheiro dela daquela forma. Então, tentamos fazer de maneira espontânea, mais natural possível. Não tinha muito o conflito. O que conseguimos foi ganhar confiança para que isso fosse feito sem exposição demais. O que estava em jogo era: por que essa cena existe? O que a gente ganha com ela? Esse foi o questionamento sempre, nada era gratuito”, avisou o diretor, César Rodrigues, mais conhecido como Cesinha.

As meninas concordaram com o manda-chuva. Priscila Sol, que logo nos 10 minutos do primeiro capítulo aparece em uma cena quente com Palmeira, contou que eles tiverem três ou quatro encontros só para aprender a “olhar no olhar do Marcos”.

“Registrar a intimidade é muito difícil. Então fizemos uma preparação pra gente se conhecer. Quando o Cesinha me falou ‘oh, vai ter cena de sexo. Topa?’, você não comemora, né? ‘Ah, que legal! Cena de sexo!’. Você fica preocupada. Mas eu me senti tão protegida pela equipe, mesmo com o lib (adesivo para proteger o seio) escorregando (risos). Não tive vergonha de nenhum deles. Até chegaram em um intervalo com roupão pra mim e não quis usar. Todo mundo já viu, não já? Então, não precisa de roupão (risos). Ali, todo mundo está trabalhando e vivendo aquele momento de forma técnica”, contou.

Esse ambiente acolhedor foi construído sempre de mãos dadas com Cesinha, que, segundo o elenco, é um excelente diretor de atores. Ele, inclusive, acompanhou as meninas em casas de prostituição. “Esse tempinho de dois meses foi fundamental para formar essa relação entre nós. E fizemos laboratório, fomos conhecer algumas prostitutas, casas de prostituição… Tudo para captar um pouco do universo, que é extremamente machista. As mulheres são constantemente rebaixadas”, disse Letícia.

Cada uma das meninas que interpretam as prostitutas contam um drama diferente. Carla (Letícia Persiles), por exemplo, é uma viciada em cocaína e por isso foi trabalhar na rua, para sustentar seu vício. Já Monique Alfradique, que vive Luisa, tem problemas familiares que a encaminham para essa vida. Eline Porto interpreta uma baiana que se muda para São Paulo com o objetivo de virar modelo e acaba achando um modo de faturar um difícil fácil na rua.

“Ter em mãos um trabalho baseado na obra de Marcelo já garante uma responsabilidade sobre um olhar, uma leitura da vida muita própria. Acho que o livro foi muito feliz na construção do Raul, e o que fizemos foi aprofundar sem medo essa aventura quase irresponsável que o Raul acabou entrando. Ele se envolve com universo que seria, a princípio, apenas uma onda e de repente não conseguir mais sair dele. Foi tudo muito intenso, muito rápido. Era tudo muito legal pra eu conseguir estragar. Pensei: ‘se estão me chamando, eu tenho uma responsabilidade grande que é fazer com que esse casamento dê certo’. Desde o primeiro momento eu fui franco, fui de peito aberto para conseguir consolidar uma história intensa”, disse Cesinha.

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