Marcelo Caetano, secretário de Previdência Social: 'A Previdência não cobra para prestar serviço que é um direito do cidadão, que contribuiu a vida inteira' - Antonio Cruz / Agência Brasil.
Marcelo Caetano, secretário de Previdência Social: 'A Previdência não cobra para prestar serviço que é um direito do cidadão, que contribuiu a vida inteira'Antonio Cruz / Agência Brasil.
Por MARTHA IMENES

Rio - Nem a Secretaria de Previdência Social escapa da sanha dos fraudadores, que usam o nome da autarquia para oferecer benefícios e extorquir aposentados e pensionistas do INSS. A pasta alerta para que os segurados fiquem atentos: "A Previdência não cobra para prestar um serviço que é um direito do cidadão, que contribuiu a vida inteira para ter direito a seu benefício", adverte o secretário de Previdência, Marcelo Caetano.

A abordagem dos fraudadores costuma acontecer da seguinte forma: eles entram em contato, por telefone, com segurados e se identificam como integrantes do Conselho Nacional de Previdência (CNP) e oferecem algum tipo de benefício.

Afirmam que o aposentado ou pensionista teria direito a receber valores atrasados, geralmente, grandes quantias de dinheiro, e pedem que entrem em contato com eles por meio de um número de telefone.

Quando o aposentado faz a ligação, os fraudadores pedem ao segurado que informe dados pessoais e solicitam o depósito de determinada quantia em uma conta bancária, para liberar um pagamento que não existe.

O aposentado Reynaldo Stefano, de 78 anos, foi vítima desse tipo de abordagem, mas ao invés de ligar para a quadrilha, ele entrou em contato com a Previdência para saber do que se tratava.

"Eles ligaram informando que eu teria direito de receber um valor referente a uma revisão no meu benefício do INSS, mas antes de ligar para o telefone que eles me informaram entrei em contato com a Previdência e constatei que se tratava de um golpe", afirma o aposentado que se livrou de uma furada.

Interesse dos idosos

Os golpes dos estelionatários costumam envolver temas de muito interesse dos idosos, como pagamento de valores atrasados, revisão de benefício, cartas precatórias, portabilidade de crédito a juros mais baixos, atualização de cadastro, entre outros. Mas toda movimentação sobre os aposentados não está passando despercebida pelas autoridades, que mantêm parceria entre a Secretaria de Previdência, INSS, Advocacia-Geral da União, Polícia Federal, Ministério Público Federal, para combater crimes contra o sistema previdenciário.

"Nem todo mundo reclama. A gente sabe disso. O que existe é uma máfia de olho nesse público, porque há muitos que ainda caem em conversa fácil", diz João Inocentini, diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), ligado à Força Sindical.

Denúncias por Internet ou telefone

Os aposentados e pensionistas do INSS que receberem qualquer tipo de ligação telefônica não devem fazer depósito em conta bancária ou forneça seus dados pessoais. A orientação é da advogada Adriane Bramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP).

Caso seja vítima de alguma armadilha, a Secretaria de Previdência orienta que o aposentado registre imediatamente um boletim de ocorrência na Polícia Civil e comunique o fato à Ouvidoria-Geral da Previdência Social.

Para entrar em contato com a Ouvidoria, basta ligar para a Central de Atendimento 135 ou acessar a página da Secretaria de Previdência (www.previdencia.gov.br) na Internet.

Força-tarefa desarticula quadrilha

Iniciativas para evitar fraudes são constantes. Em 24 de julho, a Força-Tarefa Previdenciária deflagrou, em Maceió (AL), a Operação Partenon, com objetivo de desarticular associação criminosa especializada em fraudar o INSS. Durante a ação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão em residências, no escritório dos suspeitos e em um posto do instituto.

A investigação começou em 2015, após denúncia à Polícia Federal e à gerência-executiva do INSS em Maceió, apontando irregularidades na concessão de auxílio-doença. A quadrilha usava pessoas em plena atividade laboral que conseguiam receber benefício por incapacidade com a ajuda de escritório de advocacia e a suposta participação de servidor do INSS.

O prejuízo identificado até o momento é de pelo menos R$ 444 mil. Segundo o INSS, a desarticulação do esquema proporcionará economia anual estimada em mais de R$ 1,8 milhão.

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