Por bferreira

Rio - A repaginação do look da candidata Marina Silva (PSB) ganhou a pauta dos assuntos mais comentados do primeiro debate, anteontem à noite, entre os candidatos a presidente na TV, ao lado de discussões sobre saúde, educação ou segurança. Os eleitores ficaram surpresos com uma Marina diferente,mais bronzeada, com sobrancelhas feitas, batom mais corado, sem olheiras e até ousando com um óculos de armação vermelha moderna.

Agradando ou não, o ponto é que Marina se transformou. E colou. Pelo menos o visual mais suave e simpático, apresentado desde a campanha eleitoral no horário político da TV, pode estar agradando mais ao público. Não é à toa que a ex-senadora detém hoje 29% das intenções de voto, segundo pesquisa do Ibope.

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Os óculos de armação vermelha tão comentados nas redes sociais, que Marina tirava e colocava toda hora durante o debate, dependendo do grau de seriedade da pergunta ou ataque, são emprestados da coordenadora-geral de sua campanha, Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú. Já as sobrancelhas, que costumavam ser bem mais espessas, foram especialmente modeladas para dar um ar mais leve nos programas feitos para a campanha na TV.

A maquiagem fica por conta de Olívia, sua maquiadora fiel desde 2010. Para o debate de anteontem, Marina usou base, corretivo para olheiras, blush e seu usual batom feito com o suco da beterraba com calda de açúcar. Detalhe: a própria candidata faz o batom artesanal, que fica em um pote, acondicionado na bolsa de mão de Marina. Quando há eventos especiais, com aparições na mídia, Olívia maquia Marina e acompanha ela no local para possíveis retoques. Já em agendas de campanha rotineira, como em caminhadas, ela própria faz seu make up.

O figurino, que mudou de roupas com cores sóbrias para estampas tribais, como a usada ontem à noite na entrevista ao ‘Jornal Nacional’, fica por conta da entidade de moradores de rua de Recife chamada Gato de Rua. Suas duas últimas aquisições de roupas foram feitas na loja do aeroporto da cidade.

Caso do avião fica sem resposta

A candidata à Presidência Marina Silva (PSB) afirmou ontem que não sabia a origem dos recursos que pagaram o avião usado por ela e por Eduardo Campos (PSB) na campanha eleitoral. O Cessna Citation teria sido comprado por laranjas e seu uso não foi declarado na primeira prestação de contas feita à Justiça Eleitoral. Há suspeita de uso de dinheiro de caixa 2 para custear a aeronave. “Eu não tinha nenhuma informação quanto a qualquer irregularidade referente à postura dos proprietários do avião”, disse Marina, durante entrevista ao Jornal Nacional.

No dia 13 de agosto, o avião caiu em Santos, matando o candidato e outras seis pessoas. O assunto dominou a maior parte da entrevista. Marina informou que o avião tinha sido emprestado para a campanha e seu uso seria declarado até a última prestação de contas à Justiça Eleitoral.

“Meu compromisso é com a verdade. Ela não virá somente das mãos do partido nem somente pela imprensa. Terá que ser aferida pela investigação da Polícia Federal”, disse Marina.

A candidata também foi questionada sobre as divergências ideológicas com seu vice, Beto Albuquerque (PSB-RS). O deputado federal votou a favor de pesquisas com célula tronco e do uso de transgênicos no Congresso, posições contrárias às da candidata.

Ela aproveitou os questionamentos para tentar desfazer sua imagem de radical em relação a alguns assuntos, principalmente os relacionados ao meio ambiente e a convicções morais que sofrem influência da religião.

“Essa história que a Marina é intransigente, não é tão verdade assim”, afirmou. “Há uma lenda de que eu sou contra os transgênicos, isso não é verdade. Sabe o que eu defendia? Um modelo de coexistência, com áreas livres de transgênicos e áreas com transgênico”, disse.

Marina se irritou quando foi questionada por Patrícia Poeta sobre a falta de apoio à sua candidatura no Acre, estado onde ela nasceu e construiu sua trajetória política. Nas eleições de 2010, Marina foi a terceira colocada no estado, atrás de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

"Pode ser que você não conheça bem minha trajetória”, rebateu a ex-senadora. Ela atribuiu o desempenho fraco aos “interesses” que teve que confrontar ao longo dos anos no estado. Sobrou também para o PV, partido que abrigou sua candidatura na época.

EMPRESAS FANTASMAS

“Eu era candidata por um partido pequeno, contra duas máquinas poderosas”, afirmou, dizendo que tinha pouco tempo de TV. Marina ainda ressaltou o fato de ter se elegido senadora mesmo não pertencendo às castas tradicionais na política e à elite empresarial. “Até eu ser senadora, era preciso ser filho de ex-governador ou de alguém que tivesse uma rádio, uma TV”, disse.

Antes da entrevista, o Jornal Nacional exibiu uma reportagem sobre a origem dos recursos que pagaram o avião. A equipe do jornal l localizou a sede da Câmara&Vasconcelos, em Nazaré da Mata, a 60 km do Recife. Apesar de ter feito repasses milionários ao grupo que controlava o avião onde morreu Eduardo Campos, a empresa funciona em uma sala vazia e uma casa abandonada. A Agência Nacional de Aviação Civil está investigando a transação.

Na terça-feira, o PSB emitiu nota afirmando que o uso do avião foi “autorizado pelos empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira, que tinha o controle da aeronave”. (Luisa Brasil)

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