Por thiago.antunes

Rio - Como O DIA noticiou, foi promulgada a lei que autoriza o comércio a cobrar preços diferenciados nas vendas. Trata-se de medida polêmica que, implantada de forma abrupta vai gerar confusão, mas é acertada. Antes o preço praticado à vista devia ser igual ao das vendas sem parcelamento no cartão de crédito.

Agora, com a nova regra, cada comerciante pode estabelecer seu critério, desde que seja claramente informado ao cliente antes de fechar negócio.

Uma situação comum ocorre nas vendas com cartão, posto que parte do valor da operação é descontada como taxa da operadora do valor final que o lojista recebe.

Muitas lojas, quando o pagamento é feito à vista, em dinheiro, dão abatimento correspondente a economia por não precisa usar o sistema de crédito ou débito das maquininhas. Uma compra de R$ 100, pode sair, por exemplo, por R$95, se paga com dinheiro vivo.

Outra questão envolvida é que na matemática financeira dos juros, o dinheiro hoje não vale a mesma coisa que daqui a 30 dias ou em prazo maior. É fácil imaginar que quanto mais tempo se leva para receber, menos o dinheiro vale. A remuneração pela espera é chamada de juros. Só que a parcela não vinha sendo explicitada nos preços. Ficava escondida.

Na TV é recorrente ver propaganda da loja de eletrodoméstico anunciar a promoção imperdível da máquina de lavar em 12 parcelas iguais, sem juros. Você que não é bobo, sabe que esse tipo de oferta não é bem assim. Eles calculam os acréscimos e somam no preço e dizem que o valor cheio é o preço à vista.

Mas se chegar na loja com dinheiro ou pedir parcelamento numa quantidade menor de vezes, o valor final, como se fosse milagre, diminui sensivelmente. Para tapear, o vendedor chama o gerente, faz teatrinho e o chefe, com senha, sacramenta tudo no computador.

O que nova lei veio permitir foi a oficialização do desconto para pagamento à vista, no cheque e dinheiro, que passa a poder ter preço diferente da operação liquidada com cartão e a prazo. Tudo isso é benéfico, mas para funcionar bem, é preciso informação clara e honesta sobre as regras de pagamento e que o cliente revise seus conhecimentos de matemática (pelo menos de porcentagem) para não continuar sendo enganado.

Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

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