Por bferreira

Rio - A presidenta Dilma Rousseff (PT) está mal no vídeo. O ‘Manchetômetro’, estudo do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Uerj para avaliar a cobertura da mídia sobre as eleições, mostra que a candidata à reeleição aparece mais em matérias negativas do que positivas no ‘Jornal Nacional’, noticiário televisivo mais assistido do país. Do primeiro dia do ano até o dia 20 deste mês, foram ao ar três horas de matérias sobre Dilma. Desse total, 82 minutos (1 hora e 22 minutos) foram de matérias contrárias à presidenta e apenas quatro minutos foram de notícias favoráveis. Outros 96 minutos (1 hora e 36 minutos) foram dedicados a matérias neutras.

Infográfico: Veja a exposição dos candidatos

De acordo com o site, o presidenciável Aécio Neves (PSDB) apareceu menos durante o período, mas sua imagem foi exibida positivamente durante mais tempo. Foram 51 minutos, sendo 7 minutos favoráveis, 6 minutos contrários e 38 minutos neutros. Morto no último dia 13, Eduardo Campos apareceu em 20 minutos favoráveis e 1 hora e 10 minutos de notícias neutras.

O portal é atualizado por uma equipe de 12 pessoas, coordenadas pelo cientista político João Feres Júnior. Para avaliar cada notícia, eles utilizam o conceito de valência, definido como efeito potencial para cada candidato da notícia veiculada. “Conteúdo desfavorável é o que foi publicado sobre o envolvimento do Aécio com o aeroporto em Cláudio (MG) e da Dilma sobre a refinaria comprada em Pasadena (EUA)”, explica João.

Segundo ele, o estudo é uma “interface entre a academia e a cidadania”. “Num ano eleitoral, as pessoas se interessam mais por política porque precisam tomar uma decisão. O ‘Manchetômetro’ mostra que a mídia tem suas inclinações, mas não avalia qual é a recepção do público”, diz.

Viés do JN contra Dilma

A desproporção da presença na mídia ocorre porque Dilma é a atual presidenta, diz o professor. “Mas a cobertura mostra um viés contra o PT e a Dilma. Fizemos um estudo em 2010, e notamos um padrão parecido de desproporção”, disse João.

Ainda neste ano, o 'Manchetômetro' divulgará estudos sobre as eleições de 2010 e 1998, e também promete intensificar a análise sobre o ‘Jornal Nacional. “Vamos ver como foi quando o PSDB disputava a reeleição.”

‘MARINÔMETRO’

As especulações sobre o futuro do PSB após a morte de Eduardo Campos viraram um estudo de caso do projeto. Chamado 'Marinômetro', em referência a Marina Silva, ex-vice de Campos e atual candidata à Presidência, o site avalia a presença da candidata no ‘Jornal Nacional’ em cinco categorias. Em 1 hora 15 minutos de matérias veiculadas desde o dia 13 até o dia 20 deste mês, 13 minutos foram de notícias a favor do nome de Marina em substituição a Campos.

Pouco mais de 6 minutos entraram na categoria “Candidato do PSB”. Nesta, ficaram as matérias que especularam as diferentes alternativas para o lugar de Eduardo Campos que não fossem Marina.

Quatro minutos foram dedicados às notícias que avaliavam prós e contras do nome de Marina ser indicado à Presidência. As maiores fatias do tempo ficaram com as matérias descritivas, que não tomaram posição quanto à candidatura (30 minutos), e 22 minutos para elogios a Eduardo Campos.

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