Athayde com o motorista Rafael - DIVULGAÇÃO
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Por MARTHA IMENES

Rio - Parceria entre a Central Única das Favelas (Cufa) e a Uber promete inserir o transporte por aplicativo, até então restrito ao "asfalto", em favelas em todo país. Desde terça-feira moradores de Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, contam com quatro pontos de embarque, chamados de parklets, para sair ou chegar na comunidade. Essa é a primeira vez que a Uber se faz presente em uma favela no mundo. O projeto também será implementado no Rio.

Em conversa com O DIA Celso Athayde, fundador da Cufa e CEO do grupo Favela Holding, explicou que a parceria com a Uber usará Heliópolis como projeto-piloto. A expectativa é que moradores de outras regiões também se mobilizem para levá-lo para suas comunidades.

Perguntado sobre quando o projeto chegará ao Rio, que tem hoje 1.226 favelas, segundo levantamento do Data Favela, Athayde dá a dica: "As lideranças comunitárias podem entrar em contato conosco pelo site da Favela Holding (https://www.fholding.com.br/) e juntos podemos estudar as condições para viabilizar esse projeto". E faz mistério: "Quem sabe ainda este ano a gente consiga trazer o Uber para a favela no Rio? Nunca se sabe".

"O sinal da Uber é restrito em algumas regiões de favela, e isso dificulta o ir e vir do morador porque além de não ter o sinal para usar o aplicativo, as vezes ele dá de cara com alguém que não aceita a corrida por dificuldade de acesso", diz.

"Mas agora com o sinal aberto em Heliópolis, esperamos mostrar que além de impulsionar a mobilidade, vai democratizar o serviço", avalia Athayde. Os moradores, acrescenta, poderão aproveitar as oportunidades de trabalho que o aplicativo oferece, como o Uber Eats, e desenvolver o empreendedorismo local.

Como funciona

Após mapeamento de toda região, foram instalados quatro pontos de embarque em locais de fácil acesso e que ficam a, no máximo, sete minutos de caminhada de qualquer local da comunidade. Nas rodas de conversa com representantes da favela, a Cufa e a Uber identificaram erros nos mapas digitais, aliados a ruas estreitas, faziam com que a experiência de pedir um carro na comunidade não fosse satisfatória.

"Inserimos no aplicativo uma tecnologia que orienta o usuário para os pontos de embarque, a partir do momento que ele solicita a viagem. Ele poderá escolher um dos quatro pontos no próprio aplicativo e caminhar até o local para encontrar o motorista parceiro. Assim, melhoramos a experiência e tornamos o serviço acessível para todos", afirma Fabio Plein, gerente-geral da Uber para São Paulo.

Trabalho conjunto

A iniciativa aconteceu por meio do trabalho de duas empresas do grupo Favela Holding, conjunto de empresas voltadas para ações sociais que tem como CEO o executivo social Celso Athayde, as duas são a InFavela, agência de live marketing, e a Comunidade Door, responsável pela instalação de outdoors em favelas. A Cufa é a principal parceira social da Favela Holding.

Por meio da parceria, equipes da Cufa e da Uber realizaram uma série de reuniões com lideranças e instituições de Heliópolis para entender as principais demandas da região. Foram identificadas inicialmente duas necessidades principais: melhorar a experiência das pessoas que querem utilizar o aplicativo e apresentar para os moradores novas oportunidades para geração de renda, seja dirigindo com a Uber, fazendo entregas ou empreendendo com o Uber Eats.

"Precisávamos de um parceiro que pudesse nos ajudar nesse projeto de levar oportunidades para as pessoas de Heliópolis de forma simples, colaborativa e inclusiva, e que ao mesmo tempo conseguisse nos ajudar a causar um impacto positivo sobre a mobilidade do dia a dia. A Uber foi uma escolha lógica, porque é uma empresa que pode colocar a sua tecnologia a esse serviço e desenvolver com a gente uma série de projetos e iniciativas de longo prazo", afirma Athayde.

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