Por thiago.antunes

Rio - O começo de mês é sempre a mesma novela: o dinheiro cai na conta e logo vai embora. E você não entende porque não sobra dinheiro nem faz ideia de quanto gasta. Se isso acontece na sua casa, está na hora de dar uma atenção especial à vida financeira. Para ajudar a organizar as dívidas, fazer o dinheiro render todo o mês e até sobrar algum para aplicar, o Conselho Regional de Contabilidade do Rio (CRCRJ), em parceria com a Escola de Educação Financeira do Rioprevidência (EEF), criou o "Doutor Finanças", um serviço oferecido por contadores e especialistas em planejamento financeiro pessoal.

Há dois anos%2C a agente de saneamento Meyrilane começou a investir em títulos públicos. As aplicações são para viagens e aposentadoria Divulgação

"A iniciativa visa auxiliar as pessoas a colocar suas finanças no papel, analisar de que forma o dinheiro está saindo e, com isso, poder organizar suas contas a fim de ter uma vida financeira saudável", explica Luiz Antonio Leal, conselheiro do CRCRJ, que complementa: "A dica é fazer um bom orçamento, observando três fases: planejamento, execução e controle", orienta.

De acordo com a Escola de Educação Financeira, desde 2011 já foram atendidas gratuitamente 930 pessoas.

A entidade oferece em seu site uma cartilha sobre Educação Financeira, contendo as principais orientações sobre finanças em família, poupança e direito do consumidor. O material pode ser baixado em PDF gratuitamente, acessando http://www.crc.org.br/_livros/2017/Cartilha2017.pdf.

'Abri uma conta poupança logo que comecei a trabalhar. Desde então%2C invisto parte do meu salário'%2C Isabele Pacheco%2C bancárioDivulgação

A agente de saneamento Meyrilane Telles, 22 anos, começou há dois anos a se organizar financeiramente após assistir vídeos na internet. "Dedico a maior parte do meu capital para investir. Tenho aplicações em todas as modalidades de títulos públicos que são oferecidos no Brasil (Tesouro Selic, IPCA e prefixado) e também em investimentos privados de renda fixa. Penso nos meus investimentos a médio e longo prazos, como planejar viagens e ter dinheiro para quando me aposentar", diz.

Uma em cada 4 pessoas guarda dinheiro

Somente um em cada quatro brasileiros conseguiu economizar dinheiro em agosto, e a renda limitada é o motivo apontado por quem não poupou nenhuma parcela de sua renda mensal, mostra pesquisa do birô de crédito SPC Brasil. O indicador de reserva financeira calculado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 75% dos entrevistados não guardaram dinheiro em agosto, aumento de 3,4 pontos percentuais na comparação com julho.

Segundo o birô, 48% disseram que não conseguiram economizar por conta da baixa renda. O desemprego elevado fez com que a ausência de renda fosse mencionada por 16% dos consultados pelo SPC Brasil, enquanto imprevistos responderam por 14% das razões para não poupar.

A bancária Isabelle Pacheco, 22 anos, investe na caderneta de poupança desde os 18 anos. "Abri uma poupança logo que comecei a trabalhar. Desde então, invisto parte do meu salário. Tomei essa decisão, pois queria ter uma reserva em caso de emergência e para objetivos futuros. É muito válido essa economia, pois é um investimento simples e de baixo risco", afirma a bancária.

Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, explica que, mesmo que não se poupe um valor expressivo, o hábito de guardar dinheiro ajuda a não ultrapassar os ganhos e a manter um maior controle financeiro.

"Se o consumidor for surpreendido por alguma situação que demande dinheiro, e não dispor da quantia, poderá acabar tendo que recorrer a empréstimos e pagar juros que, em geral, são muito elevados. É sempre muito inconveniente ter que buscar recursos numa hora ruim. Daí a importância de estar minimamente preparado para fazer frente a esses eventos", diz.

De acordo com a pesquisa feita, somente 33% dos brasileiros têm o hábito de poupar. O investimento escolhido por 61% de quem guarda dinheiro habitualmente é a caderneta de poupança. Já os fundos de investimentos aparecem com 8% e os CDBs (títulos bancários) são opção de apenas 5%.

 

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