Por felipe.martins

Rio - A bolsa de valores despencou 4,5% ontem, após a série de pesquisas mostrar a ascensão da presidenta Dilma Rousseff (PT) na preferência do eleitorado. Foi a maior queda do Ibovespa em três anos. As ações da Petrobras tiveram a maior desvalorização do pregão. Os papéis preferenciais da estatal caíram 11,46% e ações ordinárias caíram 10,75%.

O cenário eleitoral também influenciou a alta do dólar, que subiu 11,64%, chegando a R$ 2,45 para venda. A moeda atingiu seu valor mais alto desde dezembro de 2008, quando fechou em R$ 2,47. Na sexta-feira, Dilma abriu treze pontos de vantagem sobre Marina Silva (PSB) na pesquisa do Datafolha, chegando a 40% das intenções de voto. A ex-senadora apareceu com 27%. Na mesma pesquisa, a presidenta apareceu na frente da ex-senadora na simulação de segundo turno pela primeira vez. Ontem, levantamento do instituto MDA encomendado pela Confederação Nacional dos Transportes confirmou o resultado. A petista aparece com 40,4% das intenções de voto e Marina tem 25,2%.

A presidenta Dilma Rousseff fez campanha em São Paulo ao lado de Lula e do candidato ao governo do estado Alexandre Padilha (PT)Reuters

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o mercado está colocando os pés no chão após período de euforia com a candidatura de Marina. “Os investidores estavam trabalhando com uma hipótese bastante frágil de que a presidenta não iria ganhar a eleição e que a Marina iria fazer o que o mercado queria”, afirma.

Segundo Perfeito, a postura do mercado foi, por um lado, uma espécie de torcida por um candidato e, por outro, reflexo da falta de diálogo do atual governo com os investidores. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, afirma que falta conversa entre os dois polos. “O mercado começou a agir na forma que ele tem de se manifestar. São vozes de investidores que não têm um canal para falar diretamente com o governo. Como eles estão pulverizados, a manifestação é por meio da desvalorização de ativos”, avalia Alex Agostini.

Para o analista, a semana deverá ser marcada por turbulência, com a previsão de divulgação de uma nova rodada de pesquisas. “O mercado vai ficar muito de mau humor. A semana será de muita volatilidade e a hora é de não fazer nada, apenas aguardar para ver como vai ficar o segundo turno”.

Aécio fatia programa

Prometido para ser apresentado ontem, o programa de governo de Aécio Neves (PSDB) foi fatiado em diversos pedaços. O candidato desistiu de lançar um documento tradicional e começou a divulgar o programa em partes, pelo Facebook.

A cada dia, um coordenador irá falar sobre uma área, explicitando as propostas do tucano. Ontem, o tema foi sustentabilidade, apresentado pelo ambientalista Fábio Feldman. “Eu não vou apresentar um calhamaço que você não vai ler e ninguém vai ler”, justificou o candidato.

Tanto Aécio quanto Dilma Rousseff (PT) desistiram de lançar programas de governo formais depois dos problemas com o plano divulgado por Marina Silva (PSB). O documento publicado por sua coligação compilava as propostas para diversas áreas.

A candidata se viu envolvida com diversas polêmicas depois que seu plano foi escrutinado publicamente e retrocedeu em diversas propostas, como o apoio à energia nuclear e a várias demandas dos grupos LGBT.

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