Por tiago.frederico

Brasília - A agência de classificação de risco Moody's rebaixou o rating do Brasil em dois graus, de Baa3 para Ba2, com perspectiva negativa. Com isso, o País perdeu o grau de investimento pela Moody's. Segundo a agência, o rebaixamento foi motivado pela perspectiva de mais deterioração nas métricas de crédito do Brasil, em um ambiente de baixo crescimento, com a dívida do governo podendo superar 80% do Produto Interno Bruto (PIB) dentro de três anos.

A Moody's citou também, em seu comunicado, a "dinâmica política desafiadora", que continua a complicar os esforços de consolidação fiscal das autoridades e a atrasar as reformas estruturais. Além disso, a perspectiva negativa reflete a visão de riscos de que ocorra uma desaceleração ainda maior na consolidação e na recuperação, ou ainda de mais choques surgirem, o que cria incerteza sobre a magnitude da deterioração do perfil da dívida.

A agência diz que as métricas de crédito do Brasil tiveram deterioração perceptível desde que a Moody's determinou o rating Baa3 com perspectiva estável para o País, em agosto de 2015. "Essa deterioração deve continuar pelos próximos três anos, diante da escala do choque para a economia brasileira, da falta de progresso do governo em atingir seus objetivos de reforma fiscal e econômica e da dinâmica política que deve persistir nesse período."

Segundo o comunicado da agência, o rebaixamento busca capturar a maior deterioração, com a perspectiva negativa apontando para os riscos de maior deterioração no perfil de crédito, diante de choques macroeconômicos, uma maior disfunção política ou a necessidade de apoio a entidades relacionadas ao governo.

Moody's é terceira agência internacional a classificar o Brasil como mau pagador
 
A decisão da nota soberana pela Moody's surpreendeu pelo rebaixamento duplo - em dois graus de uma vez só - e marca por ser a última entre as três principais agências de classificação de risco a colocar os títulos da dívida brasileira na categoria de grau especulativo. Com a ação, o Brasil perde o rótulo de bom pagador e, assim, é excluído da cesta de países em que vale a pena investir.

A primeira agência que retirou o grau de investimento do País foi a Standard & Poor's. O rebaixamento veio no dia 9 de setembro do ano passado, quando a S&P cortou em um grau (de BBB- para BB+). Em julho, a agência já havia alertado analistas do mercado financeiro quando, no dia 28, havia alterado a perspectiva da nota para negativa.

A segunda ação de classificação do Brasil como mau pagador aconteceu no dia 16 de dezembro pela Fitch. A agência alterou o rating do Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa.

Na semana passada, a Standard & Poor's decidiu reduzir a nota brasileira em mais um grau. No dia 17, a S&P mudou o rating de longo prazo em moeda estrangeira do País de BB+ para BB com perspectiva negativa.

A decisão dupla da Moody's chega em um contexto político delicado. Nesta quarta-feira, João Santana, marqueteiro das campanhas eleitorais da presidente e Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prestará depoimento para a Polícia Federal. Além disso, o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou que é possível incluir novas provas, colhidas no âmbito da Operação Lava Jato, no processo que pede a cassação do mandato da presidente da República e do vice, Michel Temer.

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