Por bferreira

Rio - Líderes nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PR, Anthony Garotinho, e o governador Luiz Fernando Pezão se transformaram no principal alvo dos adversários no segundo debate na TV entre os principais concorrentes ao Palácio Guanabara. Promovida pela Rede TV! com o apoio do DIA e do iG, a sabatina virou palco para ataques mútuos entre os candidatos. Mesmo assim, houve tempo para promessas de redução de impostos, mais policiamento nas ruas, além do aumento de investimentos em transporte, segurança e saúde.

Os tempos de cada candidato foram rigorosamente cumpridos pela mediadora Amanda KleinAndré Mourão / Agência O Dia

Em quarto lugar na disputa e abandonado pelo PT nacional, Lindberg Farias afirmou que Pezão e Anthony Garotinho são os candidatos da “velha política do Rio de Janeiro”, enquanto ele é o representante da “nova política”.

Os ataques ao governador começaram logo no primeiro bloco do confronto. Lindberg questionou Pezão sobre o porquê de ele esconder o passado ligado a Anthony Garotinho e a influência do que considera a “banda podre” do PMDB no seu governo.

O governador ironizou o ex-aliado lembrando que Lindberg também se beneficiou desta aliança que o elegeu senador por mais de sete anos.“O senhor se elegeu senador sem conhecer o Rio. Sem conhecer sequer sua cidade”, rebateu Pezão.

Em seguida, Garotinho e Marcelo Crivella, candidato do PRB, criticaram duramente a mobilidade urbana no estado, condenando o que eles consideram privilégio do governo às empresas de ônibus em detrimento de investimentos em trens, barcas, metrô e no transporte alternativo.

O clima esquentou novamente quando Crivella instigou Lindberg a criticar Pezão por um programa de rádio onde o governador teria ironizado o sotaque nordestino do senador petista.

Foi a deixa para colocar Pezão no centro do debate.“Estamos sendo vítima de uma campanha suja dessa gente. Eu quero fazer uma campanha limpa”, disse Lindberg.

Debate na Rede TV! durou cerca de 2 horas e%2C apesar dos mútuos ataques entre os candidatos%2C clima foi de cordialidadeAndré Mourão / Agência O Dia

Marcelo Crivella acrescentou dizendo que o Rio de Janeiro tem muito a agradecer ao povo nordestino. “Não há uma obra neste estado sem o suor, o sangue e as lágrimas dos nordestinos que hoje, infelizmente, têm de viver em sua maioria em favelas”, disse Crivella.

O embate seguinte se deu entre Garotinho e Tarcísio Motta, candidato do Psol. Ele acusou o ex-governador de fazer campanha irregular distribuindo o cheque-cidadão no Complexo da Maré e criticou o que chamou de “novo coronelismo”.

Garotinho respondeu lembrando que o cheque-cidadão foi extinto pelo atual governo e aproveitou para prometer retomar o programa social se eleito.“O problema do mentiroso é quando ele acredita na própria mentira”, atacou Tarcísio. “O Tarcísio acha que é santo e esquece que o partido dele tem a deputada Janira Rocha que desviou verba do próprio gabinete. E o prefeito do Psol em Itaocara é o pior do estado. Uma coisa é falar, outra é fazer. Você ainda vai saber o que é isso”, respondeu Anthony Garotinho, debochadamente.

O segundo bloco continuou tendo Pezão como alvo dos demais candidatos. O governador reagiu e enumerou as realizações à frente do governo, entre elas o estabelecimento de 326 mil novas empresas no Rio. O terceiro bloco do programa foi marcado por acusações entre Pezão e Lindberg sobre as gestões na área da saúde no estado e na Prefeitura de Nova Iguaçu, governado por Lindberg.

Apesar de ataques, clima nos bastidores era amistoso

Apesar da agressividade em comentários e perguntas, o clima entre os candidatos, nos bastidores, era de descontração. Na pergunta sobre Dilma a Lindberg, que nunca foi o candidato preferido da presidenta, todos os candidatos riram enquanto o petista respondia.

Garotinho monitorava a reação da plateia. Após falar suas gracinhas, olhava para a claque e ria. Ele parecia se divertir enquanto Tarcísio provocava o governador sobre educação e meritocracia, pergunta de Fernando Molica, do DIA.

Embora não assumam publicamente, interlocutores da campanha de Lindberg Farias (PT) se mostraram ontem, no debate, descrentes com a candidatura do senador. O clima piorou com a pesquisa divulgada ontem pelo Ibope, em que ele teve queda de 12% para 11% das intenções de voto.

A dificuldade, segundo interlocutores, está na rejeição ao PT, reforçada ainda com a ascensão de Marina Silva (PSB). O não engajamento do ex-presidente Lula é um dos motivos apontados. “É estranho esta distância, pois os dois são tão próximos”, admite um petista.

Para piorar, Marina Silva, que tem ameaçado a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, não mais caminhará com Lindberg. A ascensão dela nas pesquisas dificulta a aproximação pública entre os dois.

Cabos eleitorais do governador Pezão ficaram distantes da entrada do Oi Casa Grande. Disseram não querer confusão com a claque de Garotinho, que aguardava silenciosa a chegada do candidata. Os militantes pró-Lindberg levaram aparelhos de som portáteis. Eles hostilizaram o governador com palavras de ordem e vaia.

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