Por bferreira

Rio - O acirramento da disputa nas eleições para o governo do Rio não permite lances de adivinhação sobre quem será o próximo governador. Mas já se sabe quem será responsável por elegê-lo. Concentrando 34% do total de votos no estado, a periferia da Região Metropolitana é a chave que leva os políticos ao Palácio Guanabara. É o que mostra um estudo da PUC-RJ que analisa a geografia do voto no estado desde as eleições de 2002.

Clique na imagem acima para ver o infográfico completoArte%3A O Dia

Nas palavras do cientista político Cesar Romero Jacob, o chamado “voto da Baixada” tem sistematicamente rivalizado e superado o “voto da orla”. “Há um eleitorado na Barra, Zona Sul e Tijuca da classe média tradicional, com maior renda e escolaridade. Do outro lado, você tem a periferia metropolitana, que engloba a Baixada e vai de Itaguaí a Tanguá, com escolaridade e renda menores”, explica. Somente a Baixada tem 22% do total de votos no estado. Nos últimos três pleitos, todos os candidatos ao governo preferidos pelos votos da região saíram vencedores. A polarização ocorreu em 2002, com Rosinha Garotinho (PSB) contra Benedita da Silva (PT), e em 2006 e 2010, quando Sérgio Cabral (PMDB) disputou contra Denise Frossard (PPS) e Fernando Gabeira (PV), respectivamente.

Segundo Geraldo Tadeu, diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), as duas classes de eleitores têm critérios diferentes na hora do voto. “O voto da elite é mais programático. Ela analisa as propostas, a competência e a biografia dos candidatos. O público da periferia tem muitos problemas não resolvidos, por isso ele está mais interessado no que o político tem a oferecer e vota de forma pragmática”, analisa. Segundo Jacob, o voto periférico é fortemente influenciado por lideranças locais, como políticos que mantêm centros sociais e pastores evangélicos. “Essa máquina serviu ao Garotinho e Rosinha e trabalhou para o Cabral nas últimas eleições”, afirma Jacob.

Cientes do poder da periferia, os quatro principais candidatos ao governo não poupam visitas e promessas para a região. Nesta semana, todos estiveram em áreas da Baixada ou da periferia da Zona Oeste. Enquanto eles se digladiam por este público, as elites devem optar por um critério de exclusão. “É como se você estivesse votando no segundo turno. Em vez de escolher, você exclui, para evitar o que considera um mal maior”, explica Jacob.

PROPOSTAS PARA A BAIXADA

MARCELO CRIVELLA

Atração de indústrias por meio de parceria com o governo federal, para gerar empregos próximos da moradia.

Criação da Agência Metropolitana, para ações de planejamento urbano em parceria com prefeituras.

Fiscalização e preservação das áreas de proteção ambiental para a melhoria do lazer na região.

Regularização do abastecimento de água na Baixada. Definição de fontes de abastecimento e modernização da rede de distribuição pelos bairros mais necessitados da região.

Planejamento e zoneamento urbano no entorno do Arco Metropolitano, evitando a ocupação desordenada.

LINDBERG FARIAS

Levar o metrô da Pavuna à Baixada Fluminense. Transformar os trens da SuperVia em metrô de superfície.

Aumentar a quantidade de policiais nos Batalhões da PM com novos recrutas que estão sendo admitidos na corporação. Consolidação da UPP da Mangueirinha.

Investir em reservatórios, adutoras, troncos alimentadores e elevatórias, e melhorar os ramais de distribuição, para levar água a todas as casas da Baixada.

Parcerias com prefeituras para ampliar a assistência básica através do Programa de Saúde da Família. Contratar médicos especialistas e alocar parte deles nas UPA’s e policlínicas espalhadas pelas regiões da Baixada.

BRT E METRÔ DE SUPERFÍCIE

LUIZ FERNANDO PEZÃO

Renovação da frota de trens e implantação de corredores exclusivos de ônibus BRT, na Baixada e em outros municípios da Região Metropolitana.

Asfaltar todas as ruas da Baixada, por meio da ampliação do projeto Bairro Novo.

Saneamento das dívidas da Cedae e licitação para a construção de 16 reservatórios para fornecimento de água em toda a região em até dois anos.

Ampliação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) para a Baixada Fluminense, Zona Oeste e Região Metropolitana.

Criação de um órgão de governo para integrar as políticas urbanas dos 21 municípios da Região Metropolitana.

ANTHONY GAROTINHO

Construção de restaurantes populares, com cardápio elaborado pela Escola de Nutrição da Uerj.

Retomada do programa “Café da Manhã nas Estações de Trem”, que oferecia um lanche a R$ 0,35 nas estações de trem.

Construção de um hospital estadual, em São João de Meriti, outro em Belford Roxo, e um hospital-maternidade em Paracambi.

Construção do metrô de superfície passando pelos municípios de São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita, Belford Roxo e Nova Iguaçu, com circulação paralela ao traçado da Via Light.

Construção de 40 mil casas populares.

Você pode gostar