Por bferreira

Rio - Nada de armário para os candidatos. Depois da declaração de Marcelo Crivella (PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, de que “homossexualismo é pecado” e a recusa em assinar documento em que se comprometeria com políticas públicas de combate à homofobia, ativistas do movimento das Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) decidiram entregar documento com nove reivindicações a todos os postulantes ao governo do estado.

“O sinal amarelo acendeu. Houve avanços e ampliação de políticas de combate a homofobia e promoção de cidadania LGBT nos últimos anos e, agora, estamos com medo de que o próximo governo não as amplie ou, pior, acabe com o que foi conquistado”, explicou ao DIA Júlio Moreira, da ONG Arco Íris, que reuniu as propostas.

Dentre elas, há o pedido para que o orçamento das políticas públicas seja garantido, além de que o próximo governador sancione o projeto de lei que pune o estabelecimento comercial que discriminar LGBT. Foi este projeto especificamente que Crivella questionou, recusando-se a assinar, duas semanas atrás. Há ainda o pedido para que se mantenha e amplie o Núcleo de Investigação Especializada da Polícia Civil para crimes por discriminação de identidade de gênero e orientação sexual.

Segundo levantamento dos Centros de Cidadania LGBT do Rio, em 2013, dos 2.598 LGBT que procuraram apoio jurídico e psicológico num dos quatro Centro de Referência, 25% eram vítimas de violência homofóbica. Houve ainda registro de 15 homicídios motivados por ódio.

O jornalista Bruno Bimbi, autor do livro ‘Casamento Igualitário’, diz que o avanço poderia ter sido maior. “A questão do bullying na escolas, por exemplo, houve? Não. Embora tenha havido avanço, falta alcance desta política nas questões mais de fundo. No interior do estado não há atendimento”, reclama.

Procurados pelo DIA, todos os candidatos garantiram que “não vão discriminar ninguém”. “Governarei para todos”, prometeu Crivella, acrescentando: “Vou manter o programa ‘Rio sem Homofobia’, que atende à população LGBT com prestação de serviços como amparo psicológico e assistência jurídica a casos de violência, além de garantir a plenitude da cidadania.”

Anthony Garotinho (PR), que também é evangélico, disse que separa religião e “gosto pessoal” dos cargos públicos. “Fui eu quem criou o primeiro Disque LGBT. Nunca discriminei”, afirmou Garotinho. O candidato Lindberg Farias, embora filiado ao PT que, historicamente, tem militância no movimento gay, preferiu ser genérico nas respostas às perguntas do jornal, afirmando que lutará contra todas as discriminações.

O governador Luiz Fernando Pezão candidato à reeleição por uma grande coligação liderada pelo PMDB, elogiou as ações do ex-governador Sérgio Cabral, de quem foi vice, e prometeu ampliar os programas de combate à homofobia.

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