Por thiago.antunes

Rio - Os servidores ativos e inativos do estado viveram ontem a expectativa e apreensão pelo crédito de seus salários nas contas. Além de sofrerem com o parcelamento dos vencimentos e não saberem quando a outra parcela será paga, diversas categorias só receberam no início da noite de terça-feira.

Exceto para os profissionais ativos da Secretaria de Educação, o governo depositou para o restante do funcionalismo R$ 1 mil e mais 50% da diferença entre o valor líquido dos rendimentos e a parcela de R$ 1 mil. Mas a apreensão de quem não é correntista do Bradesco — banco responsável pelos pagamento do funcionalismo — porque aderiu à portabilidade, foi ainda maior. É o caso da professora aposentada Lucy Abreu, de 66 anos.

Servidores esperam por salários na contaDivulgação

Ela, que vive há meses o drama de não saber quando será paga pelo governo, não havia recebido a parcela de seu salário ontem na conta do Itaú. “Trabalhei 27 anos no estado para passar por isso. A Constituição diz que o salário é provedor, mas o estado não respeita a lei”, reclamou ela, que teve de reprogramar as contas devido aos atrasos.

“Chega uma idade que nós queremos é ter estabilidade, mas não temos. Hoje, trabalho numa escola particular e, diante desse quadro, não posso parar, pois conto com essa renda”, explica Lucy, que ainda paga plano de saúde individual.

'Promessa cumprida'

A Secretaria de Fazenda informou à coluna que “todos os servidores ativos, inativos e pensionistas estão recebendo hoje (ontem)”. Explicou que a demora deve-se ao fato de os pagamentos serem feitos com receitas diárias de tributos que ingressam no caixa, inclusive no dia do pagamento. Os créditos ocorreriam ao longo do dia, como nos últimos meses.

Defensoria cobra data

A Defensoria Pública notifica hoje as secretarias de Fazenda e de Planejamento para que informem em 24 horas a data de pagamento da 2ª parcela do salário dos servidores. O órgão pede ainda que seja divulgado o valor restante para quitação da folha de maio. O objetivo é que, diante as respostas, a Defensoria possa tomar as medidas judiciais cabíveis.

Setor reclama

Presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze afirmou que até o fim do expediente bancário de ontem nenhum profissional do setor foi pago. “As pessoas se frustraram”, afirmou Darze, acusando o governo de “torturar o servidor”: “O estado expõe as categorias à situação em que elas perdem a governabilidade da próprias vidas”.

Constrangimento

Militares do Corpo de Bombeiros relataram a demora no pagamento. Um subtenente da corporação contou que se programou para fazer compras do mês no mercado, mas ao tentar pagar, descobriu que a parcela não havia sido depositada. “Ainda passo por esse constrangimento”, disse ele, que só teve o crédito na conta após as 20h.

Apreensão

Em colapso financeiro, a Polícia Civil amargou ontem mais um dia de dificuldades dos servidores. Segundo o presidente da Colpol-RJ (coligação que representa a categoria), Fábio Neira, mesmo com a promessa de pagamento da primeira parcela do salário, havia uma expectativa do setor de os vencimentos não serem depositados.

Estratégias

Segundo Fábio Neira, diante do receio de não serem pagos, os servidores estudaram a possibilidade de trabalhar em delegacias próximas de suas casas. “Não é greve. Isso é quando o servidor não tem dinheiro para trabalhar”, disse. A estratégia ainda poderá ser adotada. A instituição aguarda a doação de R$ 13,5 milhões da Alerj.

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