Por tabata.uchoa

Rio - Não é de hoje que o talento vem se sobrepondo à beleza de Paulo Vilhena. Ainda mais agora, como o esquizofrênico Salvador da novela ‘Império’, papel que possibilitou o ator desconstruir a imagem de galã, deixando mais evidentes a carga dramática e a veracidade do personagem do que seus atributos físicos. E, nessa entrega, ele acertou em cheio e arrebatou o público. “Não quero ser só o galã, quero me aprimorar, me transformar, ter facetas distintas”, pontua Vilhena.

Paulo Vilhena conta que está 100% voltado para a carreiraDivulgação

Com as atenções voltadas para o pintor perturbado, não demorou muito para perceberem a cicatriz que o ator tem na parte de trás da cabeça, resultado de um implante capilar malfeito, na tentativa de reverter a calvície precoce. “Homem só sofre por mulher e pela careca... Pela barriga e pelo time também”, brinca. “Quando me deparei com a minha possível careca, eu era muito mais novo (ele tem 35 anos). Então, de todas as sugestões que pintaram, fui pesquisar sobre o implante. Pensava na questão do trabalho também, porque os atores só conseguem variar personagens através de barba e cabelo, e do físico, engordando ou emagrecendo. Fiz, mas não deu certo. A genética é mais forte. Hoje, tenho coisas mais interessantes para me preocupar. Assumi, e a cicatriz, que já não era um problema, me ajudou na caracterização”, conta.

Desencanado e mais maduro, ele está com o foco 100% voltado para a profissão. Tanto que acaba de experimentar a arte de dirigir. Sob seu comando, ao lado de Snir Wein, estão Klebber Toledo, Suzana Pires, Monique Alfradique e Maria Eduarda de Carvalho, na websérie de humor do site Gshow ‘Ato Falho’. São seis esquetes com paródias de sucessos como ‘Tieta’, ‘Avenida Brasil’, ‘Titanic’, ‘Star Wars’, ‘Romeu e Julieta’ e ‘Beijo no Asfalto’. “A empresa (Globo) acreditou no projeto e abriu esse canal para a gente sair do convencional e poder improvisar”, explica Vilhena, que não tem grandes pretensões na área: “Não penso em dirigir novelas, não tenho essa ambição. Estou feliz atuando.”

O conteúdo diverte no ar e nos bastidores, mas, do outro lado da câmera, é preciso manter a postura. “Sigo a mesma conduta como ator, de respeitar o set. Mas, hoje, o grito, o esporro, a intransigência estão ultrapassados”, avisa. A web também traz a liberdade de criação que a TV, com o politicamente correto, vem perdendo. “A sociedade, muitas vezes, é hipócrita em apontar, julgar o que não acha digno de ser contado, quando na vida real todos cometem seus pecados. Até parece que ninguém gosta de uma sacanagem, que não toma seus porres de vez em quando... Temos que ser mais honestos com nós mesmos”, acredita o ator.

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