Rio - Com Dilma Rousseff ou Michel Temer, que pode assumir a Presidência da República caso o Senado siga a Câmara e aceite o impeachment contra a presidente, a recuperação econômica permanecerá a passos lentos. Apesar de apostarem em melhora da economia se o governo for derrotado, especialistas ressaltam que além de a resposta não ser imediata, será preciso adotar política contrária à atual, principalmente na questão fiscal.
“Isso é o mais grave na atual política econômica”, avalia o economista da Órama Investimentos e Ibmec, Alexandre Espírito Santo, que acrescenta: “O país está fazendo constantes déficits. Ano passado, a dívida chegou a R$ 120 bilhões e este ano a R$ 100 bilhões. Temos uma dívida enorme e que fez o país perder o seu grau de investimento”.
Especialista em Finanças, Alexandre Prado diz que a mudança do governo é condição necessária para a economia voltar a crescer, mas não será suficiente para recuperação imediata. “Dilma pode até sair, mas os problemas fiscais e o desemprego não sairão com ela”, afirmou.
A falta de credibilidade foi um dos fatores apontados por Pedro Rafael Perez, diretor da Associação Comercial do Rio. “A aceitação da estratégia que for tomada pela política econômica de um eventual governo Temer será fundamental para a recuperação da credibilidade do Brasil”, adverte.
Em um cenário de desemprego e inflação em alta, o analista do Swiss Quote Bank, Paulo Guimarães recomenda cautela. “A inflação já está caindo, mas para patamares ainda altos e com um remédio que está matando o doente: a recessão, o desemprego e a inadimplência”, alerta.
Ajuste fiscal surtirá efeito
Para o economista da FGV/EPGE, Antonio Carlos Porto, a inflação em queda é resultado do ajuste fiscal adotado pela presidente Dilma Rousseff ano passado. Ainda que o cenário recessivo seja apontado por especialistas como resultado do recuo dos indicadores, Porto afirma que foi a política econômica do governo que controlou a inflação.
“O governo aumentou os juros para conter a inflação e está dando certo agora. É uma política de longo prazo”, diz o especialista, avaliando cenário positivo para os próximos meses. “Teremos a recuperação da atividade econômica, com o governo reduzindo mais juros, o que levará à redução do déficit”. Ontem o mercado viveu movimento de correção de preços. O dólar chegou a cair 1,15% na abertura, mas a cotação inverteu e fechou em alta de 2,24% a R$3,6054. A Bovespa caiu 0,63%, aos 52.894,08 pontos.