Rio - Candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva prometeu explicar hoje a procedência do avião que transportava Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no último dia 13. A Polícia Federal investiga se o PSB teria usado dinheiro de caixa 2 (não contabilizado) para comprar o jato utilizado por Campos e Marina durante viagens de campanha.
“O partido está juntando informações e amanhã (hoje) estará dando as explicações necessárias”, disse Marina, em visita à Bienal do Livro, em São Paulo. “Para termos a materialidade dos fatos é preciso que se tenha o tempo necessário para que essas explicações tenham a devida base legal.”
O avião em que Campos estava teria sido cedido à campanha pelos empresários pernambucanos Apolo Santana Vieira, dono da Bandeirantes Companhia de Pneus, e João Carlos Lyra. Junto com outros 14 empresários, Apolo é investigado pela Receita Federal em um processo por evasão de tributos. Segundo autoridades da Justiça Eleitoral, Campos não poderia ter usado a aeronave. O uso irregular do jato poderá, segundo especialistas em Direito Eleitoral, levar Marina a ter a candidatura cassada e se tornar inelegível. O PSB contratou um escritório de advocacia para preparar a defesa da candidata.
A presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff defendeu ontem que a campanha do PSB esclareça, “se puder”, a origem do avião usado na campanha. “Acredito que nós, que somos candidatos, inexoravelmente temos de dar explicação de tudo”, disse ontem Dilma.
Clima quente entre presidenciáveis
O primeiro debate entre os candidatos à Presidência, transmitido hoje pela TV Bandeirantes, às 22h, ocorrerá em meio à mudança de postura nas candidaturas de Aécio (PSDB) e Dilma (PT). Antes concentrados em centrar fogo um no outro, os dois estão atentos ao crescimento de Marina (PSB) nas pesquisas. Ontem, o coordenador financeiro da campanha de Marina, Márcio França (PSB-SP), afirmou que a candidata terá um desempenho “avassalador” na pesquisa do Ibope que será divulgada hoje.
No final de semana, Aécio e Dilma deram uma demonstração de que o bom desempenho da candidata não vai passar batido. No sábado, a presidenta rebateu declarações da adversária. “É coisa de quem nunca teve experiência administrativa e portanto não sabe o que é fundamental”, afirmou, sobre uma declaração de Marina de que o país não precisa de uma “gerente”.
No domingo, foi a vez de Aécio criticar a candidata. Para ele, o fator Marina é mais problemático, pois a ex-senadora pode varrê-lo do segundo turno. Ontem, ele minimizou o crescimento da rival afirmando que o movimento é apenas uma “onda”. “Daqui a 15 ou 20 dias, vamos ter um quadro mais real do que serão as eleições”, disse.
No sábado, durante visita ao Nordeste, o tucano cobrou respostas sobre as suspeitas de irregularidades no avião que era usado por Eduardo Campos. “Todos os homens e mulheres públicos têm que estar preparados para responder sobre tudo, a qualquer tipo de indagação. Esse é um problema que o PSB vai ter que responder”, disse.
