Por thiago.antunes

Rio - As presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) subiram o tom dos ataques mútuos e ontem uma chamou a outra de mentirosa. A petista foi além, afirmando ter “desvio de caráter” quem mente. Ambas comentavam a CPMF, também conhecida como o ‘imposto do cheque’, cujo destino era à saúde.

“Não me venha chamar de mentirosa. Mentira é quem diz que não sabe que tinha roubo na Petrobras, quem diz que não sabe o que está acontecendo na corrupção deste país, quem diz que faria seis mil creches e só fez 400”, afirmou a ex-senadora, durante evento de seu partido em São Paulo. “O que estou dizendo aqui não é nenhuma mentira contra a presidente”, completou, deixando claro o alvo do ataque.

Ao lado de Pezão e do prefeito Eduardo Paes%2C Dilma visitou nesta terça o Parque Olímpico%2C na Barra da TijucaJoão Laet / Agência O Dia

A pouco mais de 400 quilômetros dali, após encontro com atletas na Barra da Tijuca, Dilma respondia que um “presidente pode se equivocar” e “pode errar”, “mas tem uma coisa que o presidente não pode fazer: mentir.” E acrescentou: “É muito importante que as pessoas assumam o que fazem. Errar é humano. Mentir é desvio de caráter.”

O entrevero entre elas começou depois de a ex-senadora afirmar em entrevistas — e reforçou no debate da TV Record — que como prova de que não fazia “oposição por oposição” havia contrariado o próprio partido, à época o PT, e votado a favor da CPMF, proposta defendida pelo governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

Marina Silva se reuniu com aliados%2C em São PauloReuters

“Quando foi a votação, ainda que o meu partido fosse contra, em nome da saúde, em nome de respeitar o interesse dos brasileiros, eu votei favorável”, disse Marina no debate da TV Bandeirantes, em agosto. A afirmação, entretanto, não é verdadeira, conforme consta nos registro do Senado. Por quatro vezes, a então senadora votou contra a contribuição: duas na emenda à Constituição enviada em 1995 por Fernando Henrique, para criá-la; e duas em 1999, na votação de sua prorrogação.

A presidenta também acusou especuladores do mercado financeiro de utilizarem sua eleição para ganhar dinheiro, afirmando que, na eleição do ex-presidente Lula, em 2002, “eles fizeram a mesma coisa”. Foi uma resposta à queda da Bolsa de Valores — a maior em três anos — após Dilma aparecer como favorita nas últimas de intenção de voto.

Mais cedo, aos atletas que a apoiam, Dilma Rousseff prometeu criar a universidade de esportes de alto rendimento nas instalações do Parque Olímpico, em construção na Barra e que abrigarão grande parte das competições das Olimpíadas de 2016. Não detalhou, porém, o projeto. Afirmou apenas que o objetivo é “desenvolver a ciência esportiva no Brasil”.

Aécio Neves também escolheu o Rio para fazer campanhaFabio Gonçalves / Agência O Dia

Aezão volta a ganhar fôlego após subida de tucano nas pesquisas

A redução da distância entre o tucano Aécio Neves e Marina Silva (PSB) nas pesquisas de intenção de voto reavivou o ‘Aezão’. O movimento - que pede votos para o tucano e para o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) - ganhou fôlego e trouxe de volta antigos correligionários, que haviam abandonado Aécio.

“Não vejo um respiro do Aécio, mas uma falta de ar da Marina. Quem está sem ar é a Marina. Aécio vai passar Marina por mais de dez milhões de votos. Nunca tive dúvida disso”, afirmou nesta terça Jorge Picciani, presidente do PMDB fluminense.

“Não me preocupei com a mudança de ares nem quando houve o acidente (com Eduardo Campos), que fez com que a Marina aumentasse a popularidade. O crescimento do Aécio anima todas as candidaturas que permaneceram com ele mesmo na adversidade”, completou. Picciani negou que integrantes do Aezão tivessem abandonado o movimento por conta da queda do tucano nas pesquisas. “Li muito sobre isso nos jornais, mas não vi ninguém saindo. Acredito, isso sim, em pessoas que fizeram campanha (para Aécio) com menos intensidade”, disse.

Em visita nesta terça ao Mercadão de Madureira, Aécio aproveitou para atacar suas adversárias Dilma Rousseff e Marina Silva e prometer, se eleito, a simplificação do sistema tributário. Foi a segunda vez de Aécio na Zona Norte do Rio em menos de duas semanas. No último dia 21, o mineiro fez ato de campanha na Feira de São Cristóvão.

Para ele, Marina “é a menos preparada de todos os presidenciáveis”. “Você vê que ela não estava pronta para se tornar candidata. Com o acidente (aéreo que vitimou Eduardo Campos), ela acabou entrando na disputa sem ter feito qualquer planejamento para isso. Não é à toa que a todo momento altera o seu programa de governo”, afirmou.

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