Por thiago.antunes

Rio - A exatas duas semanas das eleições e com as pesquisas de intenção de voto para o governo do Rio indicando uma polarização entre os candidatos Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Anthony Garotinho (PR), as articulações nos bastidores, de olho nas alianças para o segundo turno, já estão a todo vapor.

Abertamente, os discursos oficiais são moderados. Nas campanhas de Marcelo Crivella (PRB) e Lindberg Farias (PT) ainda restam esperanças de ultrapassar Garotinho para duelarem no segundo turno contra Pezão. Mas o plano B já está sendo estudado e, pelo cenário atual, o segundo turno seria uma espécie de todos contra Garotinho.

Em relação a Marcelo Crivella, que esteve junto a Pezão na campanha pela reeleição do prefeito Eduardo Paes, em 2012, a aliança com o governador é vista como natural por representantes dos dois partidos. A justificativa que se dará ao eleitor será o da “governabilidade”. Este discurso já vem sendo adotado nos últimos anos tanto pelo PMDB de Pezão como por Crivella como fundamental para que o governo federal destinasse tantos recursos para o estado nos últimos anos. Crivella, inclusive, foi o negociador desta parceria, em 2006.

Líderes nas pesquisas de intenção de voto%2C Anthony Garotinho (PR) e Luiz Fernando Pezão (PMDB) já iniciaram as articulações nos bastidores para aliançasDivulgação

“O PRB do Crivella é muito próximo da gente, vota sempre com o governo na Assembleia Legislativa. É uma tendência natural o apoio dele e do partido”, diz o deputado estadual Gustavo Tutuca (PMDB), afilhado político de Pezão.

A questão com o PT é bem mais delicada. O apoio oficial do partido no segundo turno é bastante complicado, sobretudo do candidato Lindberg Farias, que fez questão de romper com o PMDB. Os peemedebistas, por sua vez, não querem ouvir falar no nome de Lindberg, considerado por todos um traidor.

A rejeição, no entanto, é apenas em relação ao candidato, não ao PT, que tem uma corrente expressiva ligada a Pezão, liderada pelo prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, e vice-prefeito do Rio, Adilson Pires. Ambos, inclusive, sairão fortalecidos internamente caso Lindberg Farias não vá para o segundo turno.

Além deles, o próprio presidente do partido, Washington Quaquá, prefeito de Maricá, já declarou publicamente ter boa relação com Pezão, apesar de ter sido o grande responsável pelo rompimento com o PMDB no estado e pelo lançamento da candidatura de Lindberg.

Por fim, o mais importante: Dilma e Lula sempre defenderam o apoio a Pezão, mas aceitaram Lindberg para não deslegitimar a decisão tomada pelo diretório estadual do PT. “Estou no governo com a Dilma e com o Lula e quero o apoio do PT no segundo turno, é claro. Vamos conversar no domingo à noite, logo após a eleição”, disse Luiz Fernando Pezão.

Aliança entre Garotinho e Marina pode ser boa para os dois

O provável isolamento da candidatura de Anthony Garotinho no segundo turno pode uni-lo a Marina Silva, que também pode ficar sem palanque no Rio no segundo turno da eleição presidencial, caso a disputa no estado fique mesmo entre PMDB e PR. Tais composições, no entanto, não são tão simples. Atualmente, Garotinho é aliado de Dilma Rousseff, e a aliança depende, neste momento, mais da presidenta do que do candidato.

Se o PT oficializar apoio a Pezão, e se a Dilma ficar, como tem acontecido neste primeiro turno, mais próxima do governador do que de seus outros três aliados, entre eles Lindberg Farias, crescem as chances da união entre Marina Silva e Anthony Garotinho.

O ex-governador tem apoio de algumas correntes do PSB tanto em nível estadual como nacional. Além disso, Romário, favorito na corrida para o Senado, é declaradamente contra Pezão e Dilma e tem boas relações com Garotinho, de quem é companheiro na Câmara dos Deputados.

Uma aproximação com Romário também é bem vista pelo ex-jogador, que tem planos de disputar a prefeitura do Rio em 2016, e teria em Garotinho um apoio de peso, sobretudo se ele for eleito governador. O que pode afastar Garotinho de Marina é o fato de a dissidência do PMDB fluminense, liderada pelo presidente regional do partido, Jorge Picciani, e também pelo ex-governador Sérgio Cabral, já estar articulando um apoio a Marina Silva no segundo turno das eleições presidenciais.

Em junho, Picciani e Cabral mobilizaram 1.600 lideranças do estado para apoiar Aécio Neves, declarando abertamente guerra a Dilma Rousseff. O ato, que ficou conhecido como Aezão, no entanto, tornou-se um fracasso retumbante devido ao mau desempenho do candidato tucano no Rio de Janeiro. As chances de o Aezão virar Marinão, no entanto, são pequenas. Pelo menos abertamente, já que há resistência no PSB, tanto por parte de Marina quanto de Romário.

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