Rio - O que muitos candidatos não conseguiram arrecadar em dois meses de campanha, o ex-candidato a deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) garantiu em duas doações. Ao todo, o ex-secretário de Governo da Prefeitura do Rio arrecadou R$ 327,7 mil, com dois repasses em julho: um no valor de R$ 300 mil, da Carvalho Hosken Engenharia, e outro de R$ 20 mil da Marcon Empreendimentos Imobiliários SA. Além disso, a Carvalho Hosken doou em material de campanha outros R$ 182,4 mil a Rodrigo Bethlem.
Tudo teria colaborado com a disputa pela reeleição se, em agosto, a ex-mulher do político Vanessa Felippe não tivesse denunciado um esquema de corrupção liderado por ele quando esteve à frente de secretarias municipais. Ela gravou conversas em que o deputado diz que conseguia montar um salário de R$ 85 mil a R$ 100 mil com desvio de dinheiro de convênios feitos pelo município, inclusive do Programa Bolsa Família.
O escândalo fez com que Bethlem desistisse da candidatura antes do horário eleitoral. Mesmo assim, ele deixou um prejuízo que as altas quantias arrecadadas não foram suficientes para cobrir. Quando a crise eclodiu, ele já tinha um débito de R$ 615 mil — o dobro do valor reunido pela campanha.
O problema nas finanças parece agora atingir o filho do ex-secretário, Jorge Felippe Neto, candidato a deputado estadual pelo PSD. Até agora, o herdeiro político levantou R$ 239,5 mil, mas já soma despesas no total de R$ 525,4 mil. Ele obteve a ajuda de candidatos do PMDB a deputado federal conhecidos de seu pai, como o ex-chefe da Casa Civil Pedro Paulo, e do filho do ex-governador Sérgio Cabral, Marco Antonio Cabral, no valor de quase R$ 5 mil de cada um.
Atuação foi positiva, diz construtora
Procurada, a Carvalho Hosken alegou que as doações ocorreram porque a empresa “julgou Rodrigo merecedor de contribuição” e “avaliava positivo seu desempenho em cargos públicos”. A construtora tem empreendimentos na Barra da Tijuca.
A Marcon Empreendimentos Imobiliários SA não foi encontrada. Bethlem e Jorge Felippe não retornaram os contatos. O ex-secretário é investigado pela Polícia Federal e responde a processo na Câmara de Deputados. Na segunda-feira sua conta na Suíça foi bloqueada.