Por thiago.antunes

Rio - Dois condenados por envolvimento com a máfia dos caça-níqueis atuam como cabos eleitorais do candidato a governador do estado pelo PR, Anthony Garotinho. O chefe da Polícia Civil à época dos governos de Garotinho e Rosinha, Álvaro Lins, tem distribuído mensagens de voz pelo celular falando em “vingança” e pedindo mobilização dos colegas.

Anthony Garotinho%2C então governador%2C com o ex-chefe de polícia Álvaro Lins%2C condenado a 28 anos em processo da máfia de caça-níqueisAlexandre Brum / Agência O Dia

Condenado no mesmo processo, o inspetor Fábio Menezes Leão, o Fabinho, tem atuação semelhante. Os aúdios foram divulgados ontem no site da revista Veja. Garotinho alega não ter relação com nenhum dos dois.

“Eu espero que cada um de vocês nos ajude nessa luta. Eu sou apenas mais dos muitos que sofreram nas mãos dessa corja que tem que ser varrida do Rio de Janeiro”, afirma Lins, na gravação de um minuto e sete segundos.

Fabinho é mais enfático. Em mensagem pelo aplicativo de celular WhatsApp ele conta que veio de Lins o pedido de ajuda a Garotinho. Segundo o inspetor, com o “apoio dos amigos das vans, das comunidades que foram impedidas de ter suas próprias seguranças...provavelmente nosso governador Garotinho ganhará em primeiro turno”. Ele chega a dizer que o candidato “garantiu que vai acabar com essa palhaçada chamada UPP.”

Álvaro Lins e Fabinho foram condenados por quadrilha armada. O primeiro a 28 anos e o segundo a 18 anos de prisão. Garotinho foi condenado a dois anos no processo, mas recorreu ao Supremo Tribunal Federal, que ainda não julgou o recurso.

O ex-governador negou que o apoio político seja formal e disse desconhecer as mensagens. “De forma nenhuma. Imagino, por exemplo, que ninguém pode ser impedido de pedir voto. Não tem a minha autorização, mas o cidadão pode pedir”. O candidato afirmou que não tem contato próximo com Lins. “Há pouco tempo fui a Barra Mansa e o sogro dele mora lá. Ele estava lá. Eu o cumprimento, mas não tenho ligação”, afirmou.

“Não podíamos condenar ninguém sem provas”

Ontem, foi a vez de Anthony Garotinho ser entrevistado pelo RJTV 2ª edição, da TV Globo. E, mais uma vez, o tema foi sua relação com o ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins. Questionado sobre o motivo de manter Lins no cargo apesar das suspeitas, Garotinho se esquivou.

“Quero deixar bem claro que esse caso está esclarecido. Foi uma investigação sobre policiais e me envolveram politicamente nesse assunto. Eu não tinha nada com isso. Está no Supremo Tribunal Federal porque eu recorri da decisão. Quanto às acusações do Álvaro Lins devem ser respondidas por ele”, disse o candidato. Confrontado mais uma vez sobre o assunto, Garotinho disse que foi na gestão de Rosinha, sua mulher, que as investigações começaram.

“Quem investigou essa suposta quadrilha foi nosso governo. Quem praticou os primeiros atos de investigação fomos nós. Só que nós não podíamos condenar ninguém sem provas. Então isso seguiu”, insistiu ele. Na sequência, disse que achava estranho ter sido condenado a fazer aquilo que “sempre fez” e citou programas criados por ele, como o Restaurante Popular e o Cheque-Cidadão. A pena de dois anos no processo foi convertida em serviços comunitários. Ao deixar a entrevista, negou ao DIA que irá acabar com as UPPs e observou que ninguém está autorizado a falar em seu nome.

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