Por bferreira

São Paulo - O terceiro debate na TV entre os candidatos à Presidência foi o mais morno. Promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o encontro foi marcado pela repetição de bandeiras defendidas à exaustão pelos candidatos e por poucos momentos de confrontos diretos entre os concorrentes.

Oito presidenciáveis participaram de debate promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)%2C em AparecidaEfe

Protagonistas dos maiores embates nos últimos debates, Dilma Rousseff (PT) e Marina (PSB) não tiveram oportunidade de dialogar diretamente, mas trocaram farpas indiretamente. Marina acusou o governo de negligência com a reforma agrária. “Hoje a reforma agrária está abandonada à sua própria sorte se comparada a governos anteriores”.

Dilma voltou a criticar a proposta de autonomia ao Banco Central, defendida por Marina. “Trata-se de um equívoco. Os presidentes do BC devem poder ser demitidos pelo presidente da República”, defendeu.

Aécio Neves (PSDB) evocou o escândalo de corrupção da Petrobras, tentando mostrar ao eleitor os prejuízos do desvio de verbas públicas no governo do PT. “O que foi desviado permitiria abrir 450 mil vagas em creches. Seriam 50 mil habitações novas”, afirmou. Após trazer o tema à tona, foi atacado por Luciana Genro (Psol). “O senhor falando do PT é como o sujo falando do mal lavado”, disse ela. “Inclusive, o senhor foi protagonista do escândalo do aeroporto”.

Pelas regras do debate, os candidatos não tiveram autonomia para escolher seus adversários e as perguntas dirigidas por religiosos e jornalistas aos participantes não permitiu o confronto direto entre eles. No sorteio, encararam temas sobre os quais estão acostumados a discorrer. Dilma foi questionada sobre desigualdade social e saúde, o que lhe deu oportunidade para falar sobre o Mais Médicos e o bolsa-família. Eduardo Jorge (PV) respondeu sobre aborto, cuja descriminalização ele defende abertamente. O candidato também criticou a lentidão dos processos nos governos do PSDB e do PT na questão de demarcação das terras indígenas. “Existem 30 terras totalmente prontas para serem demarcadas, e 17 estão na mesa da Dilma”, atacou.

Aécio respondeu sobre educação e aproveitou para exaltar os resultados de Minas Gerais no setor. Quando questionado sobre a criminalização da homofobia, ficou em cima do muro. O candidato defendeu a discussão de outro projeto de lei, diverso daquele que está tramitando no Congresso há oito anos. “Qualquer tipo de discriminação deve ser tratada como crime, mas temos que definir um outro texto”, afirmou.

Financiamento público não é consenso

Reforma política foi o tema que abriu o debate e os candidatos precisaram dizer se concordavam com o fim do financiamento privado de campanha, maior participação popular e paridade de gênero em lista pré-ordenada dos candidatos, propostas defendidas pela CNBB.

Dos candidatos líderes nas pesquisas, apenas Aécio Neves, que indicou a reforma política como “prioridade”, não se manifestou diretamente pelo fim da presença das empresas como doadoras das campanhas. Marina e Dilma defenderam o financiamento público.

A presidenciável do PSB lembrou a insatisfação generalizada externada com as manifestações de 2013, e Dilma disse que “ quando os partidos não existem, os poderosos é quem mandam”.

Eymael (PSDC) usou os primeiros dois minutos na TV para falar de sua trajetória e não conseguiu falar sobre a pergunta. Já Pastor Everaldo (PSC) foi o único a defender o financiamento das campanhas pelas empresas.

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