Por bferreira

Rio - Ex- aliados, o governador e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão e o senador petista Lindberg Farias protagonizaram ontem uma saia justa. De olho nos votos da Baixada Fluminense, os hoje adversários tiveram agendas em Queimados, praticamente na mesma hora.

Quarto na disputa pelo Palácio Guanabara, Lindberg distribuía seu material com sua comitiva no Calçadão de Queimados quando Pezão chegou com o seu grupo de carro para fazer campanha no local. Diante da situação, o governador decidiu esperar em um restaurante o fim da panfletagem feita por seu adversário.

De olho nos votos da Baixada%2C Pezão e Lindberg escolheram o mesmo lugar de Queimados para fazer campanha Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Paciente, Luiz Fernando Pezão esperou uma hora, até que saiu do local com a garantia de seus seguranças de que Lindberg já havia passado pelo calçadão.

Na reta final da campanha, os candidatos ao governo do estado têm investido em caminhadas e carreatas pelos maiores colégios eleitorais e em seus redutos eleitorais. É o caso do candidato do PR, Anthony Garotinho, que fez ontem caminhada no bairro de Alcântara, em São Gonçalo, cujo prefeito Neílton Mulim é aliado do ex-governador.

Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto e provável adversário de Pezão no segundo turno, Garotinho ironizou a dobradinha feita entre Lindberg e o senador Marcello Crivella (PRB) para deixá-lo isolado no debate da TV Globo, anteontem à noite. “É um direito que eles têm. O importante não é falar muito. É falar certo”, afirmou Garotinho.

A união Crivella/Lindberg faz parte de uma estratégia da campanha do senador do PRB de tentar ultrapassar Garotinho na corrida pelo governo, a apenas três dias das eleições. Com essa expectativa, Crivella decidiu intensificar sua campanha em locais onde Garotinho apresenta altos índices de rejeição. Não é à toa que o senador tem centrado suas forças na Zona Sul do Rio, local onde o ex-governador é amplamente rejeitado.

Crivella esteve em Volta Redonda, onde falou sobre a necessidade de criar condições para gerar empregos na região. “Quero formar mão de obra aqui e fazer isenção fiscal. Quero usar o poder de compra do estado para garantir que pequenas médias empresas e a economia solidária possam crescer ao redor das indústrias e gerar muito emprego, mas emprego industrial”.

Para não abrir espaço a rivais, Garotinho também passou a apostar na maior afinidade com a campanha da presidenta Dilma. Além da propaganda eleitoral espalhada pela cidade mostrando os dois juntos, foi possível observar ontem, em Campo Grande, a poucos metros de onde Garotinho era esperado, uma banca com diversos materiais de campanha da petista. Garotinho cancelou ontem sua agenda na Zona Oeste devido ao tiroteio registrado na Maré.

Crivella e Lindberg admitem aliança contra Garotinho

Os candidatos Marcelo Crivella e Lindberg Farias admitiram ter feito uma aliança para tirar Anthony Garotinho do segundo turno, quando, então, caminhariam juntos na disputa contra Luiz Fernando Pezão.

As declarações foram dadas pelos dois candidatos após o debate realizado na Rede Globo, que terminou na madrugada de ontem. Durante o programa, eles traçaram uma estratégia de não agressão e de perguntas entre si com o objetivo de ofuscar Garotinho, o que acabou dando certo.

Tido até mesmo entre os candidatos como destaque dos debates, Garotinho acabou aparecendo pouco no encontro da Rede Globo. “É preciso ser claro. Vamos falar a verdade. Traçamos essa estratégia, até porque o Pezão só perguntava para o Tarcísio, e o Tarcísio para o Pezão. E, se o Pezão perguntasse para mim, eu responderia na hora. E assim deixamos pouco espaço para o Garotinho”, disse Lindberg Farias.

Na opinião do candidato petista, a subida de Pezão nas pesquisas se deveu muito mais a uma rejeição a Garotinho do que propriamente às qualidades do atual governador. Para ele, neste momento é necessário mostrar uma alternativa às duas candidaturas.

“Evidentemente que ainda acredito na minha ida para o segundo turno, mas também admito ter uma afinidade com o senador Crivella”, diz Lindberg. Crivella, por sua vez, disse que vai buscar o apoio de todos ainda no primeiro turno. “Quero, claro, o apoio do Lindberg, do PT, do Psol, para a gente chegar lá juntos”, explicou.

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