Por bianca.lobianco
Rio - A expectativa do governo estadual é de quitar os salários em atraso de novembro antes do dia 17 deste mês. Pelo calendário divulgado anteriormente pelo Executivo, essa seria a data de pagamento da quinta e última parcela.
Mas, segundo fontes, pode haver antecipação e os servidores receberem a integralidade dos vencimentos na semana que vem. Ontem, inclusive, o estado deu sinais de que o alívio no fluxo de caixa pode levar a isso: decidiu adiantar para hoje o crédito programado para segunda-feira e com valor atualizado de R$ 1 mil. Antes, eram previstos R$ 342. 
Servidores fazem protestoPaloma Savedra / Agência O Dia

A antecipação e o acréscimo do valor dessa parcela que seria creditada na segunda-feira e acabou sendo programada para hoje devem-se ao aumento da arrecadação, segundo a Secretaria de Fazenda. Mas, além disso, o impedimento de novos bloqueios das contas do Rio aliviou — e muito — a situação das finanças.

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Na segunda e quarta-feira, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, deferiu liminar favorável ao Rio evitando o confisco das contas estaduais nos valores de R$ 192 milhões e de R$ 181 milhões, respectivamente. A decisão atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral do Estado, que alegou a obrigação do governo de pagar os salários e os graves riscos aos serviços públicos que os bloqueios causariam.
Ou seja, nos bastidores do governo, diz-se que se nenhum elemento ‘surpresa’ surgir e afetar as finanças estaduais, o funcionalismo pode ter seus vencimentos quitados semana que vem.

Aliás, o décimo dia útil — que é a data oficial de pagamento dos salários — cairá também na semana que vem. E, mesmo em grave crise, o estado tem que correr para honrar esse calendário referente a dezembro. A previsão, no entanto, não leva a crer que vá ocorrer.

Servidores fizeram manifestação contra o governo estadualPaloma Savedra / Agência O Dia

ATO DO MUSPE NO PALÁCIO

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Enquanto houver atrasos salariais e parcelamentos a insatisfação do funcionalismo só vai crescer. Ontem, o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) promoveu mais um ato em frente ao Palácio Guanabara. A manifestação reuniu servidores ativos, inativos e pensionistas de todas as categorias, como a professora aposentada Marila Bastos, 82 anos. Ela relata sérias dificuldades de tratar de sua saúde com a falta de pagamento.
“Preciso comprar remédios para pressão, já sofri duas isquemias e passei por cirurgia na tireoide”, conta ela, que é viúva e recebe pensão do INSS do ex-marido. “Mas não dá para pagar plano de saúde e o atraso do estado afeta demais as contas”.
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Um dos líderes do Muspe, Mesac Eflain, da ABMERJ, promete mais protestos: “Chega de atraso salarial e desse tratamento que o governo tem com o servidor”.
REUNIÃO DO MUSPE
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PRÓXIMOS PROTESTOS
No ato de ontem, líderes do Muspe agendaram reunião para amanhã. Eles vão organizar os próximos protestos e ações que as categorias pensam em tomar. “Além dos atrasos salariais, identificamos apropriação indébita pelo estado. Servidores contratam empréstimo e o governo não faz os repasses”, disse Eflain. Também líder do Muspe, Ramon Carrera, do SindJustiça, afirmou que o Muspe apresentará à Alerj outro pedido de impeachment do governador Luiz Fernando Pezão.
EXONERAÇÃO 1
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DE LÍDER SINDICAL
Um dos líderes sindicais da Associação dos Analistas de Fazenda do Rio (Anaferj) Rogério Barcelos — que é estatutário — foi exonerado de um cargo em comissão em meio à greve da categoria. A entidade acredita que foi retaliação à paralisação. Ele é diretor de Planejamento da Anaferj e estava há dois anos como diretor de capacitação da Escola Fazendária, responsável pelos cursos de capacitação de todos os 2,4 mil servidores da Fazenda. 
EXONERAÇÃO 2
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RESPOSTA DA FAZENDA
A Secretaria de Fazenda negou que a medida tenha sido em represália. “A secretaria não faz retaliações a servidores participantes de movimentos grevistas”, dizia a nota. Afirmou ainda que a exoneração ocorreu por decisão administrativa, “que faz parte da rotina da pasta”. A Anaferj informou que “lamenta profundamente o desprezo ao servidor” e classificou o ato como “covarde”. “Não nos intimidará”.