Com oferta maior que a demanda especialista diz que poder de barganha está com o inquilino
Por thiago.antunes
Rio - A queda constante no preço dos aluguéis vem favorecendo inquilinos, que com o recuo da taxa têm conseguido negociar a redução do valor em até 20%. A informação é do vice-presidente do Secovi Rio, Leonardo Schneider.
“As negociações entre inquilino e proprietário são a tendência natural diante do quadro de crise do pais”, diz. “Os proprietários estão aceitando negociar porque não querem o imóvel vazio, situação que acarreta em custo”explica Schneider, que informou que os valores recuaram 0,11% em novembro em todo Brasil.
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No ano, chega a 3,21%, segundo dados da FipeZap. De acordo com indicadores do estudo, avalia Scheneider, a tendência do mercado deixou o poder de barganha nas mãos de quem vai alugar o imóvel. De acordo com a FipeZap, o Rio de Janeiro é a cidade com maior queda no preço de aluguel (-0,47%).
Mesma opinião tem o economista da FipeZap, que fez o levantamento, Bruno Oliva. Ele destaca a importância de negociar a redução no preço do aluguel tendo como base os índices das pesquisas, que aponta que além do recuo de preços, a oferta está maior que a demanda.
“As pesquisas apontam a realidade do mercado imobiliário, fazendo com que os locadores não tenham alternativa a não ser aceitar negociações”. Ele orienta aos que já têm contrato que negociem com o dono do imóvel.
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“Mesmo com o contrato vigente, o inquilino tem poder de barganha porque a dinâmica do mercado resultou num preço diferente de quando ele entrou no imóvel”, orienta. Agora, se o locador se mostrar irredutível, ele é enfático: “o inquilino pode pesquisar preços mais em conta e mudar”.
Oliva explica porque a transação é uma alternativa inteligente: “O próximo morador que entra não paga com o reajuste, já que a realidade do mercado é outra. O locador teria que readequar o valor, ou seja, alugar por menos do que estava alugada para o inquilino antigo”.
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E foi isso o que fez a diarista Ana Paula Mesquita, de 46 anos, moradora de Belford Roxo. “Todo ano a proprietária aumenta o valor e nós pagamos certinho. Meu marido vive dizendo que vai procurar uma nova casa para morarmos”, conta. E essa será a alternativa se a proprietária não reduzir o valor do aluguel.
Rio apresenta a maior queda no valor do aluguel
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O Rio de Janeiro apresentou o maior recuo no mês (-0,47%), porém ainda é o mais caro por metro quadrado ( R$ 35,39). Já Curitiba ocupa o segundo lugar (-0,28%) seguida de Porto Alegre com -0,20%. Enquanto São Paulo, a maior cidade do País, teve baixa de apenas 0,10%.
Os preços de locação residenciais no Brasil registraram queda nominal de 0,11% na passagem de outubro para novembro de 2016. Essa foi a 18ª variação mensal negativa nos últimos 19 meses. Desta maneira, o Índice FipeZap de Locação acumula variação de -3,21% em 2016 e de - 3,24% nos últimos 12 meses. Em novembro de 2016, o preço médio do metro quadrado de locação nas cidades foi de R$ 30.
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Os preços considerados para o cálculo do índice se referem a anúncios para novos aluguéis, ou seja, não são consideradas as correções dos aluguéis em contratos vigentes.
Os contratos em vigência são geralmente ajustados pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Normalmente, as imobiliárias notificam o inquilino quanto ao reajuste. Mas ele deve ser previsto em contrato e acontece anualmente.
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Em alguns casos as imobiliárias optam por não dar reajuste anual. É o caso do empresário do ramo imobiliário, Fernando Vieira, que já sente as quedas dos preços dos aluguéis desde o ano passado, desde então não reajusta os valores das casas alugadas. “Muitos imóveis estão vazios, a saída foi não reajustar os valores e em alguns casos entrar em acorod com o inquilino antigo”, conta.