Roberto Justus - Divulgação
Roberto JustusDivulgação
Por BÁRBARA SARYNE

São Paulo - Alguns programas deixam a grade de programação de suas emissoras em um determinado momento, mas não são esquecidos. 'O Aprendiz', transmitido pela Record e apresentado por Roberto Justus de 2004 a 2009, é um desses formatos que foram embora e fazem falta até hoje.

"Eu recebo dezenas, centenas, para não dizer milhares de mensagens de fãs que se sentem órfãos do programa", diz Justus. O apresentador ainda conta que foi assim que percebeu o potencial do reality, comprou os direitos da produção e o levou para a Band, que exibirá hoje, às 22h30, a estreia de uma temporada bem conectada da competição.

O elenco contará com influenciadores digitais, como PC Siqueira, Nana Rude e Erasmo Viana, marido da blogueira Gabriela Pugliesi. De acordo com Justus, a intenção é trazer uma cara nova ao projeto para atrair não apenas fãs saudosistas, mas jovens e seguidores dos participantes, que vão querer ver todo mundo sair da zona de conforto.

"Não vamos fazer provas digitais, que é o ramo deles. O mundo é novo, mas a economia está aí. Quem fica parado está fora do mercado, e nós vamos dar exemplos disso no programa", garante o empresário, que terá como conselheiros José Roberto Marques e Vivianne Brafmann. Exigente, ele não pegará leve com os influenciadores e diz que qualquer deslize afastará dos competidores a chance de garantir o prêmio de R$ 1 milhão e um ano de mentoria coach no valor de R$ 200 mil.

Mesmo que não esteja prevista a contratação do vencedor do reality na empresa de Justus, como era feito nas outras edições, o apresentador pretende continuar usando os bordões das temporadas exibidas na Record e garante, de qualquer maneira, estar aberto a fazer negócios com quem demonstrar interesse e potencial como empreendedor.

"O 'você está demitido' é simbólico porque eu não poderia demitir alguém que nem trabalha para mim, é só uma forma legal de eliminar o participante. Na prática, contratei muitas pessoas que passaram pelo programa e foram 'demitidas'. Às vezes, no andar da carruagem, nem sempre o melhor vence", avalia, fazendo uma comparação com o esporte.

"Existem atletas que estão no auge da carreira e não fazem o melhor jogo quando vão para a Copa do Mundo. É natural para o ser humano ter altos e baixos. Eu não fui bom sempre, tenho uma equipe que me ajuda. Algumas pessoas que não venceram trabalham comigo todos esses anos, e se o programa que elas participaram estivesse rolando agora, eu diria que elas deveriam ter sido campeãs de suas edições", explica.

CHEGADA NA BAND

Roberto Justus deixou a Record no ano passado, após não ter seu contrato renovado, e foi aí que teve a ideia de bater na porta de outros canais da TV aberta com a intenção de apresentar novamente 'O Aprendiz'. "Só não fui à Rede Globo. O SBT gostou da ideia, mas a Band foi quem abraçou logo o projeto, abriu as portas mesmo", conta.

O apresentador fala com carinho da emissora de Edir Macedo, onde também apresentou 'A Fazenda' e 'Power Couple', mas afirma ser importante mudar para acompanhar o ritmo do mercado. Agora, inclusive, ele acredita que a mudança fez bem para todos os lados. "A emissora deu uma boa economizada e botou dois apresentadores (Marcos Mion e Gugu) ótimos, então ninguém perdeu com isso", dispara.

Ainda segundo ele, não houve demissão. O que aconteceu é que a Record passou por um momento de reciclagem, e todos os salários, com raríssimas exceções, foram reajustados. "Eu não vivo de televisão, tenho uma carreira consolidada. E quando a TV me pagava algo que interessava, estava ótimo. Quando acenaram uma renovação com padrões que não me interessavam, preferi não assinar", esclarece.

Aos 63 anos, Justus acredita viver um bom momento e diz que jamais cuspiria no prato em que comeu. Ele elogia, inclusive, o desempenho de Marcos Mion e Gugu nos programas que apresentava anteriormente, mas deixa claro sua insatisfação ao ser comparado, mesmo reconhecendo que 'A Fazenda' e 'Power Couple' não fazem muito o seu "perfil".

"Sou autocrítico. Teve um jornalista que começou com essa história de que eu parecia um robô na televisão e eu discordo 100%. Acho que a gente sempre pode melhorar em tudo. Sou um eterno aprendiz, sério e interessado. Mas cada um tem seu estilo, e quando entrei na 'Fazenda', a audiência subiu", afirma.

Dono do formato do reality que acredita combinar mais com a sua trajetória, Roberto adianta que já tem liberação para seguir com o programa por três anos, tudo vai depender do interesse da Band e dos resultados que essa temporada vai apresentar. A expectativa do empresário é alta, já que a emissora faz sucesso com o 'Masterchef' e tem um público interessado em jornalismo e esporte, áreas que também atraem o apresentador.

"O país se transformou em um país novo, mas as carências continuam. E esse programa traz emoção, disputa acirrada, drama, meritocracia quando a gente coloca as pessoas nas recompensas. Em um país que tem um problema de desemprego muito grande, que muitos não conseguem desenvolver profissionalmente e que existe uma carência de educação gigantesca, conseguir trazer um produto desses é um desafio", comemora ele, feliz por ter assinado com a Band sabendo que focará em apenas um programa.

"Eu passava (quando estava na Record) sete meses sem poder viajar com a minha mulher. Na minha idade, depois de trabalhar tanto para construir um patrimônio, brinco que o poder do homem não está na agenda cheia. A agenda vazia é muito mais poderosa porque você escolhe o que vai fazer e faz bem", afirma, com a certeza de que fez a escolha certa.

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