Por thiago.antunes

Rio - O confronto aberto marcou o primeiro debate entre os candidatos ao governo do Rio, promovido ontem à noite pela Band no teatro Oi Casagrande. Os postulantes condenaram alianças feitas pelos concorrentes e fizeram críticas no melhor estilo ‘eu sei o que vocês fizeram na gestão passada’. Em mais de uma ocasião, Anthony Garotinho (PR) iniciou os embates, com ironias e agressões.

GALERIA: Primeiro debate com candidatos ao governo do Rio

Logo na primeira pergunta, o candidato do PR questionou o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) sobre processos abertos contra o secretário estadual de Obras, Hudson Braga, e o subsecretário extraordinário para a reconstrução da Região Serrana, Affonso Henriques Monnerat Alves, sobre irregularidades em obras feitas na região. Pezão respondeu que Garotinho era o ‘campeão em matéria de processos’, sendo aplaudido pela plateia.

Candidatos abusaram de ironiasDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

No terceiro bloco, Garotinho colidiu com Lindberg Farias (PT). O senador petista citou a cidade de Campos, governada por Rosinha Garotinho, como a cidade com a pior educação do estado, mesmo recebendo R$ 1,2 bilhão de royalties do petróleo. Segundo Garotinho, a cidade melhorou seu desempenho em 12% na gestão de Rosinha. “O candidato insiste na mentira. Campos estava tão ruim no governo anterior, cujo vice era do PT, partido dele, que, mesmo crescendo 12%, o índice continua baixo”, reagiu.

Lindberg contra-atacou afirmando que os Garotinho dominam a administração da cidade há tempos.
“Garotinho e sua esposa governaram Campos por vários mandatos, e a cidade está em último lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Eu me envergonharia deste resultado”, disparou Lindberg.

Primeiro debate foi marcado por trocas de acusaçõesAndré Luiz Mello / Agência O Dia

O petista também foi alvo de críticas severas de Tarcísio Motta (Psol), por causa de suas alianças. Apesar de os dois terem convergido em diversas questões programáticas, como a política de cotas e a desmilitarização da Polícia Militar, Motta lembrou que o senador fez parte da base de sustentação de Sérgio Cabral durante muitos anos e o criticou por ser conivente com o tratamento dado pelo governo de Eduardo Paes (PMDB) aos professores. “Paes bateu em professor, cortou ponto. Se é para romper, tem que romper com todo mundo, e programaticamente”, disparou.

Lindberg não escolheu somente um alvo e atacou vários rivais de uma vez só, tentando mostrar que ele é uma alternativa contra outros propostas que representam mais do mesmo. “O candidato Pezão começou como braço direito de Garotinho. Foi secretário de Rosinha e vice do Cabral. São os mesmos nomes de sempre: Cabral, Pezão, Garotinho, César Maia...É preciso um novo caminho da política”, afirmou ele, quer tentou colar sua imagem à do ex-presidente Lula em diversas ocasiões.

O governador Pezão aproveitou a plataforma televisiva para enaltecer seus feitos e ressaltar promessas. Já Marcello Crivella (PRB) preferiu evitar ataques pessoais e pediu mais humildade a Garotinho.

Divergência sobre desmilitarização da PM

Ao final do primeiro bloco de debate, os candidatos foram questionados se apoiam a desmilitarização da polícia. Garotinho, Pezão e Crivella se manifestaram contra a medida. Já Lindberg e Motta disseram ser favoráveis à proposta em tramitação no Congresso. “Não estamos preparados (para desmilitarização)”, argumentou Pezão. Para Lindberg, é preciso fazer a reforma da polícia no Brasil. “Nossa política está preparada apenas para a guerra”, disse.

Os candidatos também foram confrontados sobre suas opiniões sobre a legalização da Maconha. Todos se posicionaram contra a medida, à exceção de Motta, que afirmou ser a favor da legalização. “Liberada a maconha está hoje. Temos que dar condições ao governo para que ele trate o uso problemático das drogas como saúde pública”.

Lindberg afirmou ser contra a medida, mas disse que “a política da guerra fracassou”. Garotinho disse ser “radicalmente” contrário à legalização. “Todos os estudos verificaram que onde isso foi tentado, não funcionou.”

Plateia não respeita as regras

Franco atirador no debate, o candidato Tarcísio Motta, do Psol, era o único dentre os cinco ainda desconhecido do público. E ganhou um apoio de peso. Desde sua chegada teve a seu lado os deputados Marcelo Freixo, estadual, e Chico Alencar, federal.

Outro destaque foi a participação da plateia, que não respeitou as regras do debate. A claque do governador Pezão se manifestou quando o candidato foi questionado por Garotinho acerca do desvio de verbas destinadas às vítimas das enchentes na Região Serrana. Ao responder dizendo que Garotinho sabe mais do que ninguém o que é responder a processos na Justiça, seus assessores foram ao delírio.

Com Pezão pouco afeito à retórica, e muito atacado por Garotinho, coube ao grupo do governador ironizar as respostas. O grupo do deputado federal chamou Pezão de mentiroso quando afirmou que legalizou o transporte alternativo. 

Outro momento divertido foi a confusão de Crivella ao falar da descriminalização da maconha. O senador respondeu que empresas foram fechadas na Holanda, e que o país vivia um “problema nos aviões” por causa da droga, sem explicar do que se tratava. Foi a deixa para a plateia cair na gargalhada.

Considerações finais com mais ironias

A ironia que marcou o primeiro debate entre os candidatos ao governo do Rio, promovido pela Band no Teatro Casa Grande, também esteve presente nas considerações finais dos candidatos ao Palácio Guanabara.

Garotinho reforçou suas propostas, voltou a lembrar os anos em que ele e sua esposa, Rosinha Matheus, ocuparam o cargo, e atacou os adversários. "Aqui temos candidato da Record, da Globo, do Mensalão, da Fetranspor. Estou aqui pelo povo. Não há uma cidade em que não haja meu amor e carinho, dos anos em que estive no poder", disse.

Já Pezão preferiu ressaltar os prêmios que recebeu quando foi prefeito de Piraí, por conta do programa de internet banda larga implementado na cidade. O candidato fez elogios ao programa de pacificação, prometeu mais avanços. Ele elogiou o vice, Francisco Dornelles, a quem chamou de "de maior homem público do Brasil".

Lindberg Farias relembrou sua trajetória desde que começou com o líder estudantil na Paraíba dos anos 1980, prometeu que irá "olhar para todos" se for governador, e voltou a citar Leonel Brizola. "Ele teve coragem de fazer a escola em horário integral", indicou.

Tarcísio Motta atacou os adversários, a quem chamou de "quatro Cabrais". "Um candidato diz que está tudo bem, o outro parece dizer que os problemas começaram há 8 anos, e os outros dois escondem que fizeram parte deste governo", acusou.

Por fim, Crivella enfatizou a "simplicidade" de sua campanha e evitou criticar os adversários. "Nem tudo no passado são erros, nem tudo no presente são hesitações, nem tudo no futuro são falsas esperanças", filosofou o senador.

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